Judeus franceses manifestam neste sábado (10/01) perto da mercearia judaica atacada por radical islâmico.
REUTERS/Youssef Boudlal
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Milhares de pessoas se reuniram na noite deste sábado (10) nos arredores da mercearia judaica onde cinco pessoas morreram no dia anterior durante um ataque de um terrorista islâmico. O primeiro-ministro francês foi ao local pedir para a comunidade judaica não ter medo de viver no país.
Durante a cerimônia organizada pela União dos Estudantes Judeus da França, foram lidos em voz alta os nomes das quatro vítimas do terrorista Amedy Coulybaly que acabou sendo morto pela polícia durante a operação.
O primeiro-ministro Manuel Valls fez uma aparição surpresa e fez questão de confortar a comunidade com mensagens de solidariedade. "Se estamos aqui esta noite é para dizer mais uma vez que o antissemitismo atingiu nosso país", declarou. "Atacar os judeus na França é atacar o que é mais fundamental no nosso país, quer dizer, a convivência mútua", acrescentou.
"Sou consciente de que os judeus franceses vivem com medo há muito tempo, e várias vezes lembrei que sem os judeus, a França não seria a França", disse.
"Não tenham medo de ser jornalistas, não tenham medo de ser judeus", insistiu o premiê, em referência às vítimas do jornal satírico Charlie Hebdo e também aos mortos da mercearia kosher que vende produtos para a comunidade judaica.
Premiê israelense quer judeus franceses em Israel
As declarações de Manuel Valls foram feitas após o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netaniahu, sugerir aos judeus franceses que imigrem para Israel. "A todos os judeus da França, a todos os judeus da Europa, eu digo: Israel não é somente o lugar para onde vocês se dirigem na ora de rezar. O estado de Israel é a casa de vocês", disse o premiê, em Jerusalém.
Segundo a imprensa israelense, Netaniahu teria encarregado um comitê ministerial de discutir durante a semana, meios de estimular a imigração de judeus franceses e europeus para Israel.
Em 2014, e pela primeira vez desde a criação do estado judeu em 1948, a França foi o primeiro país de emigração para o território israelense com mais de 6.600 pessoas deixando o país para se instalar em Israel.
Com uma população estimada entre 500 mil a 600 mil membros, a comunidade judaica francesa é a mais importante da Europa e a terceira no mundo, atrás apenas de Israel e dos Estados Unidos.