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O Filho de Saul

O Filho de Saul
O Filho de Saul,  já chega a Hollywood com o selo de Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes, ter sessões constantes na ‘meca do cinemão’.
A Sony Classics, distribuidora do longa nos Estados Unidos, sabe que, além de ter um grande filme nas mãos, tem também um tema sensível aos membros da Academia. A propósito, ao lado do chileno O Clube, o longa húngaro forma a ala densa do hall dos estrangeiros do 
Dirigido por Laslo Nemes, O Filho de Saul retrata a agonizante saga do judeu húngaro Saul. Ele é membro de um sonderkommando (grupos de trabalho formados por prisioneiros dos campos de concentração nazistas que eram obrigados a trabalhar nas câmaras de gás e nos crematórios, entre outras tarefas) e quer enterrar seu filho. Focado majoritariamente no rosto e nas ações do ator Géza Röhrig (Saul), o longa transmite com maestria a claustrofobia de se estar preso em um inferno real, em que a única saída é a morte e a dignidade de ser enterrado, um último alento.
O Filho de Saul

Não por acaso, o filme vem sendo apontado como o ‘já ganhou’ do ano, tanto no Globo de Ouro, cuja cerimônia de entrega dos prêmios ocorre em 10 de janeiro, quanto no Oscar, que ocorre em 28 de fevereiro de 2016. O Clube, que fecha a lista, é dirigido por Pablo Larraín (indicado em 2013 por No) e retrata a vida de um grupo de religiosos católicos que vivem isolados, e exilados, em um vilarejo à beira-mar, afastados da Igreja por mau comportamento, que inclui pedofilia, tráfico de bebês, conivência com crimes cometidos pela Ditadura Militar… A direção crua e afiada de Larrain lhe rendeu o grande prêmio do júri no Festival de Berlim 2015.

Mais detalhes:
A Segunda Guerra Mundial já foi vista sob as mais variadas óticas no cinema: dos vencedores, dos vencidos, patriota, política, histórica e, também, dolorosa. Esta é a característica mais marcante de Saul Fia, filme húngaro dirigido pelo estreante em longas László Nemes, que foi selecionado para a mostra competitiva do Festival de Cannes 2015.

A história é até bem simples: um judeu trabalha em pleno campo de concentração como sonderkommando, ou seja, integra o grupo de judeus designados pelos alemães, e separados dos demais, para carregar os corpos dos prisioneiros e ainda cremá-los, após passarem pelas câmaras de gás. Um dia, ao realizar o árduo trabalho diário, descobre que um garoto sobreviveu... por pouco tempo, já que logo em seguida ele é executado por um oficial alemão. O corpo largado logo é requisitado por Saul, mas o jovem foi enviado para a autópsia. Começa então uma jornada pessoal para recuperar o cadáver e, com a dignidade possível na situação, enterrá-lo.

A grande sacada do longa-metragem é a proposta estética aplicada com rigor pelo diretor, onde a câmera está ora grudada no rosto de Saul, ora representando o que ele vê naquele momento. Ou seja, os horrores da guerra são apresentados sob o olhar de quem a vivencia, dia após dia, o que é ainda impulsionado pelo formato de tela reduzido, de 1: 37, que amplia a sensação de aprisionamento naquela realidade. O semblante sempre empedernido é algo necessário e inevitável para suportar a tragédia diária e o fato de, apesar de obrigado, participar de alguma forma da matança generalizada.

Diante de tal proposta, Saul Fia oferece um considerável desafio a Géza Röhrig, intérprete do personagem principal, já que ele está praticamente em todas as cenas. A tensão do local é transmitida muito pelo que acontece à sua volta e o próprio desespero transmitido, contido em sua ausência de liberdade, quando precisa encontrar algum meio de recolher o corpo do garoto e enterrá-lo. O filme, curiosamente, traz um certo spoiler já em seu título – “Son of Saul” em inglês, “Filho de Saul” na tradução literal -, mas no decorrer da própria história há um certo questionamento sobre o parentesco entre os dois. Seria ele realmente seu pai ou a imagem da criança morta despertou um desejo incontrolável de, ao menos ali, recuperar um pouco a dignidade há muito perdida pelos judeus em geral? Seria esta também uma reação à opressão suportada no campo de concentração, uma espécie de “basta!” íntimo?


       
       

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