Netanyahu se desculpa por discurso contra árabes-israelenses, mas não convence Obama.
"Sei que minhas declarações, na semana passada, ofenderam a alguns cidadãos israelenses, sobretudo árabes-israelenses. Essa nunca foi minha intenção, por isso peço desculpas".
Entre os 120 integrantes do Parlamento israelense (Knesset), 67 deputados, apoiadores de Netanyahu, respaldaram o premiê diante do presidente Reuven Rivlin.
Antes de iniciar o terceiro mandato consecutivo, Netanyahu, de 65 anos, tentou contornar as críticas internacionais devido a suas declarações sobre os árabes-israelenses, horas antes do fechamento dos colégios eleitorais no dia de votação.
Para estimular os partidários do Likud, Netanyahu havia afirmado: "O poder da direita está em perigo. Os eleitores árabes vão votar em massa".
O presidente dos EUA, Barack Obama, criticou as declarações: "Este tipo de discurso é contrário à mais pura tradição israelense".
- Israel precisa acabar com quase 50 anos de ocupação -
A Casa Branca voltou a tecer críticas nesta segunda-feira, ao instar Israel a acabar com "uma ocupação que já dura quase 50 anos", na Cisjordânia, e reiterar seu apoio a uma solução de dois Estados.
Após a confirmação de sua reeleição, Netanyahu indicou que, na realidade, não se opunha à ideia de um Estado palestino, mas destacou que antes o contexto deveria mudar. Mas o posicionamento dele não convenceu o presidente Obama.
Após a nomeação pelo presidente, o premiê terá até 28 dias para formar o governo. A disputa por uma vaga no ministério começou no dia seguinte às eleições.
Netanyahu obteve apoio dos deputados de seu partido, o conservador Likud, de dois partidos nacionalistas (Lar Judeu e Israel Beitenu), de dois partidos ultraortodoxos (Shas e Judaísmo Unido da Torá) e de um de centro-direita (Todos Nós).
Cansado da indisciplina em seu governo, em dezembro de 2014, o primeiro-ministro exonerou os ministros Tzipi Livni e Yair Lapid, ambos de centro. A saída dos dois levou à antecipação das legislativas, previstas para 2017.
- Pressão de Obama tem objetivo de interferir na formação do próximo governo -
O presidente de Israel, Reuven Rivlin, desejava a formação de um governo de unidade nacional para afrontar as pressões exteriores e os desafios internos, dando fim à instabilidade crônica dos governantes israelenses. Mas o resultado das eleições contrariou esse projeto.
Premier desde 2009, Netanyahu terá de formar o governo em um contexto complicado.
A campanha eleitoral tensionou ainda mais as relações com Obama. A presidência dos EUA não gostou do pronunciamento feito por Netanyahu no Congresso, no último dia três de março, para alertar contra um possível acordo sobre o programa nuclear iraniano.
Inclusive, o governo dos EUA declarou que planeja retirar o apoio crucial a Israel na ONU, após Netanyahu descartar a proposta de um Estado palestino, em plena campanha eleitoral.
Por sua vez, a cúpula palestina tem a previsão de apresentar, a primeiro de abril, as primeiras denúncias por crimes de guerra contra dirigentes israelenses, enquanto o processo de paz segue em um beco sem saída.
De acordo com inúmeros analistas, as recentes declarações feitas pelo governo de Obama têm como objetivo influir na formação do novo governo israelense.