Nesta porção da Torá lemos sobre a Abertura do Mar Vermelho. Nunca na história houve ou haveria nada parecido; toda uma nação de vários milhões de pessoas fugiu do exército mais poderoso do mundo andando em terra seca no meio de um mar! E então, logo que chegou ao outro lado, a água milagrosamente cedeu e afogou seus perseguidores! [E não é só história. Esta nação foi milagrosamente sobrevivendo tais inimigos durante milhares de anos e ainda existe hoje, os judeus!]
Mas à primeira vista, não dá para entender. Qual foi o propósito destes milagres no mar? Por que D’us não apenas matou os egípcios malvados em seu sono e tirou os judeus do Egito silenciosamente. Por que todo o alarde? E por que D’us dividiu o mar no último momento? Porque toda a tensão?! O dia dez de shevat marca a data em que o sexto Rebe Yossef Yitschac faleceu e seu genro assumiu a liderança declarando declarou que esta geração será a geração de “Mashiach”. Existe conexão?Para entender isso aqui está uma história.
O sexto Rebe de Chabad-Lubavitch; Rebe Yossef Yitschac era um homem verdadeiramente notável, sábio, espiritualmente talentoso e corajoso. Além de ser dotado em todos os aspectos da Torá e do conhecimento secular, ele era um homem de ação.
Na Rússia, ele ficou sozinho contra o regime ateu e assassino do Stalin, enviando milhares de seus seguidores em toda a Rússia para ensinar Torá para as crianças com o risco (e muitas vezes com o custo) de suas vidas. E nos últimos dez anos de sua vida nos Estados Unidos. ele começou o movimento de ‘expansão’ que transformou totalmente o judaísmo hoje.
Mas a principal força motriz de sua vida foi o amor; ajudar os outros e fazer todo o possível para aliviar o sofrimento. E ele ensinou seus seguidores a fazer o mesmo.
Por exemplo, quando o rabino Michel Vishedski (um vizinho meu de Kfar Chabad) fugiu da Rússia há cerca de 50 anos e se estabeleceu em Nova York, fez tudo ao seu alcance para ajudar os judeus russos e visitou todas as sinagogas ortodoxas em Nova York para ver se eles poderiam ajudar também.
Uma de suas reuniões foi com o rabino Rabinovitz, rabino chefe do Bronx. Quando chegou à sua sinagoga, encontrou o local vazio, como a maioria das sinagogas estão no início da tarde, e o rabino sentado na frente de uma mesa comprida em uma cadeira junto à cabeceira da mesa.
Rabino Michel apertou a mão do rabino, se apresentou e, supondo que o rabino havia deixado o lugar vago da cabeceira para ele, lá se sentou.
“Desculpe-me,” Rabino Rabinovitz disse: “Por favor, não se sente nessa cadeira. É a cabeceira e eu sempre a deixo livre.”
Rabino Vishedski se desculpou e levantou e quando se sentou, o rabino sorriu, se desculpou por não avisá-lo e disse. “Você é um Lubavitch, certo? Bem, então você provavelmente entenderá a razão de eu deixar esse lugar vazio. Foi por causa de um sonho.”
“Sério? Um sonho?” Rav Michel estava interessado e vendo o seu interesse, o rabino Rabinovitz, sorriu e começou a contar-lhe a história.
“Tudo começou há quase vinte anos, em 1949. Eu tinha sobrevivido ao holocausto, mudei-me da Romênia para Nova York, casei-me e comecei a pensar num emprego. Eu tinha algumas ideias sobre como ganhar a vida, mas eu não conseguia me decidir. Então, alguém sugeriu que eu fosse ver o Rebe para um conselho.
Eu liguei e consegui uma audiência com o Rabi Yossef Yitschac, o Rebe Anterior e fui vê-lo. Ele não estava tão saudável em consequência do que passou e sofreu na Russia. Depois de ouvir minhas perguntas ele disse que achava que eu deveria ser um rabino. Ele foi muito claro sobre isso e disse que eu deveria mantê-lo atualizado sobre os fatos.
Bem, com certeza, um tempo depois recebi esta oferta para ser o Rabino Chefe aqui do Bronx, então fui perguntar ao Rebe se deveria aceitar. Ele fechou os olhos, pensou por um minuto e, finalmente, olhou para cima e disse:
“Um Shul é um Shul (sinagoga). Mas eu não gosto do Shamash (zelador da sinagoga).”
Em seguida, ele novamente fechou os olhos e repetiu; ‘A sinagoga é uma sinagoga. Mas eu não gosto do Shamash.’
Então ele me abençoou com sucesso no novo emprego e me pediu para voltar a vê-lo novamente em duas semanas.
Então, eu segui o seu conselho e aceitei o trabalho. Mas quando eu voltei dois domingos depois eu encontrei uma grande multidão reunida em frente ao seu prédio… para o seu funeral! Disseram-me que o Rebe havia falecido no Shabat! O Rebe me convidou para seu funeral! Eu senti que ele estava me dizendo que iria continuar o nosso contato.
Enfim, as coisas correram bem na sinagoga, eu me dei bem com todos do lugar e minha sinagoga se tornou popular, mas senti alguma coisa errada. Gradualmente, eu descobri o que era, o Shamash da sinagoga estava falando contra mim.
No começo, ele ficou quieto sobre isso, mas, eventualmente, ele começou a fazer política em público e me colocou no meio de um tumulto. Quando aquilo ficou insuportável, decidi me encontrar com o genro do Rebe Anterior que se tornou o Rebe, para um conselho.
