E falou o Senhor a Moisés, dizendo: “Mas aos dez dias desse sétimo mês será o dia da expiação, tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; e oferecereis oferta queimada ao Senhor.E naquele mesmo dia nenhum trabalho fareis, porque é o dia da expiação, para fazer expiação por vós perante o Senhor vosso D’us. Porque toda a alma, que naquele mesmo dia não se afligir, será extirpada do seu povo. Também toda a alma, que naquele mesmo dia fizer algum trabalho, eu a destruirei do meio do seu povo. Nenhum trabalho fareis, estatuto perpétuo é pelas vossas gerações em todas as vossas habitações. Sábado de descanso para vos será, então afligireis as vossas almas, ao nono dia do mês à tarde, de uma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso sábado”. (Levítico 23:26-32)
O dia anterior ao Yom Kipur é um dia de preparação para o jejum:
• deve-se separar o dinheiro para a caridade e levá-lo para a sinagoga aonde distribuirão entre várias instituições, seja de caráter religioso ou social.
• Uma vez que o Yom Kipur não expia os pecados cometidos uns contra os outros, a menos que a parte lesada tenha concordado em perdoar o autor do delito, este dia deve ser considerado “a data limite” para a reconciliação entre duas pessoas e para expressar arrependimento e pedir perdão. Não há diferença se o ato foi cometido através de coisas materiais ou por um insulto verbal. D’us não perdoa a não ser que a parte prejudicada tenha perdoado. De qualquer maneira, a pessoa que foi prejudicada deve sentir que é a sua obrigação conceder o perdão de todo o coração. Se teimosamente persistir na recusa, este é considerado cruel, por não ter se comportado como um filho digno do povo de Israel.
• A comida à noite, antes do jejum deve ser festiva. No entanto, não deve-se comer demais ou comer qualquer coisa que possa causar sede, pois isso tornaria o jejum ainda mais difícil.
• Antes de sair de casa para ir à sinagoga é costume que os pais abençoem seus filhos.
§ A Torá especifica que o jejum deve começar no nono dia do mês, ou seja que o Yom Kippur, na verdade, começa antes do pôr do sol, quando ainda há luz. E somente termina no anoitecer do dia seguinte. Esta “noite” não é o pôr do sol, e sim um pouco mais tarde, quando aparecem estrelas no céu. O tempo de espera depende da latitude geográfica (na parte sul da América do Sul estrelas geralmente aparecem no céu, em torno de 40 minutos após o pôr do sol).
§ O preceito bíblico “afligireis as vossas almas” é observado com um jejum total e completo, abstendo-se de toda a comida e bebida durante todo o período (aproximadamente 25 horas).
§ No que diz respeito a trabalhar, o Dia da Expiação segue as mesmas regras que o Shabat de todas as semanas, com as mesmas exceções do Shabat para caso a vida de uma pessoa esteja em perigo. O que é proibido no Shabat é proibido no Yom Kipur! Como está proibido jejuar no Shabat, uma vez que diminui a alegria deste dia especial, todos os outros jejuns que coincidirem com o Shabat são adiados ou antecipados para o domingo, ou para a quinta-feira; mas se o Yom Kippur coincide com o Shabat, deve-se jejuar neste dia e “afligir a alma”. Alguns explicam que jejuar com o próposito de expiação não contradiz as exigências do Shabat. Outros simplesmente acreditam que o Yom Kipur tem prioridade e baseam a sua opinião no fato de que Yom Kipur é chamado de “Shabat Shabaton”, o Shabat dos Shabat!
§ A Lei Oral nos ensina que, além da proibição de comer e beber, o preceito de “afligireis as vossas almas” significa também, sanções menos severas, como se lavar e banhar, ungir o corpo, usar sapatos (aplica-se apenas a sapato de couro) e ter relações sexuais.
§ Usar o vaso sanitário é proibido se o faz por prazer (shel ta’anug). Se for para limpar o corpo ou ao se levantar pela manhã, é permitido (kedarcó).
§ Uma pessoa que está doente ou cujos pés lhe doem, pode usar sapatos normalmente.
§ Crianças menores de nove anos de idade não têm permissão para jejuar, pois pode lhes ser prejudicial à saúde. A partir dos nove anos devem ser gradualmente acostumados a jejuar, cada vez mais por mais tempo, até conseguirem jejuar completamente. Meninas maiores de doze anos de idade e garotos maiores de treze, jejuam normalmente, como qualquer adulto.
§ O Yom Kipur pode ser profanado apenas por algum motivo de doença grave. O desejo expresso pela pessoa doente ou a opinião do médico devem ser os fatores determinantes para a concessão de tal dispensa. Em tais casos, a decisão deve ser tomada uma rabino.
§ Uma mulher que está dando à luz (desde o momento que começa a sentir as dores do parto) e durante os três primeiros días depois do nascimento, não está permitida jejuar, mesmo se insiste em fazê-lo. Do terceiro ao sétimo dia após o nascimento pode jejuar se quiser, mas pode, também, quebrar o jejum, caso sinta necessidade.
§ A reza que abre o Yom Kipur, é chamada de Kol Nidrei (todas as promessas) e possui um grande significado histórico e emocional. Assim como a reza que encerra o jejum, que é chamada de Neilá, que significa “fechamento”. Fora quando a pessoa volta para casa para descansar ou dormir, todo o período é dedicado a orações e preces.
§ O uso de roupa branca em Yom Kippur – roupas, vestido branco (kittel), chapéu branco – é para lembrar as mortalhas brancas (tachrichim) com as quais são enterrados os mortos, de acordo com o costume judaico, e assim despertar o coração do povo. O branco representa também a pureza e simboliza a promessa profética: “ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se clarearão como a neve” (Isaías 1:18).
§ A conclusão do Yom Kipur é marcada por um toque único e prolongado do Shofar, que simboliza a “Quando soar prolongadamente o som do shofar…” (Êxodo 19:13), que marca a conclusão da Revelação no Sinai. Também para recordar a comemoração que se fazia com o shofar em Yom Kipur no início do ano Jubileo.
§ Depois de Yom Kipur, deve-se começar a se preparar para a festa de Sucot, quatro dias depois, construindo uma sucá e adquirindo as quatro espécies: lulav, etrog, hadas e arava.
Texto extraído do livro “El Ser Judío” por David Hayim Halevi Donin