Israel convocará o embaixador sueco em Tel Aviv para protestar contra o anúncio, feito por Estocolmo, de que a Suécia reconheceria o Estado palestino.
O novo primeiro-ministro sueco, o social-democrata Stefan Löfven, declarou na sexta-feira em seu primeiro discurso no Parlamento que a Suécia será o primeiro membro da União Europeia a reconhecer a Palestina como Estado.
A reação israelense só foi divulgada após o fim da festa religiosa do Yom Kippur, no sábado à noite, quando o ministro de Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, criticou a Suécia por se preocupar com os palestinos e não "com outros problemas mais urgentes, como as matanças no Iraque e na Síria". Na ofensiva israelense contra a Faixa da Gaza, concluída há pouco mais de um mês, morreram mais de 2.100 palestinos, três quartos deles civis. Israel registrou 71 mortes na operação militar, quase todas militares.
O anúncio do novo primeiro-ministro sueco chegou pouco depois de os Estados Unidos e a União Europeia criticarem, em uníssono, a construção de 2.600 novas moradias para judeus entre Jerusalém Oriental e Belém, nos territórios palestinos ocupados por Israel. A porta-voz de Relações Exteriores dos EUA, Jen Psaki, alertou recentemente que a nova expansão das colônias judias poderia "distanciar Israel até mesmo de seus aliados mais próximos".
O presidente da Autoridade Nacional a Palestina, Mahmud Abbas, prepara uma ofensiva diplomática em busca do reconhecimento de um Estado palestino que respeite a divisão territorial prévia à guerra de 1967. De acordo com esse plano, o novo Estado seria estabelecido unilateralmente no final de 2016 e teria sua capital em Jerusalém Oriental, ocupada pelo Exército israelense. A construção dos novos assentamentos judeus junto à capital pretendida pelos palestinos será um novo obstáculo para qualquer acordo duradouro entre os dois lados. A última rodada de negociações terminou em abril sem sombra de entendimento. Em julho, Israel lançou uma operação militar em Gaza para debilitar o grupo islâmico Hamas, que controla a Faixa desde a curta guerra civil palestina de 2007.
Os limites territoriais de Gaza estão claramente demarcados por alambrados e muros levantados por Israel, que cerca o minúsculo earruinado território com a colaboração entusiasmada do regime golpista que governa o Egito desde 2013. A Cisjordânia ocupada, por outro lado, é o que a direita e a extrema direita israelense – ou seja, boa parte do espectro político do país – e seus simpatizantes internacionais descrevem como um "território em disputa". Apesar das resoluções das Nações Unidas, a Cisjordânia sofre mordidas periódicas de colonos que expandem lentamente o território sob controle administrativo direto de Israel.
A dirigente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hanan Ashrawi, comemora em um comunicado o reconhecimento da Palestina por parte da Suécia: "Condicionar o reconhecimento do Estado palestino ao resultado de negociações com Israel equivale a convertê-lo em uma prerrogativa israelense".
Israel permitiu no domingo a saída de várias centenas de moradores de Gaza maiores de 60 anos, através do posto fronteiriço de Erez, para rezarem em Jerusalém durante a Festa do Sacrifício muçulmana. É a primeira vez, desde o início do bloqueio em 2007, que se autoriza a viagem de tantos moradores de Gaza a Jerusalém. Segundo fontes israelenses, o total chega a 500.