Essa foi a experiência mais incrível da minha vida. Assim que eu lhe contei meu problema, ele disse: “Meu sogro disse que uma sinagoga é uma sinagoga, mas que ele não gostou do Shamash!”
“Foi simplesmente incrível. Lembre-se, isso foi um ano depois e eu nunca disse a ninguém o que o Rebe Anterior me disse! De qualquer forma, ele disse para não me preocupar e apenas para ser paciente e que eventualmente o Shamash incorreria em algo errado.
E isso foi exatamente o que aconteceu! Apenas algumas semanas depois, eu estava tendo problemas para dormir numa noite e fui até a sinagoga e quem eu vejo também andando por lá, o presidente da sinagoga. Parece que ele também não conseguia dormir. De qualquer maneira quando chegamos perto da sinagoga notamos algo estranho, algumas luzes estavam acesas lá dentro e alguém estava fazendo alguma coisa. Então, entramos em silêncio e o que vimos? O Shamash estava esvaziando todas as caixas de caridade no seu bolso! Não preciso dizer que ele foi demitido no dia seguinte e os meus problemas desapareceram… ou quase.
Como eu disse, a sinagoga tornou-se popular e depois de alguns anos não havia onde sentar. Precisávamos expandir, mas não havia para onde, terrenos em torno da sinagoga estavam todos ocupados. Mas depois de algum tempo, o açougueiro ao nosso lado decidiu que queria nos vender o seu ponto para que ele pudesse mudar para outro lugar. Foi um milagre!
E o açougueiro foi muito amigável. Chegamos a um acordo, ele nos deu um bom preço e nós apertamos as mãos, nem sequer assinamos um contrato de venda! Na semana seguinte, o açougueiro mudou-se para uma grande loja que ele comprou do outro lado da rua e nós derrubamos uma parede, fizemos uma pequena reforma que quase duplicou o tamanho da sinagoga. Todo mundo estava feliz... Por um tempo.
Depois de alguns anos o novo lugar do açougueiro também se tornou pequeno para ele. Ele teve sucesso e queria expandir novamente, e queria mudar seu refrigerador para algum lugar próximo e utilizar o espaço para mais clientes. Mas encontrou dificuldade para achar um espaço. Até que de repente, lembrou-se do antigo prédio que nos havia vendido, e que não houve contrato de venda.
Ele contratou um advogado, enviaram cartas dizendo para sairmos e quando tentamos argumentar com ele, nos levou ao tribunal e conseguiu uma ordem de despejo. Tudo aconteceu muito rápido, mas não havia nada que pudéssemos fazer. Então, na noite antes do despejo, tive um sonho.
Eu sonhei que estava nessa sala e na cabeceira, onde eu lhe disse para não se sentar, estava o Rebe Anterior com seu genro, o Rebe atual, de pé ao lado dele. O Rebe sorriu e disse, ‘Por que está tão preocupado? D’us irá direcionar tudo da melhor maneira.’
Então, seu genro disse: “O Rebe lhe disse que uma sinagoga é uma sinagoga. Isso significa que uma vez que um açougue tornou-se uma sinagoga, não pode se tornar um açougue novamente. Não se preocupe.”
De repente eu acordei. Olhei para meu relógio. Eu estava atrasado! Era para ter acordado uma hora antes. Eu me vesti e corri para a sinagoga o mais rápido que pude, mas era tarde demais. Havia policiais por toda parte, todos os nossos fiéis estavam de pé na rua, tentando falar com eles, enquanto uma dezena de agentes estava carregando todas as nossas cadeiras para fora da nossa sinagoga.
Mas de repente houve um grande acidente no açougue novo do outro lado da rua, seguido de gritos. Um dos trabalhadores saiu correndo pela porta gritando “Chamem uma ambulância! Chamem um médico! Ajudem! O patrão está ferido!!”
Parece que de alguma forma um enorme lustre que estava pendurado no açougue se soltou e caiu sobre o proprietário deixando-o inconsciente. Corri para lá e havia sangue por todo lado! Mas antes que a ambulância chegasse ele veio mancando para a rua, com a cabeça sangrando e gritando como um louco. “Coloquem as cadeiras de volta! Não os despejem! Eu menti! Eu menti! Eles realmente pagaram por minha loja. Desculpem-me!”
A ambulância o levou, o policial deu de ombros dizendo para seus agentes devolverem tudo ao lugar. Tudo ocorreu conforme o Rebe havia me dito, para ficar tranquilo. É por isso que nunca permito alguém sentar nessa cadeira.”
Isto responde às nossas perguntas. A razão pela qual D’us dividiu o mar foi para preparar os judeus para receber a Torá e para lhes ensinar como usá-la depois.
No Monte Sinai todos os mundos espirituais foram divididos ‘para revelar o Criador do Universo’, assim como a divisão do mar revelou a terra seca. E assim foi, quando houve a divisão do mar, os judeus tiveram revelações impressionantes de D’us!
Mas D’us também os testou e os fortaleceu para ignorar as pressões que haveriam do mundo (simbolizado pelo Faraó e suas forças).
Assim como Moshê tirou os judeus do Egito e os trouxe para o Monte Sinai, em cada geração, haverá um Moshê. Um Mashiach em potencial, para revelar a Divindade e nos conduzir atravessando a escuridão, nossos medos e dúvidas, deste mundo para a verdadeira redenção, quando todos os judeus estarão reunidos em Israel e haverá paz e prosperidade no mundo.