Rabi Akiva uma lição

Rabi Akiva uma lição

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 Rabi Akiva uma liçãoRabi Akiva uma lição de vida

Uma das narrativas mais comoventes do Talmud relata os últimos dias do Rabi Akiva. Ele viveu no século que seguiu-se a destruição do Segundo Templo, uma época que a crueldade dos romanos rebaixara a vida judaica a um de seus mais ínfimos declínios.

Os romanos tentaram erradicar o judaísmo como cultura independente, e seu objetivo principal era a educação pela Tora. Ordenar Rabis e educar publicamente a Tora foram

decretados crimes passiveis de pena de morte. Rabi Akiva não se submeteu. Foi mestre de milhares de pessoas, o maior sábio da nação, e um de seus lideres mais devotados. 

Sabia que era um dos principais alvos dos romanos, mas num momento em que a fé de Israel estava sendo atacada, a segurança pessoal e ate mesmo a sobrevivência, não poderia ter prioridade sobre a existência eterna da Tora e as necessidades do povo. Se Rabi Akiva abrisse mão de seus ensinamentos e seu exemplo pessoal, tornar-se-ia um alivio passivo dos carrascos romanos.

Rabi Akiva sabia fazer. Reuniu publicamente grandes progressos e ensinou-lhes a Tora. Seu amigo e colega, Papus ben Yehuda, ficou atônito diante da temeridade do Rabi Akiva. "Akiva, não tens medo do governo ?"

Rabi Akiva respondeu: "explicarei nossa difícil situação através de uma parábola."

Certa vez uma raposa caminhava ao longo de um rio, quando viu cardumes de peixes nadando freneticamente no rio de um lado para o outro. Ela gritou aos peixes : 'De que vocês estão fugindo ?"

Eles responderam: “Estamos tentando escapar das redes que os pescadores lançaram para nos apanhar."

Fingindo preocupação, a raposa gritou: "Se ao menos vocês pudessem subir para a terra seca! Então nos poderíamos viver juntos como pacíficos vizinhos, tal como os nossos antepassados viviam, antes que chegassem os homens para perturbar nossa harmonia."

Os peixes responderam: "E você a raposa que dizem que e o mais astuto de todos os animais? Você não e esperta, mas sim tola! Se nossas vidas estão em perigo dentro da água que e a nossa fonte de vida, quão maior não seria o nosso risco em terra, onde e certa a nossa morte?"

“Nos estamos no mesmo predicamento" - disse Rabi Akiva a Papus. Se estamos em perigo quando estudamos a Tora, sobre a qual nos foi ensinado: ' pois ela e a tua vida e a extensão dos teus dias ' (Devarim XXX: 20 ), então nossa própria sobrevivência estará certamente em perigo se renunciarmos a Tora!"

Pouco tempo depois, soldados romanos descobriram Rabi Akiva e atiraram-no num calabouço. Não demorou muito para que Papus Ben Yehuda também fosse detido e encarcerado na mesma cela. Ao ver seu querido amigo, Papus exclamou: " Akiva, como você e bem afortunado! Você foi preso por causa da Tora. mas e triste para Papus; eu fui capturado por mera trivialidade."

Era hora da leitura matinal do Shemá quando Rabi Akiva foi removido da masmorra para ser publicamente torturado ate a morte. Os romanos dilaceraram sua carne com cardas de ferro, mas mesmo durante seu terrível sofrimento, ele aceitou a soberania de D-us sobre si mesmo, recitando o Shema. Estava jubiloso, ignorando a dor. Turnus Rufus, o comandante romano que ordenava a bárbara execução, ficou perplexo: “Você e insensível a dor, para poder rir diante de tão intensa tortura!" - exclamou ele. Mesmo os discípulos de Rabi Akiva se admiraram: “Nosso mestre, mesmo a este ponto?"

O sábio agonizante explicou: "toda a minha vida preocupei-me com uma frase da Tora. Somos ensinados no Shema a aceitar a soberania e os decretos de D-us sobre nos mesmos ' Bechol Nafshecha' (" com toda a tua alma ") - i.e., mesmo se ele tirar nossa vida. Costumava me perguntar se chegaria a ter o privilegio de servir a D-us em tao alto grau. Agora que chegou a oportunidade, não deveria eu agarra-la regozijando-me?"

Ele repetiu o primeiro versículo do Shema: "ouve o Israel, o Senhor e (agora) nosso D-us, o senhor (será) um" E ele sustentou a palavra Echad ("um") ate que a alma o deixou. Uma voz celestial foi ouvida dizendo: "Es digno de louvor, Rabi Akiva, pois tua alma te deixou enquanto proclamavas unicidade de D-us!...ES digno de elogio, Rabi Akiva, pois estas pronto para entrar na vida do mundo vindouro" ( Berachot 61b; Yerushalmi Berachot 9:5 ). Rabi Akiva continua sendo uma das figuras mais inspiradoras dos últimos dois mil anos. Com quarenta anos era ainda um pastor ignorante que detestava os eruditos, quando, graças ao estimulo e encorajamento de sua esposa, igualmente inspiradora, começou a aprender a ler.


