HISTÓRIA
Há quem diga que o Hanuká, ou Festa das Luzes, seja o natal dos judeus. Mas essa comemoração nada tem a ver com o papai noel ou a distribuição de presentes costumeira. Esta história nos leva a mais de 2 mil, antes do nascimento do cristianismo. A festa de Hanuká comemora a extraordinária vitória dos Macabeus, grupo pequeno de judeus, contra um dos maiores exércitos da antiguidade. Israel estava sob o domínio do rei selêucida Antiochus IV que, determinado a impor seus valores proibia a prática do judaísmo.
Uma tirania em grande escala, que não permitia a observação das mitsvots, violentava mulheres e matava os que não adorassem deuses gregos. Mas alguns judeus, liderados pelo sacerdote Matitiahu, se rebelaram em uma batalha inteligente. Três anos depois reconquistaram Jerusalém e restauraram a autonomia judaica. Foi uma vitória dos fracos contra os fortes, de poucos contra muitos. A liberdade religiosa se restabeleceu. Nós judeus estamos aqui hoje por causa da coragem e visão deste grupo de corajosos, que não permitiu que a Torah e nossa tradição fossem parar numa caixa fechada de algum lugar da história.
Segundo o sábio rabino Gilberto Venturas, Hanuká significa inauguração. “Pois foi nesta data que os judeus reinauguraram o templo de Jerusalém após terem expulsado de seu país os sírios e seus comparsas, que queriam tirar a sua liberdade, impondo sobre eles a cultura e a religião grega. Depois de tirarem as estátuas dos deuses gregos do seu templo, os judeus decidiram acender a Menoráh, o candelabro sagrado. Mas logo eles perceberam um probleminha, a quantidade de azeite que possuíam só dava para um dia de acendimento e eles precisavam de oito dias até conseguirem obter mais azeite. Foi então que aconteceu o milagre: as velas acesas com aquele pouquinho de azeite duraram oito dias e, para comemorar esse milagre e a vitória na guerra, a gente acende até hoje, na festa de Hanuká, uma Hanukiá, um candelabro de oito velas!”, conta.
Quando olhamos para as chamas dançando podemos compartilhar sua história com uma mensagem penetrante: a chama da fé judaica, a chama da Torá, das mitsvots e a luz da redenção nunca será extinta. A Grécia e Roma há muito desapareceram. As civilizações que foram construídas com o poder da força, nunca duraram. O que importa não é a força política, poder econômico ou militar, mas conseguirmos acender a chama do espírito humano.
Érika Zaituni
erikazaituni@gmail.com
Membro da comunidade judaica no Ceará
Publicado originalmente em : http://www.opovo.com.br/