Após ataque em Bruxelas, Israel é visto como modelo de segurança aeroportuária.
Com a série de incidentes de extremismo tendo como alvo o coração da Europa durante o ano passado, líderes podem ter que recorrer a medidas mais rígidas
Moscou (AP) – Autoridades na Europa e ao redor do mundo reforçaram a segurança em aeroportos, estações de trem, edifícios governamentais e outros locais-chave após os ataques de terça-feira, no aeroporto e no sistema de metrô de Bruxelas.
Com Bruxelas em estado de alerta máximo e com o pronunciamento do primeiro ministro francês, que disse que a Europa está “em guerra”, líderes europeus realizaram reuniões de segurança emergenciais e mobilizaram mais policiais, especialistas em explosivos, cães farejadores e oficiais à paisana, com alguns alertas desaconselhando viagens a Bélgica.
A apreensão foi sentida de longe. Na cidade de Nova York, autoridades mobilizaram unidades antiterrorismo adicionais para áreas de grande movimento e locais de trânsito.
Após a série de ataques extremistas tendo como alvo o coração da Europa durante o ano passado, alguns analistas afirmam que a Europa finalmente terá que implementar um nível de segurança mais rígido não apenas em aeroportos, mas também em “alvos fáceis”, como shopping centers – do tipo com que os israelenses vêm convivendo há anos.
“A ameaça que estamos enfrentando na Europa é semelhante à que Israel enfrenta”, afirmou Olivier Guitta, diretor-presidente da GlobalStrat, uma consultoria de segurança internacional. “Nós entramos em uma era em que precisaremos mudar nosso modo de vida e tratar a segurança com muita seriedade”.
Fortes críticas à segurança da Bélgica foram feitas na terça-feira por Pini Schiff, um ex-diretor de segurança do aeroporto Ben-Gurion, em Israel, considerado um dos mais seguros do mundo. Após os ataques palestinos à aeronaves e passageiros de Israel em 1970, oficiais israelenses colocaram em prática vários níveis de segurança no aeroporto de Tel Aviv, significando que um agressor que escapasse à atenção em um nível provavelmente seria capturado em outro.
Schiff disse que os ataques no aeroporto de Bruxelas marcam uma “falha colossal” na segurança belga e que “as chances são muito baixas” que um ataque a bomba como esse tivesse acontecido em Israel.
No entanto, há quem tema que, de maneira realista, não haja muito mais a ser feito.
“As pessoas precisam entender que, se pretendemos continuar desfrutando a vida em uma sociedade livre, precisamos responder de maneira proporcional”, afirmou Simon Bennett, diretor de Defesa Civil e Unidade de Segurança na Universidade de Leicester, Inglaterra. “Na minha opinião, em uma sociedade livre, a segurança aeroportuária deve ser tão rigorosa quanto possamos razoavelmente torná-la”.
Philip Baum, autor de “Violence in the Skies: A History of Aircraft Hijacking and Bombing” (em tradução livre: “Violência nos Céus: Um Histórico de Sequestros e Bombardeios de Aeronaves”), disse que “fazer com que as pessoas passem por inspeções mais rigorosas” não é a resposta para a ameaça em constante evolução. Ele afirmou que o pessoal de segurança precisa começar a usar análise comportamental para focar em intenções maléficas. Ele também afirmou que o pessoal de segurança precisa de melhores treinamentos e mais flexibilidade, e que deveriam começar a utilizar mais animais.
“É uma questão de tornar a segurança menos previsível”, afirma Baum.
Em Moscou, o ministro de transportes russo Maxim Sokolov disse a agências de notícias russas que as autoridades irão “reavaliar a segurança” nos aeroportos russos, embora suas medidas já estejam entre as mais rígidas da Europa. Há inspeção obrigatória nas entradas dos aeroportos desde 2011, quando um ataque suicida a bomba no aeroporto Domodedovo, em Moscou, matou 37 pessoas.
A segurança era alta em todos os aeroportos de Paris e nos de Gatwick e Heathrow, em Londres, entre muitos outros.
No aeroporto Fiumicino, em roma, cães farejadores foram mobilizados para as áreas de check-in, enquanto no aeroporto de Malpensa, em Milão, veículos da polícia patrulhavam as áreas anteriores às inspeções de segurança.
Na Alemanha, o sistema ferroviário estatal, Deutsche Bahn, interrompeu seu serviço ferroviário de alta velocidade da Alemanha a Bruxelas, realizando a parada dos trens na cidade fronteiriça de Aachen.
Ao mesmo tempo, a operadora internacional de ferrovias de alta velocidade Thalys suspendeu todo o seu tráfego de trens na terça-feira e solicitou aos passageiros que adiem viagens a Bélgica. No ano passado, um ataque a um trem da Thalys entre Bruxelas e Paris foi frustrado por três cidadãos americanos e um britânico, que viajavam no trem.
O Egito também afirmou que estava aumentando sua segurança, solicitando que oficiais de segurança de alto escalão realizem pessoalmente as inspeções de segurança em aeroportos e em áreas externas, como hotéis e estacionamentos.
O Egito tem trabalhado para melhorar sua segurança desde que uma aeronave russa foi abatida por extremistas após decolar do Aeroporto Internacional Sharm el-Sheikh, em outubro do ano passado, matando todas as 224 pessoas a bordo. Segundo Moscou, ela foi derrubada por um dispositivo explosivo, e a unidade local do grupo extremista Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade por plantá-lo na aeronave.
Na Grécia, a polícia incorporou segurança adicional nos aeroportos, estações de metrô e embaixadas, com oficiais uniformizados e à paisana. Porém, a porta-voz do governo Olga Gerovasili disse que não havia medidas de segurança adicionais sendo tomadas em relação a refugiados e imigrantes após os ataques a Bruxelas.
“Nós não estamos fazendo qualquer ligação entre as duas questões. Isso seria uma derrota para a Europa”, afirmou ela.
Fonte: Times of Israel