Israel presta última homenagem a Peres e prepara chegada de líderes para funeral.
O povo israelense se despediu de Shimon Peres, nesta quinta-feira (29), antes da chegada de inúmeros líderes estrangeiros a Jerusalém para o enterro, na sexta (30), desta grande figura histórica.
O ex-presidente americano Bill Clinton se inclinou diante do caixão de Shimon Peres na Esplanada da Knesset (Parlamento), em Jerusalém, unindo-se aos milhares de israelenses que prestam uma última homenagem ao prêmio Nobel da Paz, falecido aos 93 anos na última quarta-feira (28).
Na sexta, Bill Clinton assistirá ao funeral de Peres, ao lado de dezenas de líderes mundiais, incluindo o presidente palestino, Mahmud Abbas, e o presidente americano, Barack Obama.
Shimon Peres será sepultado com todas as honras no Cemitério Nacional Monte Herzl, em Jerusalém.
As principais autoridades israelenses - o presidente Reuven Rivlin, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o presidente do Parlamento, Yuli Edelstein, e o líder opositor Isaac Herzog - iniciaram a homenagem popular em uma cerimônia sem discursos, durante a qual depositaram coroas de flores ao redor do caixão.
Autoridades palestinas confirmaram a presença de Abbas no funeral. Há alguns anos, o presidente da Palestina não fazia uma visita oficial a Jerusalém.
O presidente americano, Barack Obama, embarcou nesta quinta-feira à tarde para Jerusalém. O avião presidencial Air Force One, onde também ia o secretário de Estado, John Kerry, decolou da base militar Andrews, em Maryland, perto de Washington, pouco antes das 15h locais (16h, horário de Brasília).
A única visita de Obama a Israel como presidente remonta a 2013.
Em meio a um impressionante dispositivo de segurança, milhares de israelenses de todas as idades e origens sociais caminharam diante do caixão de Peres, que estava coberto com a bandeira de Israel.
O governo mobilizou 8.000 policiais em Jerusalém. "É uma operação de uma amplitude sem precedentes", declarou o chefe da Polícia local, Roni Alsheij.
Israel não vivia um acontecimento dessa magnitude desde o funeral, em 1995, de Yitzhak Rabin, o primeiro-ministro assassinado por um extremista judeu. Junto com Peres e com o então líder palestino, Yasser Arafat, Rabin foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz, em 1994, pelos Acordos de Paz de Oslo.
Na sexta-feira, o Monte Herzl, onde Shimon Peres será enterrado, e grande parte de Jerusalém permanecerão isolados do mundo.
As cerimônias fúnebres coincidem com o início do recesso das grandes festas judaicas e as autoridades israelenses temem uma retomada da violência palestina.
Peres faleceu na quarta-feira, aos 93 anos, no hospital em que estava internado por um acidente vascular cerebral sofrido no dia 13, data de aniversário dos Acordos de Paz de Oslo.
Ele era o último sobrevivente da geração dos pais fundadores do Estado de Israel.
O anúncio da morte provocou uma série de homenagens em todo o mundo, com menções à visão, coragem e tenacidade de um homem que vários líderes mundiais chamavam de "amigo".
O papa Francisco expressou sua "profunda tristeza" e espera que sua "herança" seja respeitada, em um momento que parece cada vez mais distante a possibilidade de uma solução negociada do conflito israelense-palestino.
Obama ordenou que as bandeiras da Casa Branca e de todos os prédios oficiais e militares nos Estados Unidos e no exterior permaneçam a meio pau até a noite de sexta-feira.
Presente nas grandes batalhas da curta história do Estado hebreu e em suas agudas controvérsias políticas, Peres mudou sua imagem de guerreiro para a de um político de consenso, sendo considerado um sábio da nação.
Ele entrou para a política aos 25 anos, graças ao fundador de Israel, David Ben Gurion, e foi um dos arquitetos do programa nuclear de Israel. O país é considerado a única potência atômica militar do Oriente Médio.
Duas vezes primeiro-ministro (1984-1986 e 1995-1996), foi presidente de 2007 a 2014. Durante sua longa carreira, foi ministro em várias ocasiões, ocupando cargos como o Ministério das Relações Exteriores, Defesa e Finanças.