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Podem não judeus estudar Cabalá?

Podem não judeus estudar Cabalá?

Conceitos Básicos: Cabalá e Chassidutm - Perguntas e Respostas para Iniciantes - Por Rabino Yitzchak Ginsburgh

Quais Devem Ser Meus Objetivos?

O Baal Shem Tov entendeu que todas as almas possuem um senso da existência de uma realidade mais profunda do que pode ser percebida pelos cinco sentidos. A alma judia, em especial, está imbuída do desejo e da necessidade de estar em contato com a dimensão invisível e oculta da realidade.
Com frequência, o universo material que encobre o mundo faz com que judeus carreguem a ideia errônea de que é impossível atingir e se relacionar com a dimensão oculta da realidade. E, como resultado, algumas pessoas apenas desistem, entorpecidas pela banalidade da existência física. Entretanto, nossa era é testemunha para vários pesquisadores de que não são tão facilmente desviados dessa fundamental necessidade da alma – procurar o significado oculto da vida e da realidade, procurar o próprio D’us.
O aprendizado verdadeiro e sincero da Cabalá e da Chassidut autênticas levam a pessoa a dois simples objetivos: primeiro, entender que D’us é tudo e tudo é D’us. Ele está em todo lugar – em cada aspecto de nossas vidas. Nosso objetivo é descobrir D’us e nos conectarmos com ele em tudo o que fazemos. O segundo objetivo é que pelo nosso aprendizado possamos difundir, ensinar e despertar outros nesse caminho.
Cada um de nós possui uma missão Divina – espalhar a Luz Divina para os cantos mais escuros do mundo. Não importa a idade, sexo ou formação, cada pessoa foi trazida para que ela, de sua própria maneira, transforme o mundo para melhor. Todo o objetivo do indivíduo deve ser o de fazer sua parte para transformar este mundo em uma moradia Divina – repleta de amor, bondade, saúde, alegria e paz verdadeira.

Podem a Cabalá e a Chassidut Mudar Minha Vida?

A Cabalá é primeiro e, acima de tudo, o estudo do D’us Criador. Quando, com toda a sinceridade do coração, nos aprofundamos nos mistérios e atributos Divinos, dia após dia, hora após hora, nada poderemos fazer a não ser refinar nossas personalidades durante esse processo.
Esse processo é cíclico – quanto mais estudamos a Cabalá com a intenção apropriada, melhor entendemos as manifestações de D’us no mundo e procuramos emular Suas qualidades. Quanto mais refinamos nosso caráter na emulação de D’us, mais próximos ficamos da Presença Divina na criação e somos mais capazes de entender a dimensão interior da realidade e experimentar D’us na criação.
Quando nossa alma se funde com a sabedoria mística, todo nosso padrão de vida é transformado – da consciência de nossas almas, às emoções de nossos corações, a todo aspecto de nosso comportamento.
O estudo da Cabalá depende da devoção e desejo verdadeiros do coração do estudante. Isto é um pré-requisito – o verdadeiro desejo do coração deve ser o de se aproximar de D’us. Além disso, depende da revelação de Cima. Ao longo das gerações, mais e mais tem sido revelado. A revelação final – que depende de quão verdadeiramente desejamos chegar próximo e nos unirmos a D’us – é a revelação profetizada para os Dias de Mashiach, que acreditamos serem iminentes.

Como a Cabalá e a Chassidut Podem Tornar-se Parte da Minha Vida Diária?

