Netanyahu rejeitou um convite para se encontrar de forma privada com senadores democratas durante sua visita, dizendo que a reunião "poderia alimentar a percepção errada de partidarismo" que cerca sua viagem.
O discurso do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, em audiência sobre o Irã no Congresso norte-americano, em março, prejudicou as relações do país com os EUA, afirmou a conselheira de segurança nacional do presidente Barack Obama, Susan Rice.
A decisão de Netanyahu de aceitar o convite de congressistas republicanos para ir a Washington a apenas duas semanas das eleições em Israel "injetou um grau de partidarismo, que não é só infeliz, mas destrutivo para as relações", disse Rice em entrevista a um programa de TV na noite desta terça-feira (24).
Também na terça, Netanyahu rejeitou um convite para se encontrar de forma privada com senadores democratas durante sua visita, dizendo que a reunião "poderia alimentar a percepção errada de partidarismo" que cerca sua viagem.
Nesta quarta-feira (25), a Casa Branca tentou esclarecer os comentários de Rice afirmando que reduzir a relação dos EUA e de Israel aos dois partidos políticos do país -republicano e democrata- é "destrutivo".

Desde o início do ano, Obama tem ressaltado ao Congresso que vetará quaisquer tentativas de impor novas sanções ao Irã até que as negociações sejam concluídas.
Para enfrentar o presidente, deputados republicanos convidaram Netanyahu -que se opõe às negociações- para falar sobre o tema na Câmara no próximo dia 3.
Netanyahu aceitou o convite sem consultar a Casa Branca, desatando um mal-estar diplomático entre os dois países desde janeiro. O comentário de Rice, no entanto, é a crítica mais forte feita por um integrante do governo americano desde então.
Obama já anunciou que não se encontrará com o primeiro-ministro israelense durante sua passagem por Washington. Oficialmente, o motivo seria a política do governo de não encontrar líderes de Estado em datas próximas às eleições em seus países. Esse protocolo, porém, já foi quebrado em outras ocasiões.
Netanyahu já havia dito nesta semana que viajará aos EUA porque é sua obrigação "fazer tudo o que puder para evitar" um acordo com o Irã.
Nesta quarta, em Israel, ele afirmou que o maior desafio do país é "a ameaça do Irã se armando com armas nucleares com o objetivo declarado de nos aniquilar".
"Pelo acordo que está se formando, parece que eles [os países envolvidos nas negociações] desistiram de seu compromisso e estão aceitando que o Irã desenvolva gradualmente, em alguns anos, a habilidade de produzir materiais para armas nucleares", disse. "Eles podem aceitar isso, mas eu não aceitarei".
Os países devem chegar a um esboço do acordo até o fim de março. Uma versão mais detalhada teria de estar pronta em junho.