MADRI — Judeu ortodoxo, Matisyahu é boicotado em festival de reggae na Espanha
Participação do cantor no Rototom Sunsplash foi cancelada depois de reivindicação do movimento BDS, contrário à criação do Estado de Israel.
A organização do festival de música reggae Rototom Sunsplash, da Espanha, decidiu cancelar a apresenção do americano Matisyahu na 22ª edição do evento, conforme comunicado. O cancelamento acontece depois do movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), contrário à Israel, ter se voltado contra o artista, que é judeu ortodoxo. Ele foi acusado pelos membros da campanha de "sionista", ou seja de defender um Estado judaico no território hoje ocupado pelos palestinos, e de "justificar um Estado — Israel — que pratica o apartheid e a limpeza étnica".
Depois de vários dias de pressão por parte do BDS o festival decidiu abortar o show previsto para o próximo sábado, dia 22, "devido a indisponibilidade do artista de se expressar claramente contra a guerra e sobre o direito do povo palestino ter seu próprio estado", como foi apontado na nota. Ela explicava ainda que Matisyahu será substituído pela jamaicana Etana no palco principal.
Filippo Giunta, diretor do Rototom, havia pedido ao americano na última quinta-feira para fazer "uma declaração assinada ou vídeo" que expressasse de forma "muito clara" que os palestinos têm direito a um Estado se mostrando a favor da paz desse povo com os israelenses, como contou à Europa Press. "Se você aceitar essas condições, pode continuar tocando no festival", disse Giunta, sem obter resposta do cantor.
A solicitação teria sido feita por conta do assunto que norteia o evento deste ano. "O tema desta 22ª edição, Revolução Pacífica, é o que está inspirando a todo o momento essa controvérsia", explicou o diretor.
A fala seguiu a linha do que foi afirmado na nota: "O Rototom Sunsplash já mostrou inúmeras vezes o quanto é sensível com respeito à Palestina, ao seu povo, e à ocupação de seu território por parte de Israel, especialmente matendo vários debates no seu Fórum Social, dando voz a organizações pró-Palestinas, a ativistas e também a iniciativas que, embora ainda minoria, também buscam um diálogo com Israel, a convivência e a paz entre ambos os povos" Segundo os organizadores o festival "tem uma história de 22 anos de promoção ativa da paz, da justiça social e dos direitos humanos".
DESISTÊNICAS
Por causa da campanha lançada pelo BDS cinco dos 250 artistas e palestrantes que participariam do festival decidiram cancelar sua presença. Eles se recusaram a estar no mesmo festival que Matisyahu. Foram eles: o grupo de ativistas e palhaços Pallasos en Rebeldía, María Carrión, do festival de cinema FiSahara, o ativista Aalia Hassanna, o rapper Yslem, Filho do Deserto, e o diretor de cinema Fernando García-Guereta.