Adão e a árvore Kabbalística

Adão e a árvore Kabbalística

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Texto de Z´ev ben Shimon Halevi


Adão e a Árvore da Vida foram concebidos pelo mesmo modelo. Esta idéia tem como origem à declaração no primeiro capítulo do Gênesis: Deus criou o homem à Sua própria imagem.

De acordo com a tradição kabbalista. Deus gera, do Vazio da Não-Existência, além do qual Deus é Tudo e Nada, o primeiro estado de Existência Imanifesta. A partir deste Mundo Sem Fim, cristaliza-se uma região de Luz Ilimitada, do meio da qual emerge um ponto sem dimensões, chamado de Primeira Coroa. 

Estes três estados de Existência Imanifesta tomam-se a base em negativo do universo em positivo, que flui através do ponto primordial da Primeira Coroa até evoluir no mundo arquetipico das Emanações. Esta manifestação, ao completar-se, é conhecida como Adão Kadmon, ou seja, o Homem Original e Universal. Embora composto por aspectos do Criador, Adão é o símbolo de uma unidade total operante, sendo o primeiro homem a imagem viva do Universo e espelho de seu Construtor.

A função de Adão Kadmon, diz-se, é agir no mundo manifesto como o contínuo contrapeso ao lado imanifesto da existência. Este processo está em ação AGORA, neste exato instante, sendo cada momento um drama universal de contrabalanço contínuo. A escala deste equilíbrio é de tal ordem que cada acontecimento está envolvido, do mais vasto evento cósmico à menor ocorrência à beira do vazio. No meio está contida toda a existência, pairando entre os pólos do Tudo e do Nada. Deve ser lembrado que enquanto o mundo relativo está em movimento contínuo, o Absoluto permanece como o silêncio penetrante, tranqüilo e vazio, separado embora sempre presente, contido e contendo tudo.

Adão Kadmon é o Universo feito à semelhança de Deus. Esta imagem foi em época posterior abstraída pelos kabbalistas no diagrama chamado a Arvore da Vida. Tal apresentação metafísica é uma formulação compreensiva de princípios e processos universais. Tendo por base os aspectos divinos e seus relacionamentos, a Arvore descreve o piano arquétipo sobre o qual o Universo está moldado, O mesmo modelo se aplica a todos os mundos inferiores, de modo que até ínfimas porções da humanidade, em verdade um único ser humano, está de modo direto relacionado ao Adão original em virtude. De reprodução fiel. 

Como cópia em miniatura do Universo, o homem traz dentro de si não apenas as características da Criação, como também os atributos do Criador. Através da natureza inerente à sua composição, um indivíduo tem, portanto, acesso aos recursos cósmicos, e, se o desejar, a possibilidade, enquanto ainda preso à terra, de contato com o Divino dentro de si mesmo. Tal consciência da Presença do Criador lhe permite conhecer Deus e ser por ele conhecido.


*****************Parte I Kabbalah

A palavra hebraica “Kabbalah” significa “receber”. Kabbalah é o ensinamento interno do Judaísmo cuja preocupação é o conheci mento de Deus, do Universo e do Homem, bem como de seus relacionamentos mútuos. Suas origens históricas são desconhecidas e, e acordo com a tradição, embora remontem até Abraão, é provável que o antecedam em vários milênios, indo até mesmo às origens de toda a explicação humana o primeiro homem evoluído.

Embora sua forma principal seja hebraica, porque a linha esotérica judaica permaneceu quase intacta por mais de quatro mil anos em essência é universal, Só assim poderia existir. “Escuta, ó Israel. O Senhor nosso Deus. O Senhor é Um”.Esta grande prece pertence a todos os homens, unia vez que Israel representa a humanidade em evolução. É também um lembrete de que Adão, embora confinado a uma pele animal na terra, não deve esquecer sua origem.

Adão e Eva estão no exílio, e pessoas em todas as eras sentiram fundo em sua memória a vaga lembrança de uma outra forma de existência. Esta estranha saudade de casa se esmaece na maioria das pessoas à medida que se vão envolvendo com a vida. Para outras, entretanto, esta recordação jamais desaparece. Na verdade, a saudade aumenta, fazendo com que elas procurem recuperar, ou pelo me nos encontrar, o portão do Éden. Com este objetivo, mitos, idéias e meditações vêm-se disseminando através da história pelos ensinamentos que possuem o conhecimento de corno retomar. Unia destas tradições é Kabbalah.

