O chefe do exército de Israel, Gadi Eisenkot, disse nesta terça-feira que o o líder militar do grupo xiita libanês Hezbollah e chefe de suas operações na Síria até 2016, Mustafa Badredin, foi morto por seus próprios comandantes em uma ação que reflete as disputas internas dentro da milícia.
Segundo o militar israelense, que falou em uma conferência de segurança e estratégia na cidade de Netânia, Israel tem "informação de inteligência" que indica "uma profunda crise interna dentro do Hezbollah" e ao "alcance da crueldade, complexidade e tensão entre o Hezbollah e seu patrão Irã", segundo foi veiculado pelo jornal "Ha'aretz".
Eisenkot garantiu que, com base nessas informações, o líder xiita foi assassinado por seus próprios comandantes.
Badredin morreu em 13 de maio de 2016 em uma forte explosão contra uma das sedes do Hezbollah próximas do aeroporto internacional de Damasco, na Síria, que o grupo armado atribuiu a um ataque aéreo israelense.
Badredin, que pertencia à milícia desde 1982, tinha substituído Imad Mugniyeh - também assassinado em 2008 em um ataque atribuído ao serviço secreto israelense - no comando da organização e era considerado um dos autores intelectuais e executores do assassinato do ex-primeiro-ministro libanês, Rafik Hariri, em 14 de fevereiro de 2005 com um carro-bomba em Beirute, a capital do Líbano.
Eisenkot avaliou hoje que, apesar da experiência de combate que os homens do Hezbollah estão adquirindo na Síria, o movimento xiita está em "crise".
"É uma crise interna, por isso estão lutando, é uma crise econômica e uma crise de liderança", concluiu o militar do alto escalão israelense.
Suas declarações coincidem com o aumento da tensão entre Israel e Síria por causa de um bombardeio na última sexta-feira de um comboio que supostamente transportava armas avançadas para os arsenais do Hezbollah no Líbano, segundo Israel.
Baterias antiaéreas sírias dispararam um míssil SA-5 contra um dos aviões israelenses que participou do ataque e, ao perder seu rastro, iniciou erraticamente um voo balístico com direção a uma cidade de Israel.
O míssil foi derrubado por um foguete Arrow 2, segundo confirmou ontem o comandante do dispositivo de defesa antiaérea de Israel, Tzvika Jaimovich.
Por causa do ataque, o embaixador israelense em Moscou, Gary Kore, foi advertido pelo Kremlin de que Israel deve acabar com as intervenções militares e o presidente sírio, Bashar al Assad, garantiu na segunda-feira que suas forças responderiam às incursões aéreas israelenses, após pedir a Moscou que impusesse o seu fim.
O Hezbollah comunicou no domingo que as forças governamentais sírias tinham derrubado um drone israelense nas Colinas de Golã, ocupados em sua parte ocidental por Israel desde 1967. O exército israelense não confirmou esta informação, mas reconheceu ter perdido a aeronave não tripulada nessa região.