Erev Tov Chaverim – Boa Tarde A Todos Os Amigos !!!
- artigo publicado na edição nº 325 da Tribuna Judaica
Rosh HaShaná. Chalot redondas. Maçãs e mel. Trocas de presentes. Sinagogas enfeitadas e lotadas. Roupas Novas. Todos os sinais de alegria de u m Novo Ano. Logo mais estaremos em 5775 e, obviamente, temos que festejar. Mas a sabedoria judaica nos encoraja a fazer algo muito mais profundo durante o mês que anuncia este ano novo, durante o mês de Elul, o judaísmo nos pede uma contabilidade da alma, cheshbon hanefesh.
Nossa introspecção pode ter um valor imenso nesta época de transformação, mas para isto acontecer, temos que voltar o olho para o interno de um modo profundo e honesto. Devemos examinar esse mundo interior da personalidade, pensamento, sabedoria e emoções, junto com nossa essência eternal, que é o que conhecemos com “alma”, e fazermos um rigoroso processo de contabilidade da alma para conseguirmos insights que nos levem às mudanças necessárias que são os próprios motivos dos Dias Intensos, ou Iamim HaNoraim.
Podemos simplesmente fazer uma lista mental das coisas que sabemos estarem erradas em nossas vidas. Fomos talvez arrogantes demais, gananciosos demais, esquecemos que ganhar dinheiro é um meio e não o objetivo final de nossas vidas; tratamos o outro como se fossem objetos sem perceber que cada ser humano pode nos trazer algo de bom na relação; acostumamo-nos às pequenas mentiras e transgressões, acalmando nossa mente ao comparar com os grandes pecados, sem perceber que, mesmo assim, nos tornamos transgressores.
Devemos também pensar sobre nossas forças e nossas fraquezas, de modo consciente, para perceber o que nos move ou o que nos domina. O que nos faz estourar numa situação, ou o que nos faz apreciar um belo dia… Não devemos ruminar sobre eventos que não são importantes, isto é uma contabilidade da alma; trata-se de uma leitura honesta e sem culpa de nós mesmos.
Toda vez que nos dispomos a fazer um trabalho destes, é uma oportunidade de mudarmos e de nos tornarmos seres humanos melhores e o incrível e que a tradição judaica oferece esta ferramenta em seu calendário.
Creio que comunitariamente, podemos também nos imaginar, como povo, fazendo um cheshbon hanefesh e tentar aprender com a guerra e como não chegar de novo em uma tragédia que nos deixe com 68 filhos mortos.
Certamente, para que isso aconteça, é necessário que os palestinos comecem a entender que seu fanatismo e seu ódio só podem levar a guerras e mais guerras e que os líderes de Israel também compreendam que é chegada a hora da paz genuína e da parceria na reconstrução.
O povo de Israel e principalmente aqueles que vivem perto de Gaza devem ter a oportunidade de viverem com a esperança de que esta foi a última guerra. Ninguém é obrigado a tolerar o que eles vivenciaram durante aqueles 50 dias. Mas devemos dar um basta à guerra.
A contabilidade de nossa alma comunitária deve nos indicar a coragem para assumir o caminho da paz, sem ódio mútuo. Que sejamos honestos em irmos além da geografia do medo, considerando nossa segurança, mas buscando a parceria da reconstrução, e não da destruição. Agora é o momento ideal para a paz.
Que não tenhamos mais que matar e morrer em nome de uma discórdia que ainda pode ser superada.
Que o pequeno Daniel Tregerman, de 4 anos, tenha sido a última criança morta por um foguete em Israel. Que possamos encontrar a linguagem da paz com os nossos vizinhos e com o mundo.
Le Shaná Tová Ticateimu VeTicateivu
Floriano Pesaro
Sociólogo e Vereador.
Obrigado pela leitura!!!
Pesquisa, tradução e edição: Vital Ben Waisermman.
Maringá, 08/10/2014 e Jerusalém, 14 Tishrei 5775…
Shalom Lé Kulam !!!