Jerusalém (TPS) - A Moriah - Corporação de Desenvolvimento de Jerusalém descobriu um assentamento ancestral datado provavelmente do período Calcolítico, há aproximadamente 7 mil anos, na região de Shuafat no norte de Jerusalém, por meio de escavações arqueológicas conduzidas sob a responsabilidade da Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA).
"Estes são vestígios de duas estruturas e talvez de outra ainda mais antiga feitas de tal modo em pedra que eu teria acreditado que fossem paredes do período Bizantino se não tivessem calculado suas idades", disse o diretor de escavações do IAA Ronit Lupo ao Serviço de Impressa Tazpit (TPS).
"Uma parede pode às vezes significar só um enfileirado de pedras para mim", continuou Lupo. "Mas o fato de termos encontrado uma parede tão bem construída com cantos tão estreitos é excepcional para aqueles que estudam os tempos pré-históricos. Claro que não estou desconsiderando as paredes de Jerusalém, mas isto é particularmente notável, considerando o alto padrão da arquitetura de tais estruturas daquele tempo."
O período Calcolítico se refere a um período de transição, no qual o homem evoluiu do uso de utensílios feitos de pedras para os feitos de cobre. Ainda que o cobre não tenha sido encontrado nos vestígios de Shuafat, muitas ferramentas usadas no período Calcolítico foram encontradas lá.
"Nós não encontramos cobre na escavação, mas encontramos muitas ferramentas de pedra e outros artefatos que são datados do início do período", ressaltou Lupo à TPS.
"Além da cerâmica, os fascinantes achados comprovam a subsistência da população local nos tempos pré-históricos - pequenas lâminas de foices para colheita de grãos, cinzéis e martelos polidos para construção, brocas, furadores, e até um cordão feito de cornalina (uma pedra semipreciosa), indicando que joias eram produzidas ou importadas", disse Lupo. "As ferramentas de moagem, morteiros e pilões, como a cuba de basalto, comprovam as habilidades tecnológicas e os tipos de artesanatos feitos na comunidade local".
Lupo estava impressionado não só com o padrão avançado de arquitetura demonstrado pelos vestígios, mas pela descoberta em si.
"Estamos falando de um período pré-histórico e existe muita história em Jerusalém que demonstra a importância da cidade". Explicou Lupo à TPS.
"Vestígios somem com frequência ao longo da história devido ao crescimento e desenvolvimento natural, por isso nem sempre encontramos vestígios históricos significativos em Jerusalém", detalhou Lupo à TPS. "Algumas vezes encontramos tumbas, grutas ou um pedaço de cerâmica, mas nunca tínhamos encontrado um assentamento em Jerusalém até agora"
Vestígios do período Calcolítico já tinham sido encontrados em várias outras partes de Israel, mas não em Jerusalém.
Vestígios do período Calcolítico têm sido encontrados em Negev, na planície costeira, na Galiléia, e em Golã, mas eles praticamente não eram descobertos nas Colinas da Judeia e em Jerusalém", explicou o Dr. Omri Barzilai, porta-voz da Seção Pré-histórica da IAA. "Apesar de termos encontrado poucos traços de assentamentos Calcolíticos nos últimos anos, como os de Abu Gosh, o Motza Junction e o complexo da Terra Santa em Jerusalém, eles têm sido extremamente esparsos. Nós agora descobrimos pela primeira vez vestígios significantes de 7 mil anos atrás".
Lupo disse à TPS que a IAA planeja conduzir mais pesquisas sobre alguns dos itens encontrados, a fim de obter um entendimento mais completo e holístico do assentamento ancestral.
"Nós também recuperamos alguns ossos de ovelha, cabra e possivelmente de gado", acrescentou Lupo. "Isso será analisado mais profundamente nos laboratórios da Autoridade de Antiguidades de Israel, permitindo que nós recriemos os hábitos alimentares das pessoas que viveram aqui há 7 mil anos, e entender melhor a economia do assentamento", concluiu.
Fonte: TPS / Texto: Jonathan Benedek / Tradução: Isabella Amâncio