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Identidade Judaica, Vida e Morte

Identidade Judaica, Vida e Morte
Rabino Eliahu Birnbaum 

Parashat Chaiei Sará

“E Sará morreu… na terra de Canaã;… E Abrahão levantou-se de diante de sua falecida, e falou aos filhos de Het, dizendo: ‘Peregrino e morador sou entre vós; dai-me posse de um terreno para sepultura entre vós, e enterrarei minha morta que está diante de mim’… E depois, assim, enterrou Abrahão a Sará, sua mulher, na cova do campo da Machpelá… na terra de Canaã”.

(Gênesis 23, 1-20)

E Abrahão era velho, entrado em dias, e o Eterno o abençoara em tudo. E Abrahão disse a seu servo, o mais antigo de sua casa,… ‘e te farei jurar pelo Eterno, o D-us dos céus e o D-us da terra, que não tomarás para meu filho uma mulher das filhas do Cananeu, entre o qual eu moro. Entretanto, à minha terra e à minha parentela irás, e tomarás mulher para meu filho, para Itzchak.
(Gênesis 24, 1-4)

Com base na parashá anterior, que se refere ao sacrifício de Itzchak, poderíamos supor equivocadamente que Abraham era um homem cruel, disposto a sacrificar seu próprio filho. A parashá que agora consideramos, destaca ao invés disso, as qualidades familiares de Abraham, seu interesse por sua família e sua sensibilidade humana.

Nos dois acontecimentos centrais da parashá: a morte e o enterro de Sará, e a busca por uma mulher para Itzchak, vemos Abraham ativo e ao mesmo tempo preocupado por tudo o que concerne a sua família.

A parashá que temos diante de nós nos mostra duas características da vida dos patriarcas que constituem um exemplo para seus descendentes. Na primeira parte da parashá nos é relatado a forma como Abraham comprou um terreno para sepultar  sua esposa, sem aceitar a oferta dos donos da terra para sepultá-la em uma de suas tumbas. Na segunda parte da parashá lemos sobre o juramento que Abraham exigiu que seu escravo fizesse de não tomar para Itzchak seu filho nenhuma esposa de entre as jovens cananéias

Deste modo, Abraham estabeleceu de forma prática leis para as gerações seguintes: o enterro em uma tumba de Israel e evitar o casamento com os habitantes do país que possuem uma outra cultura ou religião, ou seja, o matrimônio misto.

Abraham defende fervorosamente suas idéias ligadas a ambos os temas e não está disposto a ceder.

Portanto, rechaça o presente que lhe é oferecido de uma tumba para Sara e roga aos moradores da terra que aceitem o pagamento por uma tumba completa, com o objetivo de enterrá-la e assim, a referida tumba seria de sua propriedade. Ele paga aos moradores a soma de quatrocentos shekalim de prata, e assim Sará pôde descansar em uma tumba pertencente à família.

O segundo tema da parashá, no qual Abraham manifesta-se decidido, é a repulsa total da possibilidade de um matrimônio de seu filho Itzchak com as mulheres cananéias. Abraham, nosso patriarca, conhecia perfeitamente a natureza humana, a influência do meio ambiente e a cultura sobre a preservação das tradições.

Compreendeu com clareza que a união de Itzchak com uma das mulheres nativas, traria o perigo de influências negativas sobre seu filho e sobre as gerações vindouras. Abraham era consciente do perigo do matrimônio misto, e temia que seu filho único fosse lesado casando-se com uma jovem do lugar onde viviam.

Estas duas preocupações de Abraham, procurar uma tumba judaica para sua esposa e evitar um matrimônio misto para seu filho, são justamente as duas preocupações que acompanham ao povo judeu na dispersão, desde os tempos de Abraham o patriarca até nossos dias. Estas duas preocupações constituem a última barreira capaz de prevenir a permanente ameaça da qual estamos sujeitos como povo.

O judeu, mesmo que às vezes, tenha se afastado de seu povo e de sua Torá, geralmente não renunciou a ser enterrado em um cemitério judaico. O enterro judaico é um poderoso símbolo na tradição milenar do povo de Israel. O Tanach destaca a importância de ser enterrado na terra, em uma sepultura judaica, e define como “maldição” o fato de não merecer um enterro judaico depois da morte.

O segundo fator de preservação da peculiaridade judaica se origina na ordem de Abraham ao seu escravo de não buscar para seu filho, uma esposa entre as jovens nativas, e segue sendo um dos valores centrais da tradição judaica em todos os tempos.

Apesar de Abraham ter mantido uma relação amistosa com os povos que o rodeavam, isto não queria dizer que deveria se casar com eles. O matrimônio misto constitui um perigo para a preservação da unicidade judaica e abre as portas para à assimilação e à extinção do nosso povo.

A linha que separa o povo judeu dos povos que o circundam não se origina de nenhum modo em uma atitude de desprezo dos seus valores ou de sua cultura, mas procura manter a essência judaica. As relações familiares conformam uma probabilidade de diálogo cultural e religioso que contribui para aprofundar a tradição judaica.

Abraham compreendeu que para manter a chama do judaísmo acesa, é necessário cuidar da união e unidade dos mortos e dos vivos.

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