O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, a representante da UE para Política Exterior e Segurança e vice-presidente da Comissão Europeia, Federica Mogherini, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, o embaixador iraniano na IAEA, Ali Akbar Salehi, e o ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, se preparam para foto em Viena - Leonhard Foeger / Reuters
VIENA — Após mais de 17 dias de negociações, promessas, atrasos e desavenças, o Irã e as potências globais do P5+1 enfim chegaram nesta terça-feira a um acordo nuclear em termos definitivos. O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, saudou a conquista classificando-a de um momento histórico, mas reconheceu que o acordo não é perfeito. Em um pronunciamento na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que o pacto bloqueia todos os caminhos para o Irã conseguir uma arma nuclear e faz do mundo um lugar mais seguro.
— Eu acredito que este é um momento histórico. Chegamos a um acordo que não é perfeito para ninguém, mas é o que nós conseguimos fazer e é uma conquista importante para todos nós — disse Zarif numa reunião ministerial final entre o Irã e seis potências mundiais em Viena.
Obama exaltou o pacto como uma oportunidade que vale a pena ser aproveitada e alertou o Congresso dos EUA que irá vetar qualquer legislação que impeça a sua implementação bem-sucedida. A resolução será agora analisada pelos legisladores americanos, que poderão rejeitá-la e manter as sanções contra o Irã, ao mesmo tempo em que o Parlamento iraniano vai avaliar e emitir um veredicto sobre o acordo.
— Um acordo abrangente e de longo prazo com o Irã vai impedi-lo de obter uma arma nuclear. Todos os caminhos para uma arma nuclear foram cortados. Este acordo demonstra que a diplomacia americana pode trazer uma mudança real e significativa — disse o presidente.
De Teerã, o presidente Hassan Rouhani afirmou que o pacto abriu um "novo capítulo" nas relações do Irã com o mundo. O pronunciamento foi feito logo após a declaração de Obama. Ele negou que o Irã tinha o objetivo fabricar uma arma nuclear e disse que nunca vai buscar produzi-la.
Mais cedo, em sua conta no Twitter, o presidente destacou que o acordo nuclear alcançado "abre novos horizontes".
"Agora que esta crise, que era desnecessária, foi resolvida, o Irã e as grande potências podem se concentrar nos desafios compartilhados", acrescentou Rouhani, em alusão à luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI) em Iraque e Síria.
Além de acabar com 35 anos de atrito entre Washington e Teerã, o acordo pode reconfigurar o equilíbrio geopolítico em uma região abalada pelo violência extremista.
SANÇÕES E EMBARGO
O Irã aceitou um plano que irá restaurar as sanções em 65 dias se o país violar o acordo fechado com seis potências mundiais para conter o programa nuclear do país, disseram diplomatas nesta terça-feira à agência Reuters. O Irã vai continuar o processo de enriquecimento de urânio de forma limitada e o uso de centrífugas para pesquisa e desenvolvimento.
As sanções econômicas e financeiras da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos serão levantadas quando o acordo for implementado.
Um embargo das Nações Unidas ao comércio de armas permanecerá em vigor durante cinco anos, e as sanções da ONU aos mísseis continuarão por oito anos, segundo as mesmas fontes.
Depois, o bloqueio será levantado, mas algumas novas restrições serão impostas. A exportação e a importação de armas serão estudadas caso a caso.
De acordo com um diplomata citado pela agência AP, inspetores da ONU teriam permissão para monitorar instalações militares, mas o Irã poderia contestar os pedidos de acesso.
REAÇÕES
Maior crítico do pacto com o Irã, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, qualificou o acordo como erro histórico.
— De acordo com os primeiros elementos a que tivemos acesso, já se pode dizer que este acordo é um erro histórico para o mundo — disse Netanyahu antes de uma reunião em Jerusalém com o ministro das Relações Exteriores da Holanda, Bert Koenders.
Na mesma linha, a vice-chanceler de Israel, Tzipi Hotovely, acusou as potências ocidentais de se renderem ao Irã.
"Este acordo é uma rendição histórica pelo Ocidente para o eixo do mal liderado pelo Irã. Israel agirá com todos os meios para tentar impedir que o acordo seja ratificado", disse Hotovely em uma mensagem no Twitter, a primeira reação de um alto funcionário israelense ao acordo.
Aguardemos como o Irã irá cumprir o acordo. Todo cuidado é pouco
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