Como julgamos?
Em
Yom Kipur questionamos a forma em que julgamos. Porque através de nossos
julgamentos infligimos sofrimento a nós mesmos e aos outros.
Por
isso Yom Kipur é um dia reflexão sobre nossos pré/juízos:
Pois
tendemos a justificar nossas atitudes incorretas como sendo produto das
circunstâncias.
E
as dos outros, como sendo inatas.
Esquecendo
que todo ato é sempre uma mistura de circunstâncias e de caráter.
Somos
compreensivos com os seres queridos e os que pensam como nós. E intolerantes
com os estranhos ou os que pensam diferente.
Queremos
que as pessoas levem em consideração nossa sensibilidade, e não levamos em
consideração a sensibilidade dos outros.
Nos
sentimos vítimas de situações que nos
machucam, mas não nos perguntamos se contribuímos para que elas aconteçam.
Ou
nos refugiamos na segurança cega do maniqueísmo, que supõe que só existe uma
única forma de estar certo ou de estar errado.
Desconhecendo
que em cada situação todos nós devemos conviver com valores, desejos e afetos
contraditórios.
Viver
exige julgar, mas devemos ser parcimoniosos quando o fazermos, pois quando
julgamos deixamos de argumentar e de ouvir o outro.
Porque
todos temos limitações e cada pessoa é
diferente, o respeito sempre deve preceder nossos atos. Quem não respeita, não
julga, só condena e ofende.
E
julgamos quando praticamos quando fofocamos sobre o que outros fazem ou
falam. A Cabala ensina que a fofoca é a
forma mais destrutiva de agir, porque prejudica pessoas e relacionamentos. Quem fofoca não procura a verdade, procura
se valorizar e desvalorizar o outro. Porque a “verdade” profunda da vida, como
ensina o Talmude, é contribuir para “a paz do lar”.
Por
isso em Yom Kipur lembramos que devemos julgar menos e compreender mais, sendo prudentes
e não reativos.
Agindo
de acordo com o rabino Hillel, que sintetizou a tradição judaica no princípio
de “não faças aos outros o que não
desejas que façam a ti”, e lembrando que o rabino Ben Zomá disse: “Quem é
sábio? Aquele que aprende de toda pessoa”.
Porque
Yom Kipur nos leva a questionar como julgamos, agradecemos:
Shehechyanu,
ve´quimanau ve’higuianu lazman haze.
Que vivemos, que existimos, que chegamos
a este momento.
Bernardo Sorj