Dani Dayan com o primeiro-ministro
israelense, Benjamin Netanyahu
israelense, Benjamin Netanyahu
Governo israelense - A vice-ministra de Relações Exteriores de Israel, Tzipi Hotovely, defendeu a nomeação de Dani Dayan como embaixador no Brasil, depois que o governo brasileiro manifestou descontentamento, extraoficialmente, à sua designação.
"Dayan é a pessoa correta para representar neste momento Israel no Brasil", afirmou a ministra em comunicado divulgado à imprensa.
Hotovely acrescentou que "sua trajetória pública e sua ideologia devem ser uma vantagem, e não uma desvantagem, no momento em que vai representar a postura do atual governo, que apoia nosso direito de nos assentar em Judeia e Samaria". As declarações da vice-ministra são a primeira reação oficial do governo israelense à informação publicada sobre a mensagem que a presidente Dilma Rousseff havia enviado a Israel manifestando descontentamento com relação à nomeação de Dayan. Segundo o jornal "Yedioth Ahronoth", Dilma fez Israel conhecer seu incômodo com a designação de Dayan por ele viver em um assentamento em território sob ocupação e ter sido líder de um movimento de colonos. A mensagem foi enviada por meio de canais diplomáticos depois que o governo israelense solicitou a aprovação do brasileiro.
Opinião de Reinaldo Azevedo, colunista da revista VEJA - A quantidade de desaforos que o Brasil produz contra Israel dá o que pensar. Parece que a suposta militância antissionista do governo petista assume tinturas, no fim das contas, de antissemitismo. Aliás, vamos ser claros: o antissemitismo costuma se dizer apenas um antissionismo por delicadeza eufemística, não é mesmo? Qual é o busílis? O governo de Israel decidiu indicar Dani Dayan para embaixador no Brasil. O Palácio do Planalto, sempre por meio de Marco Aurélio Garcia, o ministro oficial dos Desastres Exteriores, fez chegar àquele país o seu descontentamento, já que Dayan, argentino naturalizado israelense, é considerado um representante dos colonos da Cisjordânia e não tem simpatias pela criação do estado palestino, defendido pelo governo brasileiro.
Vamos lá. O Palácio do Planalto tem todo o direito de gostar deste ou daquele. E de não gostar também. Mas, salvo engano, o embaixador de Israel no Brasil defenderá os interesses de… Israel em nosso país — que é o que costumam fazer os embaixadores, ora essa! Desde quando o representante de um estado é obrigado a abraçar a pauta daquele país para o qual é enviado? Isso é uma sandice! É claro que há protocolos nessas coisas. Não é raro que dois países tenham dissensões, embora mantenham relações diplomáticas. É evidente que não se vai enviar para o território com o qual há um contencioso importante alguém que seja flagrantemente contrário a qualquer forma de diálogo e que só acredite na linguagem do confronto — que vem a ser o contrário da diplomacia.
Mas não é o caso. Ainda que o Brasil tenha as suas opiniões sobre o estado palestino — e tem, claro!, o direito a isso —, o representante de Israel em nosso território não tem de comungar dos mesmos princípios. Considerações dessa natureza expõem o primitivismo que hoje dá as cartas no Itamaraty. Venham cá: o governo petista compartilha todos os pontos de vista do embaixador do Irã no Brasil? As opiniões dos embaixadores de Cuba e da Venezuela coincidem com as do Planalto? Acho que, nos três casos, prefiro nem saber a resposta. Ou melhor: acho que já sei.
O governo Dilma estrelou um vexame no ano passado quando, diante da escalada da violência entre israelenses e palestinos, emitiu uma nota em que censurou apenas Israel, ignorando os agressores palestinos e suas vítimas — judeus, é claro! O vazamento das restrições ao nome do embaixador é mais uma das grosserias do governo brasileiro com um país amigo, ao qual os petistas se opõem de maneira sistemática. Dizer o quê? Os “companheiros” tratam aos pontapés a única democracia do Oriente Médio é a pão de ló todas as ditaduras muçulmanas. Isso os define.