
A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), entidade com sede no Vaticano que apoia projetos da Igreja Católica em mais de 140 países no mundo, promoverá no próximo 6 de agosto o Dia Internacional de Oração pelos Cristãos Perseguidos no Oriente Médio. A ação, que acontecerá no Brasil e países da Europa e da Ásia, conta com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e será marcada por uma celebração presidida pelo Cardeal Arcebispo Dom Odilo Pedro Scherer, na Catedral da Sé, em São Paulo, às 16h30, precedida por uma breve introdução ao tema. Serão celebradas também Missas em diversas paróquias do país.
Há um ano, na noite de 6 para 7 de agosto, milhares de cristãos fugiram do norte do Iraque, quando o Estado Islâmico tomou a planície de Nínive. A região concentrava 25% dos cristãos do país e também reunia algumas minorias muçulmanas ameaçadas. A Fuga ocorreu à noite, com milhares de pessoas caminhando pelas estradas em direção às cidades curdas de Erbil e Dohuk.
Em carta enviada à AIS, o chefe da Igreja Católica Caldeia, o Patriarca Louis Raphael Sako, descreveu a crise humanitária que se seguiu à tomada da região pelo grupo extremista: “Cerca de 100 mil cristãos, aterrorizados e em pânico, fugiram de suas casas sem nada, somente com as roupas do corpo.” Ele citou o evento como “uma verdadeira via crucis”, e acrescentou: “Os cristãos estão andando a pé no calor do verão escaldante do Iraque para as cidades curdas. Entre eles, há doentes, idosos, crianças e mulheres grávidas, enfrentando uma catástrofe humana e com risco de se tornar um verdadeiro genocídio. Eles precisam de água, comida, abrigo”, disse.
Assim que recebeu as primeiras informações na manhã do dia 7 de agosto, a AIS mobilizou os benfeitores e iniciou campanhas e projetos para socorrer materialmente e espiritualmente os perseguidos e refugiados. Desde então a Fundação Pontifícia fez um dos maiores esquemas de ajuda em sua história, direcionando seus esforços para alimento, abrigo e educação para os refugiados.
Umas das iniciativas que se destacou foi a “Vila Werenfried”, uma região de Ankawa, no Iraque, que recebeu este título em homenagem ao fundador da AIS. Trata-se de um complexo criado para abrigar cerca de 1.000 refugiados, oferecendo escola, água potável, instalações sanitárias, fogão a gás e eletricidade. Esse projeto foi essencial por ser concluído antes do inverno com as fortes chuvas e as baixas temperaturas, período em que os acampamentos comuns se transformariam em um pântano frio e lamacento.
NUNCA HOUVE TANTOS REFUGIADOS NO MUNDO
Relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, anunciado há pouco mais de um mês, em 18 de junho de 2015, mostra que o deslocamento global provocado por guerras, conflitos e perseguições atingiu nível recorde. Conforme o estudo, ao final de 2014, o número atingiu o maior nível de todos os tempos, com 59,5 milhões de pessoas deslocadas, comparado com os 51,2 milhões registrados no final de 2013 e os 37,5 milhões verificados há uma década. O crescimento desde 2013 (8,3 milhões de pessoas) é o maior já registrado em um único ano.
Sobre a Ajuda à Igreja que Sofre (AIS)
A AIS surgiu em 1947, após a Segunda Guerra Mundial, quando o padre holandês, Werenfried van Straaten, sofrendo ao ver a miséria em que viviam os alemães derrotados e expulsos, começou na Bélgica a pedir ajuda para os inimigos de então. Apesar de uma Europa dizimada pela guerra, o apelo à solidariedade do Pe. Werenfried ecoou, e milhares de pessoas passaram a ajudá-lo com o que tinham, e com muita alegria e satisfação. Nascia naquele momento a obra: a Kirche in Not, numa livre tradução para o Inglês, Aid to the Church in Need, daí para o Português, Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
Projetos
À medida que o auxílio aumentava, a AIS se tornava conhecida e os Papas pediam que a obra se expandisse, não apenas para aqueles que passavam necessidades por conta da guerra, mas para todos os que sofriam por viver a sua fé. Assim a AIS se tornou uma Fundação Pontifícia com sede no Vaticano, e atualmente atende mais de 60 milhões de pessoas por meio dos mais de 5 mil projetos apoiados anualmente pela entidade, em cerca de 140 países, incluindo o Brasil. Os projetos auxiliados pela AIS englobam a produção e distribuição de material catequético, construção e reconstrução de Igrejas; locomoção e transporte para religiosos e missionários; recuperação de jovens dependentes químicos; construção de escolas e casas e alimentação, medicamentos, agasalho e abrigo para refugiados.