Oposição israelense sai em defesa de Dani Dayan

Oposição israelense sai em defesa de Dani Dayan

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Oposição israelense sai em defesa de Dani Dayan
Yitzhak Herzog
Oposição israelense sai em defesa de escolhido para embaixada no Brasil

Indicação de Dani Dayan, 59, causou polêmica pelo fato de ser um colono e defensor ativo dos assentamentos israelenses na Cisjordânia.
Nomes influentes da política israelense, tanto de direita quanto de esquerda, saíram em defesa da nomeação de Dani Dayan, 59, para ser o próximo embaixador de Israel em Brasília. Sua indicação causou polêmica pelo fato de ser um colono e defensor ativo dos assentamentos israelenses na Cisjordânia.

A reportagem apurou que o líder da oposição, Yitzhak Herzog, do Partido Trabalhista, telefonou na segunda-feira (21) para o embaixador do Brasil em Tel Aviv, Henrique Sardinha Pinto, para pedir que Brasília aceite Dayan, indicado pelo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu -que também acumula o cargo de ministro das Relações Exteriores- em agosto e aprovado pelo gabinete no dia 6 de setembro.

Extra-oficial

“Apoio a nomeação de Dayan, alguém bom e digno para essa missão, apesar de não concordar com ele [ideologicamente]. O diálogo extraoficial de israelenses com o governo do Brasil nesse assunto é desnecessário e danoso”, escreveu Herzog no Facebook, se referindo ao pedido de ativistas de esquerda israelenses ao governo do Brasil para que rejeite o nome.

Nesta terça (22), foi a vez do ex-ministro das Finanças e líder do partido de centro Yesh Atid (há futuro) Yair Lapid, e o do presidente do Knesset (o Parlamento), Yuli Edelstein, do partido governista Likud, ligarem para o embaixador.

“Durante a conversa, foi esclarecido ao embaixador que a nomeação de Dayan é absolutamente digna e que é preciso rejeitar veementemente as tentativas veladas e graves de frustrá-la”, disse Edelstein em comunicado, enfatizando não ter sido boicotado por autoridades brasileiras mesmo sendo ele também morador de um assentamento.

A reportagem apurou que um nome de alto escalão do governo israelense teria conversa marcada diretamente com presidente, Dilma Rousseff, para defender a nomeação.

Nos bastidores

Apesar de a indicação ainda não ter sido enviada oficialmente a Brasília, o governo brasileiro mandou mensagens veladas a Jerusalém pedindo que Netanyahu repense o nome de Dayan para o cargo. Um importante membro do Itamaraty passou o recado diretamente ao atual embaixador de Israel em Brasília, Reda Mansour, que deixa o cargo no fim de outubro.

Mas a nomeação de Dayan -ex-presidente do Conselho Yesha, que representa os 500 mil colonos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, e morador do assentamento de Maale Shomron- se tornou discussão nacional em Israel depois que um grupo de ativistas de esquerda procurou o embaixador Sardinha para influenciar o Itamaraty a rejeitar a nomeação. Entre eles estavam três ex-embaixadores de Israel, que alegam que Dayan é contra a criação de um Estado palestino e que o Brasil teria, então, o dever de rejeitá-lo para não compactuar com seus ideais.

“Dani Dayan não pode representar Israel junto ao governo do Brasil sem que isso signifique que o Brasil está disposto a aceitar seu ponto de vista”, disse Ilan Baruch, ex-embaixador de Israel na África do Sul, um dos três ex-diplomatas. “O Brasil, que defende a ideia de dois Estados para dois povos, deve pedir a Netanyahu que envie um embaixador profissional, não uma indicação política.”

O Ministério das Relações Exteriores de Israel pode fazer até 11 nomeações políticas de embaixadores. Mas, para Baruch, Dani Dayan, que é próximo a Netanyahu, deve ser rejeitado. “Ele investiu os últimos anos da sua vida na tentativa de convencer o mundo todo de que não há espaço para o Estado palestino. Isso é antiético”, disse Baruch.

Os outros ex-diplomatas críticos a Dayan são Alon Liel, também ex-embaixador de Israel na África do Sul e ex-diretor do Ministério do Exterior, e Eli Bar-Navi, ex-embaixador na França.

Governo eleito

Contrariada, a vice-chanceler Tzipi Hotovely publicou um texto no Facebook dizendo que Dayan representa o ponto de vista de um governo eleito democraticamente. Segundo Hotovely, “não há limites para o absurdo” de quem pensa “que colonos não podem ser embaixadores”. O ministro da Defesa, Moshe Ya’alon, também defendeu a nomeação no Facebook, afirmando que os ativistas “perderam a vergonha”: “Dayan é parte do campo político que foi eleito pela maioria do público para governar o Estado de Israel. A tentativa de pessoas entre nós de difamar Israel desta forma é vergonhosa, perigosa e torpe”.
Oposição israelense sai em defesa de Dani Dayan
Shelly Yachimovich

A parlamentar de esquerda Shelly Yachimovich, ex-líder do Partido Trabalhista, também divulgou mensagem de apoio a Dayan na internet: “Me irrita e enfurece quando, no meu campo político, age-se de maneira condenável e obscena e também, me perdoem, idiota. Têm algum problema com o fato de que se trata de homem de direita, que vive numa colônia? Façam barulho e campanha aqui em Israel. Por que correr para um governo estrangeiro?”

O parlamentar Michael Oren, do partido de centro Kulanu e ex-embaixador de Israel nos Estados Unidos, também escreveu no Facebook: “Esses embaixadores atuam no plano internacional para isolar o Estado de Israel. Apoiam a criação de um Estado palestino sem que isso seja ligado a negociações diretas”.

No Brasil, uma petição de 40 organizações de esquerda foi enviada à presidente Dilma pedindo a rejeição da nomeação de Dayan. Elas dizem que ele é um criminoso de guerra por ser colono. Além disso, 70 parlamentares brasileiros entregaram ao atual embaixador de Israel, Reda Mansour, uma petição para que a nomeação seja revista. Entre os parlamentares estão a presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, a deputada federal Jô Moraes (PC do B-MG).

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