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"CALL ME ABBY" (ME CHAME ABBY), ESCREVEU AMERICANA NO FACEBOOK APÓS INICIAR TRATAMENTO COM HORMÔNIOS, EM SETEMBRO (FOTO: REPRODUÇÃO / FACEBOOK) |
Deixei minha comunidade para me tornar mulher", relata judeu ortodoxo em blog.
Há quatro anos, Abby Stein se separou da antiga esposa e deixou comunidade para viver seu "verdadeiro eu". "Na comunidade em que fui criado, o termo trans não existe", diz.
Há quatro anos, Abby Stein se separou da antiga esposa e deixou comunidade para viver seu "verdadeiro eu". "Na comunidade em que fui criado, o termo trans não existe", diz.
Um americano de uma comunidade judaica ultra-ortodoxa do Brooklyn, em Nova York, relata em um blog como teve de se afastar da família e amigos para iniciar um processo de transição de gênero. Srully Stein, que recentemente adotou o nome feminino Abby, começou a tomar hormônios em setembro e diz que, finalmente, pode viver em paz com seu "verdadeiro eu".
"Na comunidade em que fui criado, o termo trans não existe, nem mesmo é citado", escreveu a jovem de 24 anos no blog. "Tive de me convencer que tinha de ser um pouco louco e deixar essa 'coisa estúpida' de viver como uma mulher se liberar da minha cabeça."
Abby diz que se sentia mulher há muitos anos, mas não poderia sequer considerar falar sobre o assunto com alguém da sua comunidade. Seguindo as tradições, ela se casou aos 18 e logo teve um filho. "Minha família e comunidade são tão fechadas que até os 14 anos eu achava que a maioria das pessoas fossem judias ortodoxas", diz ela, que afirma não ter tido acesso a internet, televisão nem filmes, mesmo os de origem judaica.
Descendente de uma família do hassidismo, corrente tradicional do judaísmo, Abby disse sofrer com mais restrições que outras famílias da comunidade. "Como homem, era esperado que eu só trabalhasse em empregos judaicos, não dirigisse e era cobrado constantemente para ser um modelo para a comunidade."
Há quatro anos, ela se separou, deixou a comunidade e está no segundo ano de Ciência Política na Universidade de Columbia, onde também tem se dedicado aos estudos de gênero. "A estrada é longa, mas tenho o apoio de alguns amigos incríveis e profissionais. Pela primeira vez em minha vida, sinto que estou sendo eu mesma", escreveu no post, que recebeu mais de 20 mil comentários.
Abby conta que contou sobre a transição ao pai recentemente e que não ouvi falar dele desde então. "Acho que ele agora está mais chocado do que qualquer outra coisa. Ele não sabe o que fazer", contou ao New York Post.
Nas redes sociais muitos membros da antiga comunidade dela têm criticado a decisão. "Vi seu pai hoje na sinagoga, ele está morrendo da vergonha que você causou a ele", escreveu um deles. "Nenhum ser humano sobrepõe seu prazer à dor das pessoas que ama. Que tipo de animal é você?", adicionou outro.
Abby diz que já estava preparada para a reação. "Meu principal objetivo é fazer as pessoas falarem sobre isso. Eu não me importo com a reação de ódio da comunidade ortodoxa." Ela disse esperar que sua mudança ajude outros adolescentes judeus a lidarem com conflitos semelhantes.
"Desde que tornei minha decisão pública, 17 pessoas já me escreveram para contar que ainda vivem na comunidade e enfrentam situações do mesmo tipo. Muitos deles não sabem que podem ter ajuda", diz ela.
Leia o Blog em inglês:
http://www.srullystein.com/2012/10/continuing-my-history.html
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http://www.srullystein.com/2012/10/continuing-my-history.html