
No decorrer de uma discussão de Torá, Rabi Levin apanhou uma flor. Vendo isso, Rav Kook disse:
“Toda a minha vida tenho sido cuidadoso para não arrancar uma folha de grama ou uma flor sem necessidade, quando ela tinha a capacidade de crescer ou florescer. Você conhece o ensinamento de nossos Sábios, de que nem uma só folha de grama cresce aqui na terra sem que haja um anjo acima dela, ordenando-lhe que cresça. Todo broto e folha diz algo importante, toda pedra sussurra alguma mensagem oculta no silêncio – toda criação entoa sua canção.”
“Essas palavras de nosso grande mestre,” concluiu Rabi Levin, “vindas de um coração puro e sagrado, ficaram profundamente gravadas em meu coração. Desde aquele dia, comecei a ter uma forte sensação de compaixão por todas as coisas.”
Uma história similar é relatada sobre o Rebe Rayatz e seu pai, o Rebe Rashab:
… Caminhando, entramos na floresta. Concentrado naquilo que eu tinha ouvido, empolgado pela gentileza e seriedade das palavras de meu pai, distraidamente arranquei uma folha de uma árvore próxima. Segurando-a em minhas mãos, continuei minha caminhada silenciosa, ocasionalmente rasgando pequenos pedaços da folha e atirando-os ao vento.
“O Santo Ari,” disse meu pai, “diz que não apenas toda folha da árvore é uma criação investida com vida Divina, criada com um propósito específico dentro da intenção de D'us na criação, mas também que dentro de toda e cada folha há a centelha de uma alma que desceu à terra para encontrar correção e plenitude.
“O Talmud”, continuou meu pai, “decreta que ‘um homem é sempre responsável pelas suas ações, esteja acordado ou dormindo.’ A diferença entre a vigília e o sono está nas faculdades interiores do homem, seu intelecto e emoções. As faculdades externas funcionam igualmente bem durante o sono, apenas as interiores estão confusas. Portanto, os sonhos nos apresentam verdades contraditórias. Um homem acordado vê o mundo real, um homem adormecido não. Esse é o significado profundo da vigília e do sono: quando alguém está acordado vê a Divindade; quando está adormecido, não vê.
“Apesar disso, nossos Sábios afirmam que o homem é sempre responsável pelas suas ações, esteja desperto ou adormecido. Somente nesse momento falamos sobre a Divina Providência e, sem pensar, você arrancou uma folha, brincou com ela em suas mãos, torcendo-a, apertando-a e rasgando-a em pedaços, e atirou-a em todas as direções.
“Como pode alguém ser tão rude com uma criação de D'us? Esta folha foi criada pelo Todo Poderoso com um propósito específico e está imbuída com uma força de vida Divina. Tem um corpo e tem uma vida. De que maneira o “Eu” dessa folha é inferior ao seu “Eu”?