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Quero casar, mas antes quero ver ela pelada



          "Quero casar, mas antes quero ver... quero ver ela pelada!" Foi um escândalo. A história consta do folclore do shtetl da Polônia, antes da II Guerra Mundial.

          Um jovem judeu americano rico viajou para a Polônia com o intuito de buscar uma esposa. O schadchen (casamenteiro) indicou a filha do rabino local. O candidato foi recebido com todas as honras e, após ouvir da boca do pai dela, na presença de todos os familiares, sobre as qualidades da filha, saiu-se com aquela absurda exigência. E teria sido expulso a bofetadas não fora a imediata intervenção do casamenteiro, que logrou acalmar os ânimos e até convencer o rabino a aceitar a bizarra exigência do provável noivo.

          Pudicamente, a jovem desfilou, escondendo tanto quanto pode aquilo que não era exponível. E o noivo deu o seu veredito: "Lamento, mas não gostei do nariz dela".

          Lembrei-me desta pitoresca historieta numa conversa que tive com alguns turistas judeus-brasileiros que vieram visitar Israel. Proclamaram que aqui estiveram há muitos anos e que havia um progresso assombroso, as ruas, as estradas, os modernos edifícios, a quantidade imensa de veículos trafegando em todas as direções, as pessoas bem vestidas e mais bem-educadas do que no passado. Mas o que eles não gostaram, e fizeram o seu solene protesto contrário, foi (pasmem!) do novo Aeroporto Ben Gurion. "Uma obra do mais alto nível internacional, de um luxo absolutamente inaceitável. Como é que Israel pode se permitir ter um aeroporto destes?"

          Se existe um país no mundo que, desde a sua fundação, provocou as críticas mais desbaratadas, este país é Israel. Críticas e acusações, tanto por parte de judeus de todo o mundo, como de não-judeus, para não falar das resoluções tendenciosas da ONU.

          Nos primórdios do Estado de Israel, liderado por um Governo Socialista, houve capitalistas-judeus que declararam que não iriam investir em Israel dada as exigências e restrições estatais, e pela posição da Histadrut (Federação dos Trabalhadores), que afugentava potenciais investidores.

          Círculos religiosos judaico-ortodoxos manifestavam seu profundo desagrado com relação ao herético recém-criado Estado, onde em certos Kibutzim até se criavam suínos, e as mulheres labutavam lado a lado com homens.

          Judeus comunistas de todas as tendências, estalinistas roxos de então, manifestavam abertamente sua ojeriza ao Estado capitalista judeu, um verdadeiro atentado à ideologia ditada então pela União Soviética, e cegamente obedecida por seus seguidores.

          Que dizer então do mundo não-judeu? Com o tempo, o anti-semitismo recrudesceu até chegar aos dias de hoje, já fantasiado de anti-israelismo. E, aos poucos, com todo o despudor, já é uma judeufobia proclamada altissonante e levada a extremos, com a negação do Holocausto e a deslegitimação do direito dos judeus de terem o seu próprio país.

          Em vários países do mundo os judeus se sentem acuados e vulneráveis. Sente-se em certas comunidades uma erosão dos judeus quanto à sua identidade. Por incrível que pareça, há os que tentam esconder-se sob falsa roupagem, definindo-se como cidadãos de religião judaica. Não "israelitas" -   para evitar qualquer confusão com Israel. Uma filosofia que vigorou na Alemanha, há alguns séculos passados, com resultados catastróficos.

          Há quem afirme que estamos passando por uma ameaçadora crise existencial. Não é a primeira enfrentada pelo povo judeu. Sejamos realistas: a existência do Estado de Israel é um fato irreversível, baseado em profundas raízes históricas e morais. E não serão os Chaves e os Mahmud Ahmadinejad da vida que irão abalar a nossa existência.


Marcos Wassermam é advogado em Tel Aviv, Brasil e Portugal, e é presidente do Centro Cultural Israel-Brasil em Tel Aviv. 
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