O dinheiro do vizinho vale mais?

O dinheiro do vizinho vale mais?

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“SerĆ” dinheiro?”, perguntaram os pesquisadores. “Se eu tivesse dinheiro”, alega tĆ­pico fantasioso da felicidade, “faria tudo o que quisesse: viajar pelo mundo, comprar o que desejasse, seria independente e teria o controle de minha existĆŖncia. Em poucas palavras, o dinheiro me traria a felicidade, nĆ£o Ć© assim?”
                                          
De maneira surpreendente (ou nĆ£o), os estudos mais recentes nos mostram que uma vez que temos a quantidade suficiente para chegar Ć s satisfaƧƵes bĆ”sicas, o dinheiro deixa de ser uma fonte de felicidade. De fato, uma pesquisa muito conhecida revela que os ganhadores da loteria perdem a euforia inicial com bastante rapidez. Ao cabo de pouco tempo, seu estado de Ć¢nimo Ć© exatamente igual ao que tinham antes de sua boa sorte. Efetivamente, uma vez que tenhamos acumulado mais dinheiro do que necessitamos para nossas necessidades bĆ”sicas, a capacidade de desfrutar se vai ofuscando com perguntas como, “Estou Ć  altura dos Oliveira?”, pois nĆ£o importa o quanto ganhemos sempre nos vai parecer que os prĆŖmios de nosso vizinho valem mais.

A ECONOMIA DA FELICIDADE

Que podemos dizer de nosso tempo de folga? Se trabalhĆ”ssemos menos e tivĆ©ssemos mais tempo livres, chegarĆ­amos a sentir a tĆ£o ansiada felicidade? Os pesquisadores rejeitaram tal hipĆ³tese categoricamente. No “Mapa da Felicidade do Mundo”, publicado recentemente pela Escola de Psicologia da Universidade Leicester da Inglaterra, o laborioso Estados Unidos da AmĆ©rica ocupam um respeitĆ”vel 23Āŗ lugar, melhor que os franceses que gozam de um bom nĆŗmero de semanas de fĆ©rias e se colocam num desconcertante 62Āŗ. lugar. Uma por uma, os pesquisadores da felicidade foram derrubando as teorias mais conhecidas sobre o caminho que conduz a ela. Chegaram Ć  conclusĆ£o que as circunstĆ¢ncias como triunfar na profissĆ£o, ser feliz no matrimĆ“nio e inclusive gozar de boa saĆŗde nĆ£o nos garante a felicidade.

Portanto, o que entĆ£o nos faria felizes? Esta Ć© justamente a pergunta que deixa os pesquisadores sem fala. Por alguma razĆ£o, Ć© mais simples identificar os fatores que nĆ£o nos dĆ£o a felicidade que oferecer uma fĆ³rmula prĆ”tica para a verdadeira felicidade. “A felicidade estĆ” em todos os lados - dentro dos livros mais vendidos, nas mentes dos criadores de polĆ­ticas sociais e Ć© o ponto central dos economistas – e sem dĆŗvida continua sendo esquiva”, conclui Rana Foroohar a veterana editora de economia do Newsweek. EntĆ£o o que podemos fazer para capturar a efĆŖmera felicidade?

A MECƂNICA DA FELICIDADE
Para decifrar o segredo da felicidade, devemos descobrir em primeiro lugar quem somos realmente e qual Ć© nossa natureza, a qual Ć© simples: Somos o desejo de ser felizes. Em outras palavras, todos nĆ³s queremos receber prazer e desfrutar, ou como o chama a Cabala “o desejo de receber”.

