O presidente israelense, Reuven Rivlin, dirigiu-se ao Parlamento Europeu na quarta-feira, 22/6, inclusive aos ministros das relações exteriores dos Estados-membros da União Europeia (UE), e censurou a abordagem da comunidade internacional para o processo de paz entre Israel e Palestina. Rivlin argumentou que a recente iniciativa francesa "sofre de falhas fundamentais" e que esforços devem ser concentrados na construção de confiança entre as partes, em vez de lutar por um acordo de paz permanente, que ele descreveu como uma "crônica de uma falha previsível".
Rivlin, ex-parlamentar de direita que tem se remodelado na presidência como uma forte voz pela unidade e tolerância, rejeitou diretamente os recentes esforços europeus de pacificação, incluindo a conferência de iniciativa francesa adotada pelo Conselho da União Europeia na semana passada.
"A tentativa de retomar as 'negociações por negociações', não apenas não nos aproxima da solução há muito esperada, como também nos arrasta para ainda mais longe dela", disse Rivlin. "A iniciativa francesa sofre de falhas fundamentais."
"Se a comunidade internacional realmente deseja, e verdadeiramente aspira, ser uma participante construtiva, ela deve desviar seus esforços da renovação das negociações por negociações e se direcionar à construção da confiança entre as partes a fim de criar as condições necessárias para o sucesso das negociações no futuro", Rivlin acrescentou. "Nas atuais circunstâncias, todos devemos nos perguntar 'o que pode ser feito hoje', em vez de 'o que não pode ser feito'."
Rivlin defendeu que um verdadeiro acordo de paz não é possível hoje e sua busca é um empreendimento condenado.
"Atualmente as condições práticas, as circunstâncias políticas e regionais, as quais nos permitiriam chegar a um acordo permanente entre nós –israelenses e palestinos – estão falhando em se concretizar", Rivlin afirmou, citando a separação entre o partido palestino Fatah e o grupo terrorista Hamas, que controla a Faixa de Gaza, bem como a "total falta de confiança entre as partes, em todos os níveis, entre os líderes e as nações".
"Não se pode esperar alcançar melhores resultados, enquanto recorrer às mesmas perspectivas e ferramentas que previamente falharam ao longo do tempo", disse Rivlin.
O presidente de Israel também abordou a crítica europeia a Israel, que ele descreveu como equivocada e às vezes injusta.
"Sinto que a intensa crítica dirigida a Israel na Europa decorre, entre outras coisas, de mal-entendido e impaciência em face a essa necessidade existencial da nação judaica e do Estado de Israel", comentou. "Há aqueles que sentem raiva e frustração contra certas ações europeias, frente ao que eles percebem como por vezes uma crítica injusta, às vezes até contaminada por elementos de condescendência, e alguns até diriam dupla moral."
"Se a Europa está interessada em servir como um fator construtivo na busca de um futuro acordo, caberá a vós, seus líderes, concentrar os esforços neste momento em uma paciente e metódica construção de confiança. Não por meio de desinvestimentos, mas por meio de investimento; não por boicotes, mas por cooperação", acrescentou Rivlin.
Apesar de sua intensa crítica sobre a atitude da Europa em relação a Israel e sua dura avaliação da possibilidade de um acordo de paz duradouro no futuro próximo, Rivlin ressaltou que Israel busca a paz.
"Eu falo com vocês hoje, em nome de uma nação que abomina a guerra e deseja vida e paz", ressaltou o presidente. "Sendo bem versado no Parlamento Israelense, sei que qualquer acordo político levado perante o parlamento israelense por um governo eleito será aprovado."
Fonte: TPS / Texto: Jesse Lempel / Tradução: Hannah Franco / Foto: Cortesia