Mais de 320 descendentes de judeus sefarditas recebem certificado para cidadania.
Dos certificados emitidos até ao momento, apenas 40 titulares prosseguiram com o pedido de nacionalidade. Turquia é o país com um maior número de candidatos.
Cinco meses depois de Portugal aprovar uma lei que concede nacionalidade a descendentes de judeus expulsos durante a Inquisição nos séculos XV e XVI, já foram emitidos 323 certificados a interessados na cidadania portuguesa.
Segundo a lei aprovada no final de janeiro, além de um registro criminal limpo, os candidatos precisam de um certificado de comunidade judaica que ateste a sua pertença à comunidade judaica sefardita de origem portuguesa.
Dados fornecidos à Lusa pela Comunidade israelita do Porto e de Lisboa, indicam que a Turquia, com 163 certificados, é o país de onde vem a grande maioria dos candidatos.
Segue-se Israel, com 69, e os Estados Unidos, com 21.
No total, foram recebidos pedidos de certificação de 21 países, incluindo, por exemplo, Panamá, Brasil, França e China.
"Grande parte dos requerentes que nos enviaram a sua documentação até agora são oriundos de famílias que saíram de Portugal entre os séculos XV e XVI e que se estabeleceram no então Império Otomano, onde os judeus gozavam de liberdade religiosa, por exemplo, em Istambul, Esmirna, Edirne, Bursa, Salónica, Corfu", explicou à Lusa Teresa Santos, da Comunidade Israelita de Lisboa.
Segundo Michael Rothwell, responsável da Comunidade Israelita do Porto, as pessoas têm diferentes motivações para fazer estes pedidos.
"A motivação principal é a oportunidade de uma nova vida em Portugal ou na Europa, no caso dos sefarditas turcos. A segunda motivação é a reclamação de um direito ancestral, os judeus não se esquecem. Uma terceira motivação, que abrange um núcleo mais pequeno, de famílias dos EUA, Austrália e Turquia, é o desejo de virem viver para o Porto", explicou Rothwell.
Até ao momento, dos mais de 320 certificados emitidos, apenas 40 titulares prosseguiram para o pedido de nacionalidade.
Segundo informações prestadas à agência Lusa pelo Ministério da Justiça, "desde a entrada em vigor da mais recente legislação que facilita a naturalização dos descendentes dos sefardos, deram entrada 40 pedidos nos serviços competentes."
O ministério diz ainda que "os 'novos portugueses' vêm sobretudo da Turquia - a maior parte -, Estados Unidos, Sérvia, Israel, Colômbia, Panamá e Macedônia."
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