“… O desejo de receber prazer constitui toda a substĆ¢ncia da CriaĆ§Ć£o, desde o princĆ­pio atĆ© o final e toda a incalculĆ”vel quantidade de criaturas e suas variedades, nĆ£o sĆ£o outra coisa senĆ£o graus e valores distintos do desejo de receber.”(Rabi Yehuda Ashlag: PrefĆ”cio a Sabedoria da Cabala)

Talvez estejam familiarizados com o citado. Mas nossa natureza, o desejo de receber, Ć© muito mais sofisticada do que nos parece. NĆ£o Ć© tĆ£o somente um desejo constante que sempre nos estĆ” dando ligeiros impulsos para buscar a felicidade. Este desejo de receber Ć© o que realmente nos move a realizar tudo, desde as aƧƵes mais cotidianas, insignificantes, atĆ© os pensamentos que passam por nossa mente.

O desejo de receber busca satisfaĆ§Ć£o a cada passo e se assegura que nĆ£o  descansemos atĆ© satisfazer suas demandas. Ɖ ele que determina constantemente nosso estado de Ć¢nimo; se o realizamos, nos sentimos felizes, nos sentimos bem, a vida Ć© uma canĆ§Ć£o; mas, se nĆ£o o realizamos, estaremos frustrados, enojados, deprimidos, nos tornamos violentos e atĆ© com pensamentos suicidas. O cĆ©lebre autor irlandĆŖs Oscar Wilde, definitivamente o sabia quando escreveu, “Neste mundo sĆ³ ocorrem duas tragĆ©dias. Uma, Ć© nĆ£o conseguir o que queremos e a outra consegui-lo. A Ćŗltima Ć© muito pior, Ć© uma verdadeira tragĆ©dia”.

SEGREDO DA FELICIDADE: O PONTO MƁXIMO DO PRAZER
                                           

A Cabala nos explica o processo para obter a felicidade, da seguinte maneira: Primeiro, desejamos algo e nos esforƧamos por conseguir. No momento que realizamos o que ansiĆ”vamos, invade-nos uma sensaĆ§Ć£o de prazer, alegria e deleite. Em termos cabalĆ­sticos o primeiro encontro entre qualquer desejo e sua satisfaĆ§Ć£o Ć© o ponto mĆ”ximo do prazer.
Ou seja, tĆ£o pronto obtemos o que queremos, o desejo vai desaparecendo. Em poucas palavras, jĆ” nĆ£o sentimos o desejo pelo que havĆ­amos conseguido e como resultado, o prazer se esvai atĆ© desaparecer por completo. Por exemplo, sinto tanta fome que creio que poderia comer um bife de filĆ© grosso e gostoso sozinho, sem convidar ninguĆ©m (os vegetarianos podem pensar num enorme prato de verduras). Mas, o que se passa quando comeƧo a comer? A primeira garfada Ć© um ĆŖxtase e a seguinte Ć© maravilhosa. A que se segue Ć© boa e logo, pois, sim… estĆ” bem. Sem dĆŗvida, depois vai diminuindo sua importĆ¢ncia, atĆ© que acabo dizendo, “Nem um pouco mais, vou estourar”. Isto se aplica a tudo, nĆ£o somente a comida. Podemos passar anos sonhando com um auto esportivo. Mas quando o temos, por uns momentos ou dias sentimos uma emoĆ§Ć£o imensa, descobrimos que pouco a pouco vamos desfrutando menos. AtĆ© que ao final, cada vez que o dirigimos, sĆ³ pensamos na gigantesca dĆ­vida que adquirimos e no fato de ter que pagĆ”-la nos prĆ³ximos trĆŖs anos.



O Professor de Economia, Richard Easterlin, da Universidade do Sul da CalifĆ³rnia, um dos pioneiros na pesquisa da felicidade chama a este fenĆ“meno “adaptaĆ§Ć£o hedonista”, que significa, “Compro um carro novo e me acostumo a ele. Adquiro um novo guarda roupa e igualmente me acostumo. Rapidamente nos adaptamos ao prazer que recebemos…” PorĆ©m, isto nĆ£o pode ser o final da histĆ³ria. Depois de tudo, ao descobrir estes acontecimentos, vemos que todos nĆ³s ansiamos por encontrar prazer duradouro. Ɖ possĆ­vel que a natureza nos haja colocado neste cĆ­rculo vicioso no qual sempre seremos infelizes? SerĆ” a felicidade tĆ£o sĆ³ um conto de fadas que nunca irĆ” se converter em realidade?


