Israel exibe, em maio, durante a Agritech, inovações em fertirrigação, reúso de água, cultivo em estufas e gestão de rebanhos.
Bruno Blecher
Israel apresentou na Agritech a tecnologia de ponta que transformou seus desertos em pomares e lavouras de alta produtividade. A exposição, realizada a cada três anos em Tel Aviv, traz novidades em irrigação, reúso e gestão de água, estufas automatizadas, softwares e equipamentos para ordenha e monitoramento de rebanhos leiteiros.
Com a metade de seu território localizada em regiões áridas, o país consegue produzir alimentos suficientes para atender a mais de 90% da demanda interna e gerar excedentes para exportação.
A avançada tecnologia israelense nasceu nos kibutz, as fazendas comunitárias criadas pelos pioneiros dos anos 1940, e ganhou o mundo a partir dos anos 60 e 70 do século passado. A estreita colaboração entre agricultores, cientistas e governo gerou uma moderna indústria, que desenvolveu sistemas e equipamentos inovadores, revolucionando o conceito da agricultura irrigada.
Com metade do território em regiões áridas, Israel desenvolveu sistemas avançados de irrigação.
Para superar sua geografia hostil, Israel se tornou líder mundial em pesquisa de recursos hídricos e hoje reutiliza 85% da água que produz, com um leque variado de tecnologias que inclui o bombardeio de nuvens e a reciclagem de água de esgoto. Os centros de pesquisa israelenses desenvolvem novos sistemas de filtragem e reciclagem, como o uso de bactérias luminosas que verificam a qualidade da água em poucos segundos. O desafio agora é baratear a dessalinização da água do mar, que tem custo ainda muito elevado.
Um dos destaques da Agritech são os avançados sistemas de gotejamento e fertirrigação, que hoje têm como líderes mundiais as empresas Netafim e NaandanJain. Essas tecnologias permitem grande redução do consumo de água, ganhos de produtividade nas lavouras e melhoria da qualidade das frutas, legumes e verduras, ao dosar a quantidade adequada de água e fertilizante aplicada às plantas, desde o plantio até a colheita.
Os sistemas de estufa, incluindo filmes plásticos especializados, aquecimento, ventilação e estrutura, permitem que os agricultores israelenses alcancem resultados expressivos na produção de hortaliças. Em pleno deserto do Negev, no sul de Israel, os agricultores de Arava conseguem colher 300 toneladas ao ano por hectare. As 600 famílias que vivem em oito assentamentos da região produzem cerca de 150.000 toneladas de vegetais por ano em estufas, a maior parte exportada para países da Europa.
Os sistemas de estufa turbinam a produção de hortaliças; máquina que processa sementes de romã, embala e congela o produto.
A produtividade recorde se repete na pecuária de leite. A Afikim, conhecida pela marca Afimilk, vai levar à feira sistemas informatizados para fazendas de gado leiteiro. A empresa, presente hoje em 50 países do mundo, introduziu os primeiros sistemas de monitoramento de rebanho e fornece ferramentas para maximizar a eficiência das fazendas de leite.
O programa desenvolvido pela Afikim coleta informações de cada animal, constrói um banco de dados e gera relatórios em tempo real sobre a saúde do rebanho, a quantidade e a qualidade do leite.
Em Israel, a média de produtividade de leite está ao redor de 12.000 litros por vaca ao ano, a maior do mundo (no Brasil, a media não chega a 1.500 litros). Nessa área também atua a SCR, empresa que fabrica o “heatime”, sistema para detecção de cios que já foi instalado em mais de 8 mil fazendas em várias partes do mundo.
A Ziv-Golan apresenta na Agritech os equipamentos da Juran-ArilSystem e da FreshDefrost que processam as sementes de romã, embalam e congelam o produto. A Juran introduziu o primeiro sistema automatizado para a extração da semente em 2003, que hoje tem capacidade para processar até 56 frutas por minuto, com um rendimento de mais de 300 quilos por hora de sementes de qualidade superior. A tecnologia de congelamento mantém as propriedades naturais da fruta, disponibilizando aos consumidores frutas quase tão frescas como as recém-colhidas, em qualquer época do ano.
A piscicultura israelense, que ficou famosa no mercado internacional com o saint-peter, está apostando também nos peixes ornamentais. A Ginat Fish Company produz cerca de 2 milhões de “guppies” por ano, peixes de aquário que são exportados principalmente para a Europa. Um guppy normalmente é vendido por um euro na Europa.
Mais informações: Missão Econômica de Israel no Brasil, & (11) 3032-3511, ) anaclaudia.barchifelisardo@israeltrade.gov.il