Jerusalém (TPS) - Arqueólogos descobriram nas últimas semanas, em um antigo orfanato da capital de Israel, uma grande adega e uma grande casa de banhos (mikvê, em hebraico) de ritual judaico do período do Segundo Templo. As descobertas foram apresentadas ao público na última quarta feira, 2/3.
O arqueólogo Amit Re'em do Distrito de Jerusalém disse para serviço de imprensa da Tazpit (TPS) que esses achados são da época do Segundo Templo. "É interessante ver que os romanos se estabeleceram acima das construções judaicas, e que os bizantinos, por sua vez, se estabeleceram acima das construções romanas. Isto é Jerusalém, construção acima de construção, acima de construção, em camadas que representam seus respectivos períodos de domínio”, explicou.
O grande achado descrito pelos arqueólogos como o mais impressionante, foi uma grande adega datada do período romano ou bizantino, de cerca de 1.600 anos atrás. O complexo inclui uma superfície de prensagem pavimentada com um mosaico branco. Oito células foram instaladas em torno da superfície de prensagem. Elas foram usadas para armazenar as uvas e possivelmente também para misturar com outros ingredientes para produzir diferentes sabores de vinho.
"Ao lado da adega, encontramos uma casa de banhos com um sofisticado sistema de tubos de terracota usada para aquecer os quartos, assemelhando-se a uma sauna," disse Re'em. “Logo à direita dela, encontramos um poço com dezenas de fragmentos de argila e vidro que provavelmente foram resíduos descartados de uma fábrica de louça de barro", explicou o arqueólogo.
"Outra surpresa foi encontrar argila e telhas com o carimbo da décima legião romana, que provavelmente também utilizou a casa de banhos," acrescentou. A décima legião romana foi uma das quatro legiões que participaram da conquista da Jerusalém judaica, e suas unidades permaneceram guarnecidas na cidade até o ano 300 EC.
Os arqueólogos sugerem que o local, sob a forma de uma casa senhorial, constituía um povoado auxiliar para o local principal, que foi encontrado anteriormente a 200 metros de distância.
"Ao lado do local, há muitos banhos rituais judaicos (mikvaot), cacos de panela e moedas do período do Segundo Templo, que indicam que havia uma comunidade judaica aqui na época,", acrescentou Re'em.
O orfanato Schneller operou em Jerusalém de 1860 até a segunda guerra mundial. Durante o mandato britânico, seus habitantes alemães foram expulsos, e estabeleceu-se uma base militar no local. Após a retirada britânica em 1948, o complexo foi entregue à organização Jewish Haganah e mais tarde serviu como uma base do IDF até 2008. " Nenhum dos habitantes ao longo dos anos, nem os alemães, nem os britânicos e nem os israelenses imaginaram que estavam sentados em cima de antiguidades," disse Re’em à TPS.
O complexo situa-se hoje no bairro haredi (ultra-ortodoxo) de Geula. A construção de um novo projeto de habitação residencial está prevista para começar em breve.
“Por sorte, o local da escavação foi planejado para ser um jardim, um espaço aberto ao público," disse Re'em. “Há real interesse em transformar este espaço em um jardim arqueológico, com a adega no centro". A escavação da Autoridade de Antigüidades de Israel no complexo Schneller foi financiada pela empresa Yerushalayim Merom.
Fonte: TPS / Texto: Michael Bachner / Tradução: Bruno Scala / Foto: Hillel Maeir