Jerusalém (TPS) – Na semana passada, o primeiro-ministro Benjamim Netanyahu e o gabinete aprovaram a criação de uma terceira seção para orações no Muro Ocidental (Muro das Lamentações) de Israel, que ficará localizada diretamente ao sul da atual praça em frente ao Muro Ocidental.
Até agora, existem duas seções separadas, para homens e mulheres respectivamente, e grupos religiosos pluralistas têm empreendido forças para uma mudança na política há muitos anos.
"Num Israel ideal, nunca teríamos que fazer nada disso porque, em um Israel ideal, as mulheres têm direitos plenos na seção das mulheres e não existiria nenhuma coerção de uma denominação sobre outra" disse Shira Pruce, diretora de relações públicas do “Mulheres do Muro”, para a Tazpit. (TPS)
“Mulheres do Muro” é uma organização de mulheres em Israel que tem lutado desde 1988 pelo direito não só de realizar serviços de oração no Muro Ocidental, mas também para vestirem roupagens religiosas lá; posto que, tradicionalmente, estas têm sido usadas apenas por homens, como o “talit” (manto ou xale de oração).
Mulheres do Muro tinham sido proibidas pela polícia de Jerusalém de orar com o talit no Muro Ocidental por muitos anos, embora os serviços de oração fossem realizados na seção das mulheres. Contudo, uma decisão judicial de abril de 2013 constatou que Mulheres do Muro não tinham obrigação de cumprir com esse preceito, e o grupo realizou um serviço religioso no Kotel (Muro das Lamentações) em 10 de maio de 2013, com muitas das participantes usando vestes religiosas sem medo de serem detidas.
A disposição anunciada pelo gabinete é apenas um passo na direção certa, no que diz respeito à Pruce e às Mulheres do Muro.
"Este acordo em si é apenas um passo, porque ele ainda não foi implementado plenamente", ressaltou Pruce para o serviço de imprensa Tazpit. "Infelizmente, como sabemos em Israel, esses processos podem levar tempo e enfrentam muitos obstáculos, e já ouvimos muitos ministros e outros políticos nos últimos dias dizerem que eles iriam usar seu poder para impedir que isso aconteça".
A Implementação de iniciativas e projetos de lei em Israel, mesmo depois de se tornarem lei no Knesset (Parlamento israelense) são muitas vezes frustrados e até mesmo completamente interrompidos pelo sistema de governo dinâmico de Israel. Coalizões frequentemente desmoronaram conduzindo a um novo governo, com acordos e propostas completamente novos.
Como Pruce mencionou, ministros, tais como o parlamentar Uri Ariel (Casa Judaica) expressaram forte oposição ao acordo. Pruce e as Mulheres do Muro vão continuar a esperar por uma implementação completa da disposição legal.
Está escrito no acordo que as Mulheres do Muro não vão deixar a área das mulheres até que a nova seção seja concluída na sua totalidade ", continuou Pruce. "E quando nos mudarmos para lá, será para uma seção de serviços de oração completa, que esteja pronta para um grupo como o nosso."
A determinação do grupo está fundada na crença da organização no pluralismo religioso. "Mulheres do Muro é pluralista em sua essência - é a nossa força motriz," explicou Pruce à TPS.
Pruce acrescentou que, como parte desse espírito de pluralismo, Mulheres do Muro nunca iriam invadir o espaço e os direitos de outros grupos religiosos em Israel.
"Mulheres do Muro nunca entrariam numa sinagoga ultraortodoxa e violariam o seu lugar ou fariam algo que pudesse ofender as pessoas que possuem uma sinagoga ou são membros da sinagoga e da comunidade", disse Pruce.
"Mas o Muro Ocidental não é uma sinagoga e não é privado", argumentou Pruce para a TPS. "É um lugar público que se supõe ser para todos os judeus e é um local espiritual no qual ninguém tem o monopólio sobre a espiritualidade, santidade e nossa conexão com nossos antepassados e nossa história."
Muitos críticos acusaram as Mulheres do Muro de terem outros motivos e de serem apenas uma fonte de provocação e conflito. Shira Pruce rejeitou completamente tal afirmação e reclamação.
"Se alguém vem a nossos serviços, o que vão ver é que estamos lá apenas para orar", insistiu Pruce. "Nós não acreditamos em criar conflitos no Kotel. É um lugar sagrado e um local de oração em que vamos para rezar e nós estamos muito felizes de compartilhar com quem quiser compartilhá-lo conosco”.
Fonte: TPS / Texto: Jonathan Benedek / Tradução: Renata Chazak / Foto: Hillel Maeir