Há pouco tempo foi revelado que um refugiado judeu alemão que serviu no exército britânico durante a Segunda Guerra Mundial foi um dos principais investigadores responsáveis pela captura de um dos piores criminosos de guerra nazistas.
Durante o tempo em que viveu na Inglaterra, Hanns Alexander jamais falou do seu envolvimento na caçada ao comandante de Auschwitz, Rudolf Höss, e a verdade só foi revelada após a sua morte.
Em 1946 ele desempenhou um papel crucial para levar à justiça o homem responsável pela morte de milhões de judeus: homens, mulheres e crianças.
Rudolf Höss não apenas dirigiu o pior dos campos de concentração nazistas, ele foi também responsável pela introdução do uso do Ziklon B para realizar a matança dos prisioneiros.
A história foi revelada em 2006 no funeral de Alexander, por um sobrinho-neto que falou do passado do tio como caçador de nazistas, e a partir daí, Thomas Harding, cuja mãe era irmã de Alexander, passou a investigar o passado do tio.
Hanns Alexander deixou Berlim em 1936 depois que seu pai, que já estava na Inglaterra, ouviu os rumores do que estava acontecendo na Alemanha e passou a temer pelo futuro. Quando a Inglaterra declarou a guerra contra a Alemanha em 1939, Hanns e seu irmão gêmeo Paul, aos 22 anos de idade, se apresentaram como voluntários para servir no exército inglês e foram designados para o Corpo Pioneiro Militar Auxiliar, uma unidade de refugiados que queriam lutar contra os nazistas.
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Hoess (segundo da direita) que viaja Auschwitz com Heinrich Himmler |
Em 1945, depois de participar do dia D, o desembarque aliado na Normandia, e de testemunhar a liberação do campo de concentração de Bergen Belsen, Alexander foi escolhido para participar de um seleto grupo de doze homens encarregados de seguir os rastros de criminosos de guerra nazistas.
O grupo prendeu guardas e administradores de Bergen Belsen e, como intérprete, Alexander tornou-se a figura central dos interrogatórios vindo a descobrir o papel de Rudolf Höss no Holocausto.
Alexander começou então a caçada ao criminoso nazista, sabendo que o ex-comandante teria a chave das informações sobre as atrocidades que os nazistas cometeram contra o seu povo.
Após a liberação de Auschwitz, Höss e sua família fugiram em direção à fronteira dinamarquesa. A Inteligência britânica seguiu o rastro deles até a área de Fleusburg, onde a esposa de Höss, Hedwig, e seus filhos viviam numa antiga usina de açúcar.
A Inteligência conseguiu interceptar uma carta de Hedwig, que foi a prova de que ela sabia onde ficava o esconderijo do marido, e ela foi levada para interrogatório.
Alexander chegou em 7 de março de 1946 e começou a interrogar a senhora Höss. Ela não cedeu. Mas Alexander também não. Junto com membros do seu grupo ele deteve Klaus, o filho mais velho de Höss, e disse a Hedwig que ele seria deportado para a Sibéria.
Dez minutos depois Hedwig revelou o local e a nova identidade do marido, que estava vivendo numa fazenda sob o nome de Franz Lang.
Rudolf Höss foi preso em 11 de março de 1946. Alexander e seus homens o retiraram do seu esconderijo e o espancaram até que ele revelou a sua verdadeira identidade.
Em abril Höss foi levado a julgamento em Nuremberg e em 25 de maio de 1946 foi entregue às autoridades polonesas que o acusaram do assassinato de três milhões de pessoas.
Höss foi condenado à morte em 2 de abril de 1947 e enforcado em um local adjacente ao crematório do campo de concentração de Auschwitz em 16 de abril.
O capitão Hanns Alexander jamais voltou à Alemanha e morreu em Londres em 2006 aos 89 anos.
Fonte: Dailymail.co.uk, citado no WJC – World Jewish Congress em 20 de agosto de 2013.
Tradução: Adelina Naiditch