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Ampliando os limites da fertilidade

Com a criação de um novo tratamento para homens com insensibilidade do receptor de androgênio, médicos israelenses possibilitaram que um paciente se tornasse pai.
A terapia de testosterona melhorou a contagem e a qualidade dos espermatozoides de um homem israelense que sofria de infertilidade. Dois médicos israelenses que se propuseram a masculinizar um paciente com terapia de testosterona acabaram descobrindo uma nova mutação genética e ampliando os limites da fertilidade masculina. Tudo começou há oito anos quando um jovem israelense entrou no consultório da Dr. Karen Tordjman, professora da Faculdade de Medicina Sackler da Universidade de Tel Aviv. Sua namorada (hoje esposa) o convenceu a descobrir por que motivo seus órgãos genitais eram pequenos e tinham muitas cicatrizes.
Tordjman e seu colega da Sackler, Dr. Amnon Botchan, descobriram nos registros médicos que dois tios do paciente tinham sido diagnosticados com insensibilidade do receptor de androgênio – um distúrbio raro que resulta no corpo responder parcialmente aos hormônios androgênicos que estimulam o desenvolvimento sexual masculino. “Há centenas de mutações que têm sido relatadas no gene receptor de androgênio”, disse Tordjman. O jovem israelense, que havia servido em uma unidade da Marinha apesar de seu biotipo franzino, tinha uma mutação que não havia sido relatada previamente.
Em vez de seguir o protocolo padrão, Tordjman deu início a uma jornada médica pioneira que hoje pode mudar o tratamento para homens com o mesmo problema. “O tratamento foi oposto ao que parece óbvio ou natural”, diz ela. “Nós oferecemos o tratamento não para suas futuras capacidades reprodutivas, mas para a aparência dele. Nós não demos nenhuma garantia a ele, mas dissemos que iríamos tentar.” A sua pesquisa, recentemente publicada na revista Andrologia, pode, nas próximas gerações, levar a testes genéticos para a recém-descoberta mutação do receptor de androgênio para identificar os portadores.
Pai de uma filha pequena e de gêmeos
A infertilidade em homens com insensibilidade do receptor de androgênio é quase universal, mesmo em casos moderados, e ninguém com um caso tão grave como o do paciente israelense conseguiu gerar um filho. “A principal característica do problema é que eles são estéreis”, diz Tordjman. “Fazendo uma retrospectiva do caso em questão, era impensável que ele pudesse ser pai. Eles tiveram uma filha há dois anos e há alguns meses eles tiveram gêmeos, usando o esperma do pai”.
É realmente incrível que o casal tenha conseguido ter filhos através da injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) – o procedimento utilizado para superar os problemas de infertilidade masculina em que um único esperma é injetado diretamente em um óvulo. Em casos de insensibilidade androgênica completa, não há desenvolvimento sexual masculino. O resultado são homens que se parecem com mulheres por fora, mas que têm testículos dentro de seus corpos. Tais casos são muitas vezes diagnosticados somente durante a puberdade, quando os indivíduos desenvolvem seios e outras características sexuais femininas, mas não começam a menstruar.
Em casos de insensibilidade androgênica parcial, que varia de moderada à grave, os indivíduos nascem com genitália ambígua. Se os médicos chegam à conclusão de que criar genitália masculina cirurgicamente é inviável, eles tendem a atribuir o sexo feminino. O paciente de Tordjman, que relatou uma orientação heterossexual consistente, não tinha feito cirurgia de mudança de sexo e não tinha recebido tratamentos de androgênio para tentar melhorar o seu desenvolvimento sexual no nascimento. Mas ele tinha feito operações para corrigir malformações genitais aos três anos de idade e para remover tecido mamário durante a puberdade.
Quase tudo na literatura médica dizia a Tordjman que esse homem muito magro com rosto suave e traços femininos e delicados era um dos candidatos mais improváveis ​à paternidade. Mas ela achou que valia a pena tentar.
Cada esperma conta
Para ajudar seu paciente a adquirir traços mais masculinos conforme ele pediu, Tordjman o colocou em uma terapia de altas doses de testosterona. “Não fazia sentido dar a ele terapia de testosterona”, diz ela. “Homens com insensibilidade do receptor de androgênio produzem altos níveis de testosterona. Visto que o receptor é anormal, eles não conseguem colocá-lo em uso. No início não fazia muito sentido, mas nós tentamos com base em outro estudo.”
Após vários meses de injeções semanais, o paciente pareceu significativamente mais masculino. Ele ganhou nove quilos – na maior parte massa muscular – e pelos no rosto e no corpo. Sua voz, que sempre tinha sido aguda, não mudou. (A voz, diz Tordjman, é teimosamente resistente à terapia hormonal). Os tratamentos continuaram por quatro anos. O paciente e sua namorada se casaram e começaram a falar sobre formar uma família.
Antes da terapia, sua contagem de esperma era muito baixa. Mas ela aumentou junto com seus traços que mudaram. “O interessante é que a qualidade do esperma dele melhorou muito”, diz ela. “Isso reforçou a esperança de que ele conseguiria ser pai. Acho que eu estava mais animada do que ele.” Naquela época, Tordjman fez outra tentativa com pouca possibilidade de sucesso e encaminhou o casal para tratamento de fertilidade.
Quando Tordjman viu o paciente novamente vários anos depois, ele estava empurrando sua filhinha num carrinho de bebê. Há alguns meses, ela o viu segurando gêmeos recém-nascidos. As crianças têm uma chance de 50% de herdar uma mutação para insensibilidade do receptor de androgênio de um dos pais. Embora os pais normalmente tenham sido deixados de fora da equação, dada a esterilidade masculina associada ao distúrbio, este caso levará a uma reavaliação dessa teoria e incentivará o uso de testosterona e de tratamentos de fertilidade em homens com a doença, diz Tordjman.
“Não há nada de revolucionário no que nós fizemos. O dogma é que esses homens são inférteis”, diz ela. “Mas o meu recado é que não custa nada tentar. Em qualquer caso como este com insensibilidade androgênica parcial, mesmo que você não saiba onde no gene receptor de androgênio a mutação se encontra, vale a pena tentar o tratamento com testosterona. Não há nenhuma desvantagem.”
fonte: Israel21c e iTrade

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