A família tampouco era francesa, como ele acreditava até aquele momento.
Judeu de origem alemã, o bisavô de Rafael era na verdade o banqueiro e renomado intelectual Hugo Simon, que chegara a ser ministro das Finanças do Estado da Prússia em 1918. Fora amigo de figuras como Albert Einstein e Thomas Mann, mas fugira dos nazistas com a família para o Brasil. Para isso, recorrera a identidades falsas.
Depois de anos de pesquisa minuciosa em arquivos na Europa, ele reconstruiu a história da família no romance que foi uma das 12 obras no programa “Books at Berlinale” deste ano, do “Festival de Cinema de Berlim”, que escolhe livros para apresentar a produtores de cinema. “Até os 16 anos, acreditava que os nomes deles eram os nomes reais.
Conversava em francês com meu pai. Era tudo uma grande encenação. Quando soube a verdade, minha mãe disse que eu não podia contar para ninguém. Guardei essa interdição até ter uns 30 anos”, diz o autor.