Muitos anos depois, quando retornou a casa rodeado por vinte e quatro mil alunos e sendo aclamado como o principal erudito de seu povo, ele prestou honra e homenagem a sua inopiosa esposa, dizendo aos seus discípulos: "Tudo o que alcancei, e todo o que consegui, a ela e devido." Ele foi o líder da resistência militar contra Roma e, através de seus discípulos, tornou-se a figura preeminente da Tora em sua era turbulenta e atormentada, e nas gerações seguintes. Mas no fim, coroou sua vida inteira em um ato final de heroísmo: colocou a sobrevivência de Israel como uma nação da Tora acima da segurança pessoal; e ensinou uma de suas maiores lições enquanto sua alma expirava. E a meta de uma vida digna - mesmo de uma tão rica como a do Rabi Akiva - terminar num caráter de total dedicação a D-us.

Durante toda a sua vida ele declarara sua prontidão para submeter sua individualidade ao propósito de santificar o nome de D-us, mas homem algum pode saber se será capaz de enfrentar o terrível desafio quando chegar o momento. O jubilo do Rabi Akivo eclipsou seu sofrimento, porque ele provou estar a altura dos ideais que ensinara. Turnus Rufus, seu carrasco pensou que ele estava louco, mas quem se lembra de Turnus Rufus hoje em dia? Ele pensou estar apagando Rabi Akiva dos anais da Historias, porem, Turnus Rufus só e lembrado devido ao seu ato notório, enquanto a memória de sua vitima continua viva como exemplo de uma das mais ilustres pessoas destes últimos dois mil anos.

O Pré Requisito

O judaísmo não tem mandamentos especiais para os seus Avrahams, Davids e Akivas. Se Rabi Akiva encontrou consolo em seu sofrimento, tendo declarado a unicidade de D-us; se considerou sua vida um sucesso porque foi capaz de terminá-la com a declaração de que Hashem Echad ("D-us e um"), e se o Talmud e a voz celestial enfatizam isto tanto - então devemos haurir a lição de que atingir tal convicção e um dever de cada ser humano - homens, mulheres e crianças. De fato, a leitura do Shema duas vezes ao dia não e apenas ordenada pela Tora; e a expressão básica da fé judaica.

Quando D-us deu a Israel os dez Mandamentos no Sinai, todo povo ouviu os dois primeiros diretamente dele. O primeiro mandamento e a declaração de que Ele e D-us: " Eu sou o Senhor teu D-us". O segundo mandamento e o preceito contra a crença em qualquer outra divindade: "Não reconheceras os deuses dos outros perante Minha presença". Estes são os mandamentos principais do judaísmo: que acreditemos absolutamente na existência de D-us e que não partilhemos seu manto com qualquer outro ente ou poder, como afirmam os sábios: "Somente depois que os súditos de um rei reconhecem sua autoridade legitima, pode ele promulgar decretos". A não ser que seja reconhecido, um governo não tem status legal e suas leis não tem forca. O primeiro mandamento, portanto, tem que se acreditar em D-us, pois sem esse pré-requisito, nada mais na Tora seria obrigatório. O segundo mandamento e, de fato, um corolário do primeiro, de que a Divindade não tem parceiros; existe um único D-us e nenhum outro.

A leitura do Shema e o nosso cumprimento diário do primeiro mandamento. 

Declaramos nossa firme crença na existência de D-us e Sua indivisibilidade (Rambam e Rabenu bashya a Devarin XI; mas vide Rambam, Sefer Hamitsivot, Asse 1,2; e Rambam a Lo Taasse 5). Por que a profissão da nossa fé requer uma declaração da unicidade de D-us? Por que o Rabi Akiva prolongou a palavra Echad ate a morte?

Obviamente, este aspecto de seus momentos finais era critico, pois foi seguido por uma voz celestial louvando-o por abrir mão de sua alma quando proclamava que D-us e um, e anunciando que ele estava adentrando o Mundo Vindouro.



"A grandeza requer atenção e esforço.

Lembre-se: o mato cresce sozinho, mas flores precisam de cultivo"


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4Comentários
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  1. Ora aqui está o verdadeiro sentido dos vossos " acordos de paz " ( podre )...

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    1. Caríssimo Caparica, você precisa é dar um bom rumo a tua vida e ser feliz. Não seja um pessoa frustrada.

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  2. Neste ano, 2018, lerei apenas livros de Pessoa, Cherteston, Shakespeare e Akiva. O meu problema é que não consigo fazer download de livros de Akiva...

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