"Seria uma provocação de consequências extremamente duras", afirmou o chefe da diplomacia francesa, que hoje presidiu em Paris uma conferência sobre o processo de paz no Oriente Médio que reuniu delegações de mais de 70 países e órgãos internacionais, à revelia de israelenses e palestinos.
A conferência pediu às duas partes que retomem as negociações para a busca de uma solução para o conflito com base na criação de dois Estados. O encontro, no qual participaram os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - França, Reino Unido, Estados Unidos, China e Rússia -, constatou a degradação da situação no terreno e pediu que se busquem caminho para o diálogo.
Ayrault, que se mostrou convencido de que Trump não cumprirá a ameaça, pediu que o presidente eleito dos EUA evite "todo ato unilateral que complique a situação" entre Israel e Palestina.
"Acho que Trump não poderá fazer a mudança. Quando você é presidente dos Estados Unidos, não é possível ter posições tão duras e unilaterais em uma questão como essa. É preciso buscar a forma de criar as condições para a paz", disse o chanceler.
O ministro francês destacou que a situação é urgente e que o processo de paz está em um "ponto morto" que ameaça piorar o conflito. O avanço da colonização e a crescente violência, manifestada no atentado em Jerusalém em domingo passado, evidenciam, para Ayrault, que é preciso relançar a negociação.
O chefe da diplomacia da França afirmou que o mais rápido possível se reunirá com o próximo secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, para avançar de forma conjunta na agenda internacional.
"Farei isso com franqueza e amizade", disse Ayrault, defendendo a independência da França nos assuntos internacionais.