Turistas enchem ruas de Budapeste durante Festival Judaico de Verão.
O Festival Judaico de Verão de Budapeste tem vindo a afirmar-se com uma das grandes atrações turísticas da cidade.
Todos os anos, o festival reúne o melhor da tradição e da cultura judaica, da Música às artes plásticas, passando pela gastronomia.
A edição 2014 fica marcada pela comemoração dos 70 anos do holocausto. A data é assinalada com uma exposição na principal sinagoga da cidade.
“Pedimos aos rabis, aos bispos e a vários teólogos para escrever uma oração intitulada ‘Depois de Auschwitz’. Queríamos ter criações de artistas contemporâneos. As obras mostram que é possível ter uma colaboração entre religiões e nações”, afirmou o teólogo Adam Galambos, comissário da exposição.
Até à Segunda Guerra Mundial, o bairro judaico foi uma importante zona comercial da cidade.
Após um longo período de declínio, as ruas voltaram a encher-se de gente, nos últimos quinze anos.
O bairro tornou-se uma zona de diversão noturna recheada de bares e restaurantes.
A Budapest Klezmer Band é uma das presenças assíduas do festival.
“Normalmente, há três ou quatro mil pessoas no concerto, judeus e não só. Eles recebem este tesouro cultural judaico e o público volta para casa mais rico”, garantiu o pianista Ferenc Javori.
Além da arte, da música e da animação, a gastronomia é um dos pontos altos do festival.
“Flodni é um bolo tradicional judaico húngaro servido nas festas religiosas. O mais importante neste bolo é o facto de ele ter a alma das avózinhas ídiche. É feito com os melhores ingredientes. Se olhar para as diferentes camadas, pode ver as sementes de papoila, a maça, as nozes e o doce de ameixa”, explicou Rachel Raj, uma das grandes especialistas da gastronomia judaico-húngara.
Todos os anos, o evento atrai numerosos turistas de vários pontos do mundo, nomeadamente dos Estados Unidos: pessoas com origens judaicas, curiosas por conhecerem um pedacinho da cultura dos antepassados.
“Estou muito feliz por poder participar neste festival. A minha família tem um passado judeu.
Por isso é fantástico estar aqui e usufruir de uma cultura que tem a ver com uma parte da minha família”, disse uma turista norte-americana.
Stanley Sperber dirigiu o concerto do Coro da Academia de Música de Câmara de Jerusalém.
“Para nós, é uma enorme honra estar aqui. Há anos que ouvíamos falar deste festival. Graças ao George Adam, que é pai de um dos cantores foi possível estabelecer o contacto com um festival e fomos convidados a participar”, contou o maestro.
Foram precisos vários anos para integrar o evento na agenda cultural da cidade. Hoje em dia, é notória a mudança de mentalidades em relação ao festival.
“Quando o festival começou era difícil fazer publicidade na rádio ou com cartazes. A palavra judeu tinha um sentido pejorativo. Mas as coisas mudaram e a palavra judeu passou a ser sinónimo de uma bela cultura”, sublinhou Vera Vadas, diretora do evento.
O Festival Judaico de Verão termina a 7 de setembro em Budapeste.