Havia um professor na Argentina que estava fascinado com aquelas máquinas. Ao mesmo tempo, ele vinha se empolgando com o Judaísmo, mas tinha uma dúvida que o incomodava muito. Portanto, ele foi visitar o Rebe em busca de uma resposta. ”Eu sei,” disse o professor, “que tudo que existe no mundo tem sua fonte em algum lugar na Torá. Se é assim, onde estão os computadores na Torá?” O Rebe respondeu de imediato: “Tefilin”.
O professor tentou entender, mas foi em vão. Pequenas caixas de couro preto que os judeus amarram nos braços e na cabeça aparentemente têm pouca conexão com algo do Século Vinte, muito menos com computadores.
“O que há de novo em um computador?”, continuou o Rebe, após uma breve pausa. “Você entra numa sala, vê muitas máquinas com as quais está familiarizado. Máquina de escrever, um gravador enorme, uma televisão, uma perfuradora, uma máquina de calcular. O que há de novo?” Mais uma pausa. O professor estava pensando profundamente. “Mas debaixo do piso”, continuou o Rebe, “sem serem vistos, fios e cabos conectam todas essas máquinas para que elas trabalhem em conjunto”. O professor assentiu, com entusiasmo. Ele próprio não tinha notado antes, mas sim, é isso que um computador é: uma síntese de aparelhos de mídia e processamento.
“Agora olhe para si mesmo. Você tem um cérebro. Está em um mundo. Seu coração está em outro. E suas mãos muitas vezes envolvem-se com algo totalmente estranho a ambos. Três máquinas diversas. Além disso, seu dia inteiro poderia seguir o mesmo caminho: você escova os dentes, reza a D’us, vai trabalhar, come seu alimento casher – cada ação um fragmento diverso, não relacionado. E assim, todo o povo judeu poderia seguir o mesmo caminho. Cada um cumpre sua mitsvá, segue sua trilha – mas aquilo que um faz não tem relação com o outro. Então você coloca tefilin. Conecta sua cabeça com seu coração com sua mão, com essas tiras de couro – tudo para trabalhar com uma só intenção. E então quando você sai para encarar o mundo, todas as suas ações encontram harmonia num único propósito coordenado. E não importa se a pessoa entende ou não”, concluiu o Rebe, “quando um judeu coloca tefilin na Argentina, isso afeta um outro judeu que pode estar lutando numa guerra em Israel.”