O exército de Israel, onde o serviço militar é obrigatório, deu um novo impulso para abrir um maior número de cargos às mulheres, que já chegam a 92% dos postos, mas ainda não estão autorizadas a exercer algumas atividades, como por exemplo conduzir tanques.
"Ficamos anos fazendo isso, desde 2000, quando foi aprovada uma lei que diz que todos os postos devem ser abertos às mulheres de acordo com a condição física. Periodicamente comprovamos se podemos abrir novas posições", afirmou à Agência Efe a representante das mulheres no exército, a general de brigada Rachel Tevet-Wiesel.

Hoje a marinha possui comandantes mulheres e há uma década elas participam da força aérea como pilotos, assim como, desde seis anos atrás, é possível encontrá-las em missões de inteligência de campo e em postos de artilharia, e até mesmo operando o sistema antimísseis.
"Durante anos não havia oficiais da marinha mulheres. Estudamos e percebemos que o programa era muito duro fisicamente o e que não é preciso ter tanta força para comandar um navio, então abrimos as portas às mulheres", comentou Tevet-Wiesel, orgulhosa de como a situação mudou em 15 anos.
Além de abrir mais vagas às militares, as forças de defesa também fizeram um esforço paralelo para adaptar as equipes e os uniformes utilizados.
"Por exemplo, tivemos que projetar novamente os coletes à prova de balas, equipamentos para munição e desenvolvemos um design de calçados de combate para elas", além de incentivar as israelenses a escolherem a carreira militar que desejarem e não se limitarem aos trabalhos tradicionais de educação ou saúde.


No momento, 40% da inteligência militar em Israel é composta por mulheres e 20% das vagas em tecnologia também são ocupadas por elas.
Quem iniciou toda esta revolução foi uma soldado, Alice Miller, que recorreu ao Tribunal Supremo há 20 anos para direito de realizar testes de piloto de combate.
"O exército argumentou que seria mais caro formar pilotos mulheres porque devido às licenças-maternidade seria preciso ter mais pilotos, e o tribunal respondeu que em prol da igualdade de oportunidades teria que se submeter a esse custo", lembrou a general.
Miller nunca chegou a ser a piloto porque desistiu do teste, mas desde então outras conseguiram pilotar helicópteros, aviões de carga e caças F-16.
Nos últimos meses foi testado se as mulheres podem, entre outras tarefas, conduzir tanques, mas a conclusão foi negativa, porque as portas de acesso ao veículo são muito pesadas.
"Antes, por exemplo, não tínhamos mulheres em postos técnicos de aviões porque os equipamentos que devem ser movimentados pesam muito, mas desenvolvemos apoios, como equipamentos mais leves, sobre rodas ou com escadas, para tentar adaptá-lo. Partimos da ideia de que homens e mulheres não são iguais, não podem aguentar o mesmo peso, mas temos que buscar soluções", disse Tevet-Wiesel.

"Quando você buscar trabalho em Israel sempre vão perguntar o que fez no exército. A incorporação das mulheres em postos tecnológicos no exército significará que depois poderão trabalhar na indústria de telecomunicações e ganhar mais dinheiro que em outros trabalhos", argumentou.
Maya Rog, de 21 anos, nascida de Buenos Aires e que passou a trabalhar nessa função no exército.
"Trabalho em um batalhão de tanques. Na maior parte do serviço estou com combatentes e me sinto bastante igual. Principalmente nos últimos anos, a maioria dos postos é aberta tanto para homens como para mulheres, exceto algumas coisas óbvias, como um batalhão em que os soldados devem carregar mochilas com 45 quilos e caminhar muitos quilômetros. Isso é difícil para uma mulher", opinou.
Para Rog, a etapa militar "determina totalmente a vida civil futura", pois ensina a dominar uma profissão que poderá ser desempenhada fora dali, embora reconheça que teria gostado de "fazer coisas mais secretas, talvez no setor de inteligência, como saber sobre as missões terríveis que são realizadas".