Após a boa receptividade obtida o ano passado o festival Judaica, evento cultural com ênfase no cinema, avança em 2015 para a sua programação mais ambiciosa, trazendo um total de 12 longas-metragens de ficção, entre as quais três antestreias nacionais, mais seis documentários, oito curtas e três sessões especiais.
O festival também terá este ano a sua estreia fora de Lisboa, e será acolhido em Belmonte, entre 7 e 10 de maio, com uma selecção importante da programação e também das actividades paralelas.
Os 70 anos do fim da 2ª Guerra Mundial serão lembrados com duas antestreias nacionais. O filme de abertura, Labirinto de Mentiras, um vigoroso mergulho nos meandros da investigação levada a cabo por um jovem e ambicioso procurador que culminou com os chamados “Julgamentos de Frankfurt-Auschwitz” e que abalaram o país na década dos 60. Corre, Rapaz, Corre baseada na obra epónima do escritor israelita Uri Orlev, conta a história, igualmente verídica, de um menino polaco de oito anos que foge do gueto de Varsóvia em 1942 – uma saga de fé e resiliência perante os horrores da ocupação Nazi.
Gett: o Processo de Viviane Amsalem, outra antestreia nacional, candidato de Israel ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro e nomeado a um Globo de Ouro na mesma categoria. O filme cria uma narrativa asfixiante ao revelar os bastidores de um simples pedido de divórcio – que em Israel só pode ser legitimado por um tribunal rabínico e com o consentimento do marido.
Destacam-se ainda o canadiano Felix e Meira, que gira em torno de amor e renúncia numa comunidade judia ortodoxa de Montreal, e duas das mais fortes obras do atualmente vigoroso cinema latino-americano – o venezuelano Escravo de Deus, que recria o atentado à bomba ao Centro Comunitário Judaico de Buenos Aires em 1994, e Kaplan, a deliciosa comédia uruguaia escolhida para encerrar a Judaica que conta a história de um quixotesco velhote de Montevidéu que pensa ter descoberto um antigo líder nazi refugiado num abandonado bar da praia dos arredores.