A dimensão oculta da Torá é uma parte integral da Torá e seus mandamentos. De fato, é um aspecto da Torá: o corpo da Torá sendo a lei e a alma da Torá sendo a Cabalá. Portanto, idealmente, estudantes sérios estudam tanto a lei da Torá quanto a Cabalá simultaneamente.
Um corpo não pode viver sem uma alma. A alma é enviada de Cima para penetrar o corpo, para aderir, em união, ao corpo no mistério da vida. Na Cabalá, a união do corpo e da alma é chamada Maasê Merkavá (“Os Trabalhos da Carruagem”), e é considerado o mistério mais profundo da Torá. Para que possamos ter acesso a esse segredo mais secreto, deve-se estudar tanto o corpo quanto a alma da Torá.
Existem, claro, períodos da vida quando enfatizamos um mais do que outro. Essas são questões pessoais e particulares para a qual nenhuma regra deve ser delineada. Em geral, como para tudo, deve haver equilíbrio, ponderação e união. Devemos nos devotar ao estudo das leis da Torá e à sabedoria e raciocínio por trás dessas leis. Simultaneamente, para que encontremos D’us, Aquele que faz as leis, devemos nos aprofundar em Seus ensinamentos. Aprender Torá reestrutura nossos processos de pensamento de acordo com a lógica Divina inerente à Torá. Os padrões de pensamento e de referência inatos à Torá tornam-se assimilados em nosso intelecto e refletido em nossa vida.
Em vez de se desenvolver de forma linear, como é comum na cultura ocidental, o estudo da Torá avança de forma circular. Nós aprendemos e, então, revisamos de novo e de novo, cada vez adicionando uma nova e mais profunda camada de conhecimento.
Nessa forma de estudo, a Torá Escrita, o Talmud, os códigos da Lei Judaica, e a parte esotérica, são vistos como um todo abrangente e único. Nenhuma separação pode ser feita entre a dimensão legal do estudo e da prática da Torá. Os textos da Lei Talmúdica estão unidos intrinsecamente com os ensinamentos místicos. Da mesma forma, a Cabalá não pode ser estudada sem a devoção ao Talmud e seus comentários e aos códigos legais.
Assim, o estudante das leis da Torá deverá perceber que uma dimensão oculta e mística existe mesmo nos aspectos mais diminutos da observância da Torá. Por outro lado, um estudante estimulado pelo poder dos ensinamentos místicos da Cabalá deve perceber que a expressão plena desses ensinamentos vem da observância diária das leis da Torá e suas mitsvot.

Como Posso Saber Se a Fonte é Autêntica?

O verdadeiro estudo da Cabalá é o estudo de como ficar próximo a D’us e emular Seus Divinos atributos. No estudo adequado da Cabalá e Chassidut, deve-se tentar prezar e identificar com a auto-anulação na presença de D’us. Se uma pessoa ou instituição que pretende ensinar Cabalá lhe diz que você tem poderes espirituais raros, ou promete a você tais poderes, esse é o primeiro sinal de que essa fonte não é autêntica.
Deve-se avaliar honestamente se o que se está procurando é D’us (a experiência da auto-anulação) ou se o desejo é meramente por uma experiência que se origina em seu ego. A diferenciação básica entre a Cabala autêntica e não-autêntica é como ela é representada: como “coisas” ou como auto-anulação na presença de D’us.
D’us criou nosso mundo com amor. É Seu desejo que nos purifiquemos e retornemos a Ele com amor – sem julgamentos ásperos, que Ele não o permita. Se uma pessoa ou instituição tenta manipular você com ameaças de punição severa neste mundo ou no próximo, este é um outro indício de que esta fonte não é autêntica.
A mitsvá (“Mandamento”) de tsedacá, por exemplo, é considerada uma mitsvá abrangente da Torá e é um dos pilares do judaísmo. Essa mitsvá inclui doar diretamente ao necessitado tanto quanto apoiar organizações que ajudam outros materialmente e espiritualmente. Fazer doações para uma causa como essa dá, ao doador, o mérito de participar em todas as boas ações e objetivos da organização. Em vários locais, também se costuma dar caridade quando se consulta um Tsadik, sábio. Um verdadeiro sábio ou uma autêntica organização não se relacionarão com uma pessoa de acordo com o volume de sua doação ou pela falta dela. Eles aceitarão cada pessoa com paciência e carinho, com um verdadeiro desejo de ajudar ao próximo.
A Cabalá autêntica em nossa geração necessariamente começa com os pensamentos e profundo discernimento da Chassidut. por intermédio do estudo da Chassidut, o desejo inato da alma judia de se tornar única e próxima a D’us é despertada e revelada. Todas as curas e bênçãos vêm exclusivamente disso e de nada mais.

