A história dos judeus na França começa a cerca de dois milênios, depois
que os romanos conquistaram uma área que hoje é conhecida como Paris.
Há alguma
evidência de que pequenos assentamentos judaicos existiram em Metz, Poitiers, e
Avignon. Mas a evidência física e sólida começa realmente no século 5 com
pequenas comunidades judaicas na Bretanha, em Clermont-Ferrand, Narbonne, Agde,
Valence e Orléans. Desde aquela época a França tem sido um importante centro da
vida e de estudos judaicos, fomentada em parte, pela segregação forçada.
As cidades de Troyes, Narbonne, Perpignan e Paris eram conhecidas nos
mundos judaicos e cristãos, por seus rabinos e interpretes da Torá e do
Talmude, por escritores e compositores da literatura judaica e da liturgia.
Entre esses estudiosos havia um homem, que ainda é considerado um dos melhores
de todos os tempos, o rabino Solomon Ben Isaac (1040-1105), conhecido na
história judaica pelo acrônimo RASHI. Além de dar ao mundo judaico alguns de
seus maiores estudiosos, a França e a sua comunidade judaica deram ao mundo
muitas figuras renomadas nas artes, literatura, indústria e política, entre
eles Sarah Bernhardt, André Citroën, Jacques Derrida, Darius Milhaud , Leon
Blum, Jacques Offenbach, Camille Pissarro, e Marcel Proust. Direitos Civis Judaicos. Mas no final do
século 18, sugiram as forças de liberalização.
A Revolução Francesa de 1789, mudou para sempre a vida de todos os
franceses, incluindo os judeus da França. A primeira mudança importante veio na
forma de direitos civis para os Judeus, uma ideia vigorosamente apoiada por um
grupo de cristãos Franceses, entre eles o Abbé
Henri Grégoire (1750-1831), um lutador pela liberdade religiosa que
também se opôs aos privilégios especiais do clero e da nobreza. Quando os direitos foram finalmente
concedidos aos Judeus, no início do século 19, depois de longas ausências
impostas por Paris, os Judeus puderam novamente viver em Paris, assim como em
outras grandes cidades. Eles deixaram de ser Judeus da França e tornaram-se
franceses.
Com o estabelecimento dos direitos civis judaicos, e a fim de facilitar
a integração de judeus em toda a sociedade Francesa, Napoleão Bonaparte
convocou uma assembleia de notáveis judeus em 26 de julho de 1806. O objetivo
era verificar a compatibilidade da lei judaica e do direito civil francês.
Napoleão uma vez satisfeito, reuniu em 1808 um grupo de rabinos e juristas para
codificar os direitos civis judaicos; este Consistoire Central des Juifs de
France ainda existe como um órgão do governo para a comunidade judaica da
França.
Em meados do século 19, os judeus praticamente integrados na vida
francesa. Contudo, as turbulências políticas promovidas pela derrota da França
na Guerra Franco-Prussiana (1870) teve consequências abrangentes para a França
e para seus cidadãos judeus, especialmente durante a ascensão da Terceira
República Francesa. Neste período houve aumento do antissemitismo como forma de
dispositivo político, para desviar a atenção das solicitações da sociedade
francesa na reforma.
Em 1894, o destino de um judeu Francês, o capitão Alfred
Dreyfus, falsamente acusado de traição com base em provas forjadas, quase
dividiu a nação. Enquanto alguns franceses o acusavam, outros lutaram
arduamente durante muito tempo para fazer justiça ao seu nome. Dentre eles se
destacam : Georges Clemenceau, Emile
Zola, Lucien Herr e Léon Blum - que em
1936 se tornaria o primeiro primeiro-ministro Judeu da França.
II GUERRA MUNDIAL
Toda a França sofreu durante a ocupação alemã na II Guerra Mundial, e
muitos foram mortos, judeus e não judeus; da população pré-guerra com cerca de
300.000 judeus, apenas 180 mil sobreviveram. Levou décadas para França aceitar
o fato de que alguns dos seus cidadãos colaboraram com a ocupação Alemã. Por
muitos anos o tema era um completo tabu.
Extra-oficialmente, porém, era um assunto da literatura e do cinema:
Marcel Ophuls 'Le Chagrin et la Pitié' (A Dor e a Piedade) e Hôtel Terminus,
mais tarde um filme sobre Klaus Barbie, conhecido como o carniceiro de Lyon;
filme de Alain Resnais Nuit et Brouillard (Noite e Nevoeiro), que foi proibido
pelo governo, até as referências na cumplicidade Francesa para a deportação de
judeus foram eliminadas, e o filme de 1976 Chantons sous l'Occupation (Canto
Sob a Ocupação) por André Halimi, sobre o papel de artistas franceses durante a
guerra.
![]() |
francesas imigrantes Johana e-Sivane em Jerusalém |
Finalmente, em 1995, logo após sua eleição, o Presidente Jacques Chirac
discursou no memorial recém-criado para as vítimas de 1942 - Vélodrome d'Hiver
em Paris. Local onde milhares de judeus foram levados para morrer em campos de
concentração, o Presidente Chirac reconheceu publicamente o que a França e
alguns de seus cidadãos, tinham feito a outros cidadãos franceses durante a
Segunda Guerra Mundial. Com mais de 600.000 pessoas, a comunidade Judaica na
França é hoje a terceira maior do mundo.