Wendy Sherman a diplomata judia que negociou o nuclear iraniano pelos EUA
Aos 66 anos, Sherman é uma veterana de negociações difíceis: aconteceu com o acordo nuclear da Coreia do Norte e agora do Irã. Por detrás do olhar e sorriso calmos está uma negociadora de "punho de ferro em luva de veludo".
"A vida acontece por estações. (...) exigi muito à minha família e aos meus amigos. Chegou o momento de parar e descobrir o que fazer a seguir." Foi assim que Wendy Sherman comunicou, em maio, a sua decisão de trocar a administração de Barack Obama pela Universidade de Harvard. Acontecerá em outubro mais esta etapa na sua diversificada carreira.
Vice-secretária de Estado para os Assuntos Políticos, Sherman, de 66 anos, foi um elemento essencial na equipe de John Kerry, o chefe da diplomacia de Obama, para as negociações do dossiê nuclear iraniano que levaram a um acordo com Teerã. Sherman tinha a seu favor o fato de não ser uma novata neste tipo de negociações - já o fizera na administração de Bill Clinton em relação à Coreia do Norte - e ser judia. É que Israel critica o acordo e continua a defender a solução armada para pôr termo ao projeto nuclear iraniano.
Mas quem é esta mulher de aparência calma, segura de si, que os cartoonistas iranianos representaram como uma raposa? Wendy Ruth Sherman nasceu em Baltimore (Maryland) em 1949 numa família judia empenhada no movimento dos direitos cívicos. O seu pai, Malcolm Sherman, que serviu nos Marines na II Guerra Mundial, utilizou a sua agência imobiliária para lutar contra a discriminação. Em 1960, revela o Al-Monitor, Malcolm Sherman afirmou em conferência de imprensa que vendia casas fosse a quem fosse "independentemente da sua raça, cor ou credo".
"Malcolm e Miriam" - os pais de Wendy - "estavam de tal modo empenhados com a paz que não hesitaram em fazer a viagem para ir assistir à sessão de abertura das Nações Unidas em 1945, em São Francisco", contou Barbara Mikulski, senadora e ex-colega de Sherman no Maryland, ao mesmo Al-Monitor. Com este ambiente familiar, não surpreende que a número quatro do Departamento de Estado de Obama tenha sempre privilegiado o diálogo ao confronto.
Wendy Sherman ingressa aos 18 anos na Smith College, uma prestigiada universidade privada em Northampton (Massachusetts), depois completa em 1971 a licenciatura em Sociologia e Estudos Urbanos na Universidade de Boston. Cinco anos depois termina o mestrado em Trabalho Social na Universidade de Maryland, após o que inicia a sua carreira de assistente social, organizadora comunitária, sendo particularmente ativa em questões ligadas à mulher e à justiça social. E, num determinado momento, a política acabou por se intrometer na sua carreira quando dirige a lista da EMILY - destinada a ajudar à eleição de candidatas democratas.
