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Ashton Carter - Coisas Judaicas |
Chefe do Pentágono tentará acalmar Israel e sauditas com ajuda militar
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Ashton Carter, começa neste fim de semana uma viagem para Israel, Arábia Saudita e Jordânia com o objetivo de acalmar os ânimos entre seus aliados após o histórico acordo nuclear com o Irã, e que poderia incluir compromissos de maior ajuda militar.
Carter foi enviado pelo presidente americano, Barack Obama, para a complicada tarefa de aplacar os receios ao acordo entre o G5+1 com o Irã para evitar o uso militar da tecnologia nuclear.
"O secretário de Defesa trabalhará com Israel para explorar soluções aos mais críticos desafios, especialmente resistir às atividades desestabilizadoras do Irã e prevenir ataques terroristas", explicou o Pentágono em comunicado antes da viagem, que começa amanhã.
Para aproximar posturas com os opositores do acordo nuclear, Carter leva debaixo do braço possíveis aumentos de ajuda militar, o que poderia acalmar especialmente o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, cujo orçamento de defesa depende em boa parte dos recursos americanos.
Os mais de US$ 3 bilhões anuais de ajuda militar americana a Israel foram vitais para construir o famoso Domo de Ferro, um conjunto de radares e baterias antiaéreas que conseguiram interceptar a grande maioria de foguetes potencialmente mortais lançados pelo Hamas desde a Faixa de Gaza.
Mas Israel há anos pede aos Estados Unidos que aumente sua contribuição militar para cerca de US$ 4 bilhões anuais e esta poderia ser a oportunidade ideal, vista a predisposição da Casa Branca.
Além disso, para tranquilizar os "falcões" israelenses e americanos de um Irã livre das sanções econômicas, os Estados Unidos poderiam acelerar o processo de venda de bombas anti-bunker e ampliar o compromisso de venda de caças invisíveis aos radares F-35 para Israel.
Na terça-feira, Obama telefonou para Netanyahu para oferecer ajuda militar "ofensiva e defensiva", mas, segundo fontes do governo americano que falaram com o jornal israelense "Ha'aretz", o primeiro-ministro ainda não respondeu.
Tanto Netanyahu como o maior grupo de pressão israelense nos EUA, o Aipac, estão ainda trabalhando publica e privadamente para que o Congresso obtenha nos próximos dois meses os dois terços de votos necessários para barrar o acordo com o Irã, o que parece pouco provável a não ser que haja uma rebelião democrata.
Até que se esgote essa última via é de se esperar que Israel siga apontando o "erro histórico" - como qualificou Netanyahu- do acordo, que faz Israel temer a presença de um Irã mais influente no Oriente Médio e com o alívio econômico suficiente para fortalecer alianças como com a milícia libanesa xiita do Hezbollah.
O ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, Philip Hammond, que visitou Israel na quarta-feira recomendou em uma incômoda entrevista coletiva junto com Netanyahu que Israel "se envolva de maneira pragmática na nova realidade do Oriente Médio para benefício de todos".
Quem parece haver adotado um papel "pragmático" é a Arábia Saudita, a potência regional sunita adversária de um Irã emergente.
Depois de se reunir na sexta-feira com Obama, o ministro das Relações Exteriores saudita, Ader al Jubeir, deu as boas-vindas ao acordo com o Irã, que limita significativamente a produção atômica iraniana, mas não obriga o fechamento das instalações nucleares, apesar de em privado o país árabe recear um Irã aberto ao exterior.
Carter se reunirá em Jidá com funcionários sauditas, com quem discutirá o tema iraniano, incluído o papel do Irã no conflito iemenita, onde apoia os rebeldes houthis, que estão sendo bombardeados pelo ar por uma coalizão liderada pela Arábia Saudita.
Na sexta-feira o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, em entrevista coletiva que o governo americano quer deixar claro para seus aliados na região que o acordo nuclear não muda sua desconfianças sobre o Irã e suas atividades regionais, nem modificará seu compromisso militar com aliados tradicionais.
"Não há cenário em que o Irã seja uma ameaça maior do que aquele em que disponha de armas nucleares. Nada encorajaria mais o Irã que uma bomba nuclear", sentenciou Earnest.