
"As renúncias de Silvan Shalom e Yinon Magal antes dele, não são menos do que uma revolução acontecendo bem diante de nossos olhos na esfera pública israelense", disse a legisladora Zehava Galon, do partido de esquerda Meretz, em sua página do Facebook.
"As mulheres costumavam guardar silêncio depois de serem abusadas sexualmente. As renúncias são o resultado de uma revolta, de uma decisão de não manter mais o silêncio", acrescentou. “Estou feliz e orgulhosa de quão longe nós temos chegado", availou a parlamentar Zehava Galon
"Esta é uma vitória por normas públicas consentâneas, exigidas de funcionários públicos eleitos em Israel, normas estas que não admitem que eles permaneçam na posse de seus mandatos enquanto muitas provas têm se acumulado contra eles", disse Galon numa declaração conjunta com as colegas parlamentares do partido Meretz, Tamar Zandberg e Michal Rozin.
Pelo menos onze mulheres já denunciaram Shalom de assediá-las sexualmente, enquanto ele ocupou vários cargos no parlamento israelense ao longo dos últimos 23 anos. No domingo, 20/12, o parlamentar anunciou a sua renúncia do Knesset (Parlamento israelense) e do governo.
Não só os opositores políticos manifestaram a sua aprovação da renúncia de Shalom. "Eu acho que este é um passo correto e importante", disse seu colega, membro do partido Likud, Sharren Haskel, de 31 anos. "Eu confio nas autoridades legais de Israel e espero que os fatos sejam totalmente esclarecidos."
Essa tendência começou no mês de novembro, quando o parlamentar Yinon Magal, líder do Habayit Hayehudi (A Casa Judia), um partido no Knesset, renunciou depois de igualmente ter sido acusado de má conduta sexual durante seu trabalho anterior como jornalista.
"Yinon Magal estabeleceu um novo e importante padrão", comentou a parlamentar Shelly Yachimovich, do partido Zionist Union (União Sionista). "Ele não depreciou os autores da denúncia, ele admitiu suas ações e saiu." Ela acrescentou que as ações de Magal são parte de uma mudança bem-vinda e extraordinária pela qual passa a política israelense. "As mulheres que foram abusadas sexualmente estão pouco-a-pouco começando a não mais se envergonharem das experiências que tiveram. As pessoas responsáveis, os agressores, são os que estão pagando o preço", comentou.
A renúncia de Shalom também caracteriza outro marco na política israelense, uma vez que entra para o parlamento em seu lugar, o parlamentar Amir Ohana, 39, primeiro parlamentar de direita abertamente homossexual na história do parlamento de Israel. Ohana obteve uma calorosa recepção de seus colegas parlamentares. "Dou as boas-vindas a Amir Ohana para o Knesset", disse Yachimovich. "Sua tarefa não é simples. Espero que sejamos aliados na luta pela igualdade."
"Ele é uma aquisição significativa para o campo liberal, e outro representante de qualidade da nova geração do parlamento”, comentou o parlamentar Haskel sobre o novo colega Ohana.
Fonte: TPS / Texto: Michael Bachner / Tradução: Renata Christofoletti / Foto: Andrew McIntire/TPS (Legenda: Knesset - Parlamento Israelense)