O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foi convidado pelo partido republicano, que domina o Congresso dos Estados Unidos, para fazer um discurso em Washington no dia 11 de fevereiro. No entanto, o presidente norte-americano Barack Obama, que não foi avisado sobre a visita, criticou o desrespeito do protocolo diplomático, principalmente em um momento delicado, quando Washington discute o polêmico programa nuclear iraniano.
Washington exprimiu sua irritação na quarta-feira (21) após o anúncio surpresa de que o premiê israelense havia sido convidado pelos republicanos para discursar diante das duas câmaras da Congresso. A Casa Branca foi informada pouco antes da divulgação do comunicado oficial sobre a visita de Netanyahu.
“O protocolo clássico é que o dirigente de um país entre em contato com o dirigente do país onde vai. É assim que as viagens do presidente Obama ao exterior são organizados e esse evento aparece como um desvio do protocolo”, declarou Josh Earnest, porta-voz do chefe da Casa Branca. “Os israelenses não nos informaram desta viagem”, completou o representante do presidente.
Além do mal-estar provocado pelo incidente protocolar, a visita de Netanyahu pode ser interpretada como uma ingerência no debate norte-americano sobre o programa nuclear iraniano. Afinal, boa parte dos congressistas são favoráveis à adoção preventiva de sanções contra o Irã, para forçar Teerã a assinar uma data limite para um acordo sobre o tema. No entanto, Obama já disse que vai vetar qualquer tipo de legislação do gênero. Seguindo a linha dos republicanos, Netanyahu defende medidas mais rígidas contra o regime iraniano.
Braço de ferro entre democratas e republicanos
Ao convidar o chefe do governo de Israel, os republicanos tentam ganhar força diante da administração democrata, contraria às sanções. “Diante dos desafios atuais, eu peço que o primeiro-ministro (israelense) se exprima diante do Congresso sobre as graves ameaças que o islã radical e o Irã representam para nossa segurança e nosso modo de vida”, disse John Boehner, presidente republicano da Câmara de representantes.
Já o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, tentou minimizar o episódio. “Não há diferenças (entre os Estados Unidos e Israel) sobre os objetivos. Temos diferenças apenas em termos de tática (...). Mas estamos determinados a impedir que o Irã obtenha a arma nuclear”, declarou o chefe da diplomacia sobre as possíveis divergências entre Washington e Tel Aviv sobre o programa de energia atômica iraniano.