Você é um Judeu na cabeça?

Você é um Judeu na cabeça?

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Você é um Judeu na cabeça?
Por Rochel Holzkenner

Nossas roupas expõem nossa maneira de pensar?

Toda cultura tem rituais e roupas tradicionais. Mas elas tornam as pessoas distintas? Afinal, por trás das roupas, podemos ser bem parecidos. Sim, um índio nativo americano se veste de modo diferente do americano médio, mas eles têm muito em comum. Ambos têm aspirações e temores; ambos reagem quando seu ego é ameaçado. Expectativas sociais podem diferir entre as culturas, mas nossos processos de pensamento são surpreendentemente similares.

Os judeus, também, têm rituais distintos; modo de vestir, feriados interessantes e uma dieta singular. Quando D'us nos deu essas instruções, Ele nos disse que estava nos escolhendo como Sua nação especial. Mas por baixo desses rituais, somos realmente distintos? Como judeus, pensamos de modo diferente?

Pensar como judeu pode ser ainda mais desafiador que agir como judeu. Hoje perdi minhas chaves, e perdi um tempo enorme procurando por elas. Quando finalmente as encontrei, estava furioso e frustrado. Isso não deveria ter acontecido! “Mas e quanto a D'us?” pensei. “Você não acredita que Ele está no controle?”

“É claro!” respondi para mim mesmo. “Ah, mas se você realmente acreditasse em Seu plano, não ficaria tão irritado.”

É muito mais fácil para mim agir como judeu hoje que pensar como judeu. Sim, D'us nos escolheu e nos ensinou a agir judaicamente. Mas Ele também quer que pensemos como judeus; reacender nosso cérebro para que nosso raciocínio cresça em sincronia com Seu raciocínio. Essa é uma distinção bastante profunda.

Na verdade, todo ano celebramos Shavuot, o dia em que D'us nos presenteou com a Torá e nos escolheu para sermos Sua nação. E todo ano, no Shabat precedendo ou seguindo Shavuot, a porção da Torá começa com as seguintes palavras: “Levante a cabeça.” No nível literal, essa expressão é uma ordem para contar os membros da família Gershonita de Levitas. Mas “Levante a cabeça” é uma maneira engraçada de dizer “conte”.

Num nível místico, “levante a cabeça” é a ordem de D'us para todo judeu, pouco antes (ou depois) de Shavuot. Utilize a Torá para erguer sua cabeça, para mudar seu modo de pensar, não apenas aquilo que você faz.

A Torá com frequência é chamada de “pão”1. Rabi Shneur Zalman de Liadi explica por quê. Assim como o pão é mastigado e digerido até se tornar uma parte indistinguível do nosso corpo, quando a Torá é estudada com foco torna-se uma parte indistinguível de você, alimento para sua alma. Quando cumprimos mitsvot, os mandamentos de D'us, vestimos nossa alma com vestes sagradas. Mas quando estudamos Torá, a sabedoria de D'us, alimentamos nossa alma, Você pode tirar uma roupa, mas não pode realmente remover a comida depois que foi digerida e se torna a substância do seu ser. Celebre a Torá, D'us diz, e use-a para “levantar sua cabeça.” Mastigue-a, digira-a, e deixe que transforme sua mente.

Naquele momento de estudar Torá com foco, diz Rabi Shneur Zalman, há uma impressionante unidade entre o intelecto humano e o intelecto de D'us, semelhanças que não existem no mundo físico.

É impressionante que nosso intelecto limitado possa acessar e se unir com a sabedoria de D'us pro meio da Torá. D'us abençoou os seres humanos com um sofisticado poder cerebral. Mas podemos argumentar apenas a partir daquilo que sabemos, e podemos desenvolver a sabedoria somente quando é relativa à experiência humana. Isso torna nossa mente limitada.

Portanto D'us nos dá a oportunidade de “erguer nossas cabeças” e apreender conceitos que de outra forma seriam incognoscíveis. A sabedoria de D'us é infinita. Nossa mente aborda ideias que são quantificáveis e finitas. Mas antes que qualquer ideia seja desenvolvida e definida, ela existe na infinita sabedoria de D'us. Dali ela volta para se tornar um pensamento consciente com uma identidade distinta. A Torá treina nosso intelecto para transcender as limitações do mundo e apreender uma ideia da sua fonte, a fonte de todo conhecimento.

A Torá ergue nossa cabeça. É um fenômeno miraculoso. Com a infinidade de D'us acessível através de seus ensinamentos, a Torá pode elevar nossa consciência para experimentarmos o entendimento infinito dentro do nosso intelecto finito.

Quando D'us nos escolheu, tornamo-nos inatamente distintos. E para tornar essa distinção ainda mais evidente, Ele nos deu a impressionante chance de erguer a cabeça, reconectar nosso cérebro com a força invisível de Sua Torá.2

NOTAS
1. Veja Provérbios 9:5 e sua interpretação no Talmud (Chaguigá 14a). Veja também Salmos 40:9.
2. Baseado nos ensinamentos do Rebe, Rabi Menachem Mendel Schneerson, de abençoada memória. (Hitvaaduyot 5750), e no Tanya, cap. 5.

POR ROCHEL HOLZKENNER

Rochel Holzkenner é mãe de quatro filhos e co-diretora do Chabad de Las Olas, Florida, onde serve uma comunidade formada por jovens profissionais. Professora do ensino médio e escritora independente contribui com artigos para o site chabad.org. Dá palestras sobre cabala e feminismo e como aplicá-los na vida diária. Possui mestrado em Pesquisa do Cérebro pela Universidade Nova SE.
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