Forças do exército sírio, com apoio da força aérea russa, retomaram neste domingo toda a cidade histórica de Palmira, na Síria, das forças do Estado Islâmico, disse o presidente da Síria, Bashar al-Assad. Segundo ele, a vitória reflete "a efetividade da estratégia defendida pelo Exército da Síria e seus aliados na luta contra o terror".
Segundo a rede de televisão estatal do regime de Assad, uma fonte militar informa que o Exército da Síria e suas milícias aliadas tomaram "o controle total sobre a cidade". Já o Observatório Sírio de Direitos Humanos, ONG que monitora a guerra civil no país, diz que ainda havia tiroteios no leste da cidade na manhã deste Domingo de Páscoa, mas a grande maioria das forças do EI já teriam recuado.
Veja também
Foto de arquivo de 14 de março de 2014 mostra cidadãos sírios caminhando pela antiga cidade de PalmiraExército sírio retoma cidadela de Palmira, diz TV
Belgas deixam flores em homenagem às vítimas dos atentados, em frente à estação de metrô Maalbeek, alvo dos ataquesBélgica anuncia planos de bombardear o Estado Islâmico na Síria
A recaptura de Palmira vem após uma campanha de três semanas de forças do governo, pesadamente apoiada por ataques aéreos russos. A vitória na ofensiva deixa aberto o terreno para o deserto oriental sírio até a fronteira do Iraque no sul e o coração do território do EI ao leste.
"O exército cumpriu sua missão em Palmira, onde restaurou a segurança", indicou o comando militar em um comunicado anunciando a retomada da cidade histórica de mais de 2.000 anos, localizada no centro da Síria.
Os 20 dias de combates custaram a vida de 400 jihadistas, "o maior número de mortos para o EI em uma única batalha desde o seu surgimento" no conflito sírio em 2013, de acordo com o observatório. Do lado oposto, 188 combatentes pró-regime pereceram.
A televisão estatal síria exibiu imagens de destruição dentro do museu de Palmira, teatro de uma terrível batalha, com cabeças de estátuas no chão, coberto de detritos, e uma grande cratera no teto. Segundo uma fonte militar, as unidades especiais do exército começaram a desarmar as bombas e minas deixadas pelos extremistas na cidade antiga.
Raqa e Deir Ezzor são os próximos objetivos
Apoiados pela aviação e as forças especiais russas, bem como pelo Hezbollah libanês e milícias, os soldados sírios lançaram em 7 de março a ofensiva para recuperar Palmira, que caiu nas mãos do EI em maio de 2015. Na cidade, os extremistas destruíram parte das suas ruínas históricas, classificadas como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco.
Após esta importante vitória, o comando sírio afirmou que "Palmira será a base a partir da qual irá expandir as operações militares contra o grupo terrorista em várias frentes, incluindo Deir Ezzor (leste) e Raqa (norte)", os dois principais redutos do EI na Síria.
O objetivo é "apertar o cerco aos terroristas, para cortar suas linhas de abastecimento e retomar os territórios sob seu controle, acabando, por fim, com sua existência" na Síria, garantiu.
Os combates prosseguem na área próxima ao aeroporto militar, no sudeste da cidade, segundo o OSDH, enquanto a quase totalidade dos habitantes fugiram da cidade antes da entrada do exército em Palmira.
Grande derrota
A perda de Palmira é a segunda grande derrota do EI na Síria após a registrada em janeiro de 2015 em Kobani (norte), de onde os jihadistas foram expulsos pelas forças curdas apoiadas pela coalizão internacional liderada por Washington.
Do outro lado da fronteira, no Iraque, o EI também é alvo de uma grande ofensiva do exército, que busca retomar o controle de sua fortaleza de Mossul, a segunda maior cidade do país, localizada no norte, com o apoio da aviação da coalizão internacional e de milícias locais.
Palmira era uma das principais batalhas em curso na Síria, onde uma trégua entrou em vigor há um mês entre os rebeldes e o regime, o que lhe permitiu concentrar seus esforços na luta contra os jihadistas que estão excluídos desta trégua.
Aproveitando a pausa nas hostilidades, uma primeira rodada de negociações indiretas foi realizada em Genebra entre o regime e a oposição, sob a égide das Nações Unidas. O objetivo é encontrar uma solução para um conflito que, em cinco anos, fez mais de 270.000 mortos e que provocou uma profunda crise migratória com a fuga de milhões de sírios.