
A redenção de Israel do Egito é a raíz de todas as redenções, e é a base da existência de Israel até o presente, e é através desta que conquistaram o mérito de receber a Torá e entrar na terra de Israel.
Sendo assim fomos instruídos a lembrá-la duas vezes por dia, de modo que nossos sábios acrescentaram esta lembrança às preces de Shacharit e Arvit. Deste modo, lembramos também no Birkat Hamazon (agradecimento após as refeições) e em outras orações.
Se analisarmos o que nossos sábios escreveram nos textos das orações, vemos que há razões que parecem se repetir com expressões diferentes mas com o mesmo significado.
Na oração da manhã, ao dizermos: “nos resgatou do Egito”, “e nos libertou da escravidão”, parece que repetimos exatamente o mesmo.
Devemos entender a necessidade de explicar a diferença entre estes textos, e, além disso, em agradecer à liberdade da escravidão no lugar da redenção do Egito.
Também no Birkat Hamazon, dizemos algo como: [que Nosso D’s] “nos tirou” [da terra do Egito] e “nos resgatou da escravidão”. Existe a necessidade de esclarecer por que a redenção de Israel da escravidão não é incluída no fato de que nos libertou do Egito e por que devemos agradecer por isso separadamente.
O mesmo se aplica à Hagadá de Pessach: “Por isso devemos agradecer… à aquele que fez aos nossos pais e nós, todos esses milagres, nos tirou da escravidão para a liberdade… e da submissão à redenção”. Por que, claramente, duplica a mensagem se não é a mesma coisa?
Para explicar essas frases, é necessário primeiramente aclarar uma frase do final da Hagadá de Pessach, “e Le agradeceremos com um novo cântico para a redenção e a salvação de nossas almas.” Também aqui parece ser uma mensagem duplicada, tanto a “redenção” quanto “salvação de nossas almas”, sugerindo talvez que, o corpo foi escravizado ao materialismo, mas também as almas foram espiritualmente escravizada para o Egito e seus deuses. “Redenção é a redenção material e salvação de nossas almas é a libertação espiritual.”
Para aprofundar ainda mais, devemos explicar a essência da escravidão de Israel nas mãos dos egípcios, e a essência da redenção e da libertação, do seguinte modo:
Quando uma pessoa é escravizada por outro, esta perde sua independência e pertence integralmente ao seu proprietário.
E essa escravidão não era apenas física, mas também espiritual, porque, além de toda a crueldade da escravidão, também a essência do povo parecia desaparecer dentro da nação egípcia, até se afundarem na impureza e em todas as abominações do Egito. Assim, também foram escravizados em espírito e alma pelo governo egípcio e “seus deuses”.
Esta escravidão foi criada com uma intenção premeditada, desde o início, pelos egípcios, de subjugar o povo de Israel na íntegra, sem permitir-lhes tempo para lidar com o espiritual e reunirem forças para se revelar.
O mesmo acontece com a liberação da escravidão, que não se trata somente de uma libertação do trabalho forçado e das dificuldades físicas, mas também a renovação de uma existência independente. Assim, o resgate ocorreu em duas etapas: primeiro, saindo da terra do Egito e das torturas que sofriam, e a segunda etapa, sendo redimidos espiritualmente purificando a alma, tornando-os livres, novamente, em sua essência. E esta última etapa da salvação, aconteceu quando o mar se abriu para todo o povo.
Para lembrar e agradecer ambos os aspectos da redenção, os sábios estabeleceram estas duas linguagens que aparecem na Hagadá, “para nossa redenção e salvação de nossas almas” – seja o resgate físico quanto o espiritual.