Quem Pode Estudar Cabalá e Chassidut?

Idealmente, todas as pessoas devem ser capazes de estudar a Cabalá. Cabalá é a sabedoria interna da criação que nos foi revelada por D’us para que nos aproximássemos D’Ele. De forma clara, D’us deseja que todos os seres humanos se aproximem D’Ele tanto quanto possível. Assim, a Cabalá é importante para todos.
Dito isto, é importante esclarecer que cada um de nós deve estudar a Cabalá em seu próprio nível, o qual, ao contrário da crença comum, pode não ter nada a ver com idade, sexo ou qualquer outra limitação imaginária.

Podem Não-Judeus Estudar Cabalá?

Uma vez que a Cabalá é parte da tradição judaica, é um fato erroneamente comum assumir que ela não tem relação com os não-judeus. Entretanto, muito da Cabalá é pertinente a todos os seres humanos, uma vez que o estudo da Cabalá desperta em todos os estudantes o desejo de adorar ao D’us Único, como comandado na Torá para toda a humanidade.
A Torá antecipa que todo ser humano se torne um servo justo e exclusivo do D’us Único de Israel. Para um não-judeu, isto significa tornar-se um gentio justo a menos que ele deseje avançar ainda mais e se converter ao Judaísmo. Muito da Cabalá é pertinente à consciência dos gentios justos. A Cabalá e a Chassidut estimulam as pessoas ao verdadeiro serviço a D’us, um mandamento relevante a toda humanidade. Para esse serviço, deve-se ter em mente e experimentar as emoções do amor e temor a D’us, dois dos seis mandamentos constantes do coração. Para que experimentemos essas emoções, precisamos ter informações e conteúdo meditativo. A Chassidut nos ensina que não-judeus devem também meditar sobre aquelas verdades e profundezas da realidade da Providência Divina no mundo que irão despertar seus corações ao serviço do D’us Único de Israel. Essas seções da Cabalá são pré-requisitos para que os não-judeus se aproximem de D’us.
Os níveis da Luz Divina que são pertinentes ao estudo pelos não-judeus são os níveis explicitamente essenciais da Divindade. Esse é o influxo da energia Divina que está presente no processo criativo. A Luz Infinita de D’us é a transcendência absoluta. O propósito final da Chassidut é trazer a transcendência para a perspectiva da essência. Até a chegada do Mashiach, isto ainda assim será um estado da consciência judaica. Assim, um não-judeu deve aprender na Cabalá aqueles segredos da criação que o ajudem a apreciar e a se tornarem conscientes da luz essencial de D’us na criação. Isto o leva mais próximo a D’us e aumenta seu desejo de servi-Lo.
Claramente, para que os não-judeus estudem a Cabalá – a qual, afinal, é uma expressão intrínseca da fé judaica – eles devem se identificar com o recebimento dessa sabedoria por meio do canal da Torá e do Povo Judeu e a comprometerem a si próprios à adoração do D’us Único de Israel e a viverem de acordo com os sete mandamentos dados por Ele a Noach para todos os povos.

Existe Alguma Limitação de Idade ou Sexo ao Estudo da Cabalá?