A FƓRMULA (SECRETA) DA FELICIDADE     

Afortunadamente, a Cabala nos explica que a natureza nĆ£o Ć© cruel; que de fato, seu Ćŗnico desejo Ć© dar-nos a felicidade que tanto buscamos. Se nossa aspiraĆ§Ć£o a ser feliz nĆ£o fosse destinada a ser realizada, nĆ£o haverĆ­amos sido criados com ela. O propĆ³sito da natureza Ć© deixar que logremos alcanƧar, de maneira independente, uma sensaĆ§Ć£o de total e completa felicidade, nĆ£o parcial ou temporal e sim, perfeita e eterna.

Em realidade, estamos mais perto de alcanƧƔ-la do que pensamos. De fato, a recente tendĆŖncia por investigar a felicidade e a crescente compreensĆ£o de que sempre permanecemos insatisfeitos nos vĆ£o permitindo efetivamente nos aproximamos da verdadeira felicidade. Estamos comeƧando a reconhecer o padrĆ£o: a felicidade nĆ£o depende da quantidade de dinheiro ganho ou quĆ£o bem estĆ” nosso casamento.

De fato, nĆ£o tem relaĆ§Ć£o alguma com qualquer prazer material que tratemos de receber e sim com nossa condiĆ§Ć£o interna. Estamos comeƧando a descobrir o fato fundamental que a felicidade pode ser obtida sĆ³ se utilizarmos um principio distinto de prazer. A Cabala nos ajuda a resolver o problema da felicidade desde sua raiz. JĆ” sabemos a razĆ£o porque nunca experimentamos o prazer duradouro: o encontro do prazer com o desejo neutraliza de imediato o desejo e, este ao ser neutralizado nos impede de desfrutar do prazer.

Assim o segredo da felicidade, nos explica a Cabala, Ć© agregar outro ingrediente a este processo: a “intenĆ§Ć£o”. Isto significa que continuamos desejando como antes, sĆ³ que damos um novo giro ao desejo: o dirigimos para fora de nĆ³s, como se estivĆ©ssemos dando a outro. Em outras palavras, esta intenĆ§Ć£o de doaĆ§Ć£o, converte o nosso desejo em um condutor de prazer.


Se elevamos nosso desejo ao plano espiritual, em funĆ§Ć£o de doar, o prazer que sentimos nunca vai parar; continuarĆ” fluindo atravĆ©s de nosso desejo segundo nossa intenĆ§Ć£o. E nosso desejo poderĆ” seguir recebendo continuamente sem nunca chegar a saciar-se. E essa Ć© a fĆ³rmula para o prazer interminĆ”vel ou a felicidade duradoura.

Quando alguĆ©m aplica essa fĆ³rmula, passa em realidade por uma transformaĆ§Ć£o muito profunda e comeƧa a sentir diferentes tipos de prazer. A Cabala os chama “espirituais” e justamente sĆ£o eternos. A verdadeira felicidade se encontra ali na esquina, esperando que aprendamos como experimentĆ”-la, como agregar a intenĆ§Ć£o ao nosso desejo. Ao estudar a Cabala adquirimos esta nova intenĆ§Ć£o espiritual de maneira natural e comeƧamos a receber conforme o desejo da Natureza, ou seja, plenamente. E Ć© por isto que a “Cabala” significa “receber”, em hebraico, jĆ” que Ć© a sabedoria que justamente ensina-nos como receber o prazer duradouro.


A VOZ DA CABALA - Para quem busca expandir sua visĆ£o interna - Rav Dr. Michael Laitman, CAP. I pĆ”gs 53 a 56.

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