Do ponto de vista histórico, Kabbalah é em particular interessante para nós no Ocidente porque alicerça a base Judaico-Greco Cristã de nossa civilização. Seus fundamentos estão na Bíblia, embora o sistema nunca seja esboçado às claras, exceto quando ilustra do por um exemplo como o desenho do candelabro de sete braços de Moisés, a bênção do Rei David a Salomão, a visão. de Ezequiel, e Livro dos Provérbios e, mais tarde, após o período bíblico, os Manuscritos do Mar Morto, o Talrnud e os trabalhos mais recentes, corno o Sefer Yezirah e o Zohar. Depois da destruição do Segundo Templo pelos romanos, Kabbalah assumiu várias formas, adotando a cultura de onde estivesse sendo praticada, pois os judeus se encontravam dispersos pelo mundo.

Estas versões usaram termos babilônicos, gregos e, por último, até islâmicos, modificados para servir a Kabbalah daquela época e daquele lugar. Por vezes, a forma se apresentava distanciada de todo o judaísmo convencional e os kabbalistas eram obrigados a esconder seus estudos para não serem tomados por hereges. Às vezes, uma escola de Kabbalah emergia em aberto, porém muito depois do verdadeiro trabalho ter sido realizado e apenas em sua forma exterior. Com freqüência, isto acarretava uma imagem desafortunada para a tradição, tanto fora como dentro da principal linha judaica. A falsa associação da magia com Kabbalah é um exemplo disso. O que nos leva ao fato de que o estudante de Kabbalah, gentio ou judeu, deve aprender a reconhecer o ensinamento essencial, pois a despeito das muitas deturpações, o conteúdo de Kabbalah permanece o mesmo, ou seja, relacionamento entre o Homem, o Universo e Deus.Este conhecimento objetivo não pode ser alterado, embora seja descrito de muitas maneiras.

Como toda época tem seu estilo histórico, seus símbolos e seu vernáculo, também Kabbalah tem suas linguagens próprias e distintas. De acordo com a tradição, existiriam quatro maneiras de se compreender a realidade. A primeira é entendê-la apenas no sentido literal, a segunda, enxergá-la de maneira alegórica, a terceira, percebê-la de forma metafísica, e a quarta, experimentá-la no plano místico. Estes níveis correspondem à natureza do homem e dependem do seu nível de desenvolvimento, que, por sua vez, é determinado por alguns dos fatores a serem discutidos neste livro.

Muitos trabalhos kabalisticos são ininteligíveis pelas razões acima descritas. Existe, contudo, um bom número de neokabbalistas, históricos e modernos, que iludiram muitos, por ignorância ou deliberada intenção, para manter uma exclusividade ou conservar o direito à autoridade. Tais pessoas ignoram a clara instrução contida na para que a Kabbalah seja divulgada. Embora a concessão de tão poderoso conhecimento deva ser feita com extrema precaução, a distorção intencional da verdade implica responsabilidade ainda maior. Por certo, tal informação nas_mãos do mal é perigosíssima como a ciência já nos provou. Contudo, Kabbalah, não sendo apenas deste mundo, possui um mecanismo próprio de autodefesa. Como a palavra “Kabbalah” indica, o homem só recebe aquilo que é capaz de assimilar. Se faz mal uso do conhecimento, está de modo automático excluído do fluxo da tradição, devido aos seus próprios atos, permanecendo por isso isolado em uma casca aprisionadora que engrossa ou se dissolve, de acordo com suas ações.

Uma tradição deve permanecer inalterada em sua essência. Mas para que continue a ser inteligível a cada geração, deve adaptar-se ao seu tempo. Isto, Kabbalah sempre soube fazer, a despeito da tendência dos conservadores de preservar velhas formas. Além do mais, Kabbalah não é transmitida através de livros. Ela é recebida pelo contato direto com a tradição viva. Contudo, a função dos livros é preparar uma pessoa para que seja capaz de “receber”. 

Assim sendo, começamos por uma exposição básica de um dos instrumentos principais da tradição — a Arvore. Quando nos tomarmos familiarizados com a sua estrutura e suas dinâmicas, poderemos usá-la, aplicando uma associação das atitudes de hoje aos princípios eternos para examinar Adão, isto é, você, a encarnação viva de toda a humanidade, de Adão Kadmon e do Um — a única autoridade na tradição kabbalística.

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