Mesmo havendo uma opinião de que não se deve começar o estudo da Cabalá até os 40 anos de idade, os grandes mestres da Cabalá e da Chassidut não concordam com ela. Alguns dos grandes professores da Cabalá – incluindo o Ari, o Rabbi Moshe Chaim Luzzatto (também conhecido como o Ramchal) e o Rebbe Nachman de Breslov – não viveram até os 40 anos! A partir de pouca idade, eles começaram a estudar a Cabalá. No Zohar, encontramos que um dos sinais da chegada do Mashiach será o estudo e a discussão da Cabalá pelas crianças.
A Chassidut nos revela o drama da criação do universo por D’us. É como um jogo de esconde-esconde. Nesse jogo de inspiração Divina, D’us esconde a Si próprio, mas Ele deseja que O procuremos. Ele nos promete que, se O procurarmos com todo nosso coração e alma, poderemos, finalmente, encontrá-Lo.
Essa procura é o estudo da Cabalá. Ele pode começar no primeiro momento que a pessoa percebe que existe mais neste mundo do que sua visão pode alcançar e isto pode acontecer em um estágio bem precoce da vida.
A razão pela qual algumas autoridades nos alertaram contra o estudo precoce da Cabalá foi pelos exemplos na história judaica, alguns recentes, quando fenômenos muito negativos resultaram da má interpretação e do mau uso da Cabalá. Por exemplo, cerca de 350 anos atrás, um judeu mal orientado, Shabbetai Tzvi, se autoproclamou o Mashiach, baseando-se em interpretações equivocadas da Cabalá. Até que fosse provado ser ele uma fraude, foi provocado um grande sofrimento material e espiritual sobre uma importante porção da comunidade judaica da Europa.
Esta é uma das razões pelas quais o Ba’al Shem Tov revelou uma nova dimensão da Cabalá – a Chassidut. A Chassidut expressa a Cabalá de uma forma acessível a toda alma, e isto exclui qualquer possibilidade de interpretação errada. Assim, é altamente recomendável o estudo da Cabalá por intermédio da estrutura da Chassidut. Quando a Cabalá é estudada dessa forma, o perigo não existe. Se não há perigo, também não haverá barreira de idade ou outra limitação para o estudo da dimensão interna da Torá.
Certamente, o estudo da dimensão interna da Torá – Cabalá e Chassidut – ajuda a todas as pessoas a cumprirem os “deveres do coração” – os seis mandamentos permanentes ordenados pela Torá, que incluem a fé na Onipresença e Providência Divinas acima de tudo, além do amor e temor a D’us.
Esses mandamentos são relevantes aos homens, mulheres e crianças. Certamente, são a chave na educação das crianças estarem relacionadas aos fundamentos do aperfeiçoamento do estado de consciência da pessoa.
Verdadeiras experiências de fé, amor e temor dependem de um processo meditativo, como explicado por Maimônides – o grande filósofo Judeu e autor do Mishneh Torá (“Revisão da Torá”). Esta experiência nos chega com o estudo da dimensão interna da Torá. Mesmo que Maimônides tenha vivido antes da revelação do Zohar, estava claro para ele que se deve tentar acessar os segredos da criação. Isto é o que fortalece a fé em D’us e desperta, no coração, as emoções de amor e temor.
Assim, se a Cabalá e a Chassidut forem estudadas em consideração ao cumprimento dos “deveres do coração”, não haverá diferença entre homens e mulheres, pois esses mandamentos são igualmente pertinentes a todos.
O estudo dos aspectos mais técnicos da Cabalá podem não produzir imediatamente as emoções de amor e temor no coração. Entretanto, o mesmo não pode ser dito do estudo dos trabalhos Chassídicos. O Tanya, ( escrito pelo Rabbi Schneur Zalman de Liadi), por exemplo, traz para a terra as fórmulas abstratas e frequentemente impenetráveis da Cabalá clássica e as traduz para os termos da experiência humana comum. Certamente, o objetivo explícito dos trabalhos Chassídicos é despertar, no coração, as emoções de amor e temor.
Obviamente, qualquer assunto deve ser estudado no nível ou grau de compreensão de cada estudante. Existem infinitos níveis de compreensão. Deve-se iniciar no nível apropriado a ele e continuar a partir desse ponto.

POR RABINO YITZCHAK GINSBURGH
Rabino Yitzchak Ginsburg é fundador e diretor do Instituto Gal Einai: Instituto de Estudo Interdisciplinário Avançado de Torá, Arte e Ciências. Renomado explicador de Cabalá e Chassidut, Rabino Ginsburg escreveu mais de quarenta livros esclarecendo tópicos de Torá como psicologia, medicina, política, matemática e relacionamentos.

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2 Comentários
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  1. Gostaria muito de adquirir os livros que o Senhor escreveu. Como faço para que isto aconteça?
    Slalom!

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    1. Te indico duas livrarias:

      https://www.facebook.com/atzilut.livraria
      http://tendadeabraao.com.br/

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