
O presidente da
Câmara Brasil Israel de Comércio e Indústria, Jayme Blay, diz que esse é
um bom momento para a indústria brasileira exportar para o país
parceiro, por conta da maior competitividade da moeda nacional. "As
alíquotas reduzidas e a desvalorização do real frente ao dólar abrem
oportunidades de exportação para Israel. Os produtos mais interessantes
para o Brasil são aqueles com mais sofisticação e que, portanto, não
irão competir com as mercadorias da China ou da Índia. Produtos que
envolvam a linha de têxteis, calçados, produtos de beleza [cosméticos],
móveis, pedras preciosas ou semipreciosas, todos com algum diferencial
em design, têm mercado em Israel. O Brasil tem condições de produzir
para os consumidores mais exigentes do país", sugere o representante.
"As empresas
nacionais exploram pouco esses nichos de mercados que eu citei. É
preciso mais apetite dos exportadores, de adequar os seus produtos para
conseguir avançar em Israel", reafirma.
De acordo com
informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC), assim que o Acordo de Livre Comércio entre Israel e o
Mercosul - grupo formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai -
entrou em vigor em 2010, 90% dos produtos exportados pelo bloco tiveram
eliminação imediata de imposto de importação. Do lado das vendas
externas de Israel para o Mercosul, essa diminuição foi de 50%.
Além disso, é esperado que, até 2019, quase 100% dos produtos já tenham alíquota zero para imposto de importação.
Retração no comércio
Em 2014, houve uma
retração de 13% no comércio bilateral entre Brasil e Israel, para US$
1,363 bilhão, em relação ao ano de 2013, quando as trocas comerciais
entre os dois países haviam somado US$ 1,568.
O professor de
relações internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP),
David Magalhães, diz que essa redução está relacionada ao perfil do
comércio. A pauta de exportação brasileira para Israel é composta, em
grande parte, por commodities, que estão sofrendo queda de preço no
mercado internacional. Os quatro principais produtos exportados pelo
Brasil, em valor, são açúcar, carne, soja e sucos congelados.
"Além disso, as
vendas externas de Israel para o Brasil são compostas por fertilizantes e
adubos. Esses dois produtos também estão com queda de preços", explica
Magalhães.
Blay acrescenta que
a retração no comércio internacional entre os dois países reflete a
desaceleração do comércio internacional como um todo, marcada por queda
de preços de diversos de produtos bem como pelo desempenho ruim da
economia brasileira.
Tecnologia
Apesar de pouco
explorar as possibilidades de comércio com Israel, Blay diz que existe
um intenso deslocamento de empresas brasileiras para o país em busca de
oportunidades de desenvolvimento tecnológico. Ele conta que, muitas
delas, se fixam em Israel para realizar pesquisas e desenvolver novas
ferramentas que possam ser transferidas, posteriormente, para o Brasil.
"Assim que o
produto chega em um determinado processo de maturação, as empresas
acabam transferindo essa tecnologia para o Brasil. Muitas delas estão
desenvolvendo tecnologias para o reuso de água. Algumas até estão
estabelecidas aqui no País e outras estão em processo", conta Blay.
"Além disso, há
pesquisas na área de agricultura, que buscam tornar resistentes algumas
sementes para o nosso clima. Fora as parcerias para o desenvolvimento de
equipamentos de segurança, tanto pessoal, como patrimonial".
Missão recente
No último dia 04,
diversos investidores voltaram de uma missão em Israel, ocorrida em Tel
Aviv, com o objetivo de prospectar negócios entre os dois países.
Participaram da atividade a Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), a Anjos do Brasil, a
Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap) e a
Missão Econômica de Israel, em parceria com o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), administrador do Fundo Multilateral de
Investimentos (Fumin).
De acordo com
levantamentos estatísticos da Emerging Markets Private Equity
Association (EMPEA), associação internacional que mede a circulação de
investimentos, cerca de 1,7% do PIB de Israel está em fundos de
investimento. "Israel é um mercado relativamente pequeno com uma posição
geográfica não muito favorável. Para os nossos gestores é importante
entender como empresas se desenvolvem, se capitalizam e fazem suas
saídas. Para entender o processo é necessário entender a participação de
cada player desde as aceleradoras, startups e firmas de venture
capital", relatou o presidente da Abvcap, Fernando Borges.
Fonte: DCI