Lior Ben Dor, ministro da Embaixada de Israel no Brasil
O principal ponto para um cessar-fogo duradouro que resulte em tranquilidade e segurança é a desmilitarização de Gaza. Isto significa tirar deste território todas as armas ilegais e criar uma força policial, como ocorre na Cisjordânia, que se encarregará de estabelecer a ordem e a lei dentro de Gaza. Para haver qualquer trégua permanente, é necessário garantir que os terroristas em Gaza não escondam armas em escolas da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) ou em hospitais ou em casas onde moram famílias de palestinos que não querem ser parte da guerra.
Além disso, é necessário garantir que terroristas não cavem mais tuneis para se infiltrar em Israel. Essa opinião não é apenas a minha. O chanceler egípcio Sameh Shukri falou claramente da importância das garantias para evitar nova escalada militar no futuro. O Egito, que compartilha uma fronteira com Gaza, quer afastar terroristas do Hamas da fronteira de Rafah para frear o contrabando de armas e mísseis iranianos.
Vale lembrar que em 2007, monitores europeus encarregados do controle da fronteira de Gaza com o Egito foram expulsos de lá brutalmente pelo Hamas. É fundamental que o controle dessa fronteira seja retirado das mãos do Hamas. O Hamas pede abertamente a destruição de Israel. Para este grupo, não é suficiente estabelecer um estado palestino que viva em boa vizinhança com Israel. Eles não descansarão enquanto não aniquilarem o meu país. Israel vive sob a ameaça de aproximadamente 12.000 mísseis nas mãos do Hamas, parte deles destruídos na operação "Margem Protetora".
O Hamas preconiza que a solução do conflito entre israelenses e palestinos é a destruição do Estado de Israel, por intermédio da Jihad, o terrorismo, o extremismo e a luta armada. O terrorismo do Hamas é responsável por mais de 80 ataques suicidas contra Israel e sua população civil nos últimos anos, com o triste resultado de mais de mil israelenses assassinados e outros milhares feridos.
Meus amigos que moram em Israel me contam diariamente o quanto é intolerável viver sob o medo e a ameaça dos mísseis do Hamas. Esteja onde estiver, dirigindo, caminhando na rua, fazendo compras; quando soa o alarme, é preciso correr e procurar abrigo. Paralelamente à desmilitarização de Gaza, será necessário unir esforços internacionais para a reconstrução da região. Também se faz primordial estabelecer um mecanismo de controle e supervisão com o objetivo de garantir que qualquer mercadoria ou produto que entre em Gaza seja destinado para esta reconstrução, e não para a máquina militar do Hamas.
A cooperação regional é uma chave para o sucesso. Egito, Jordânia, Mahmoud Abbas e até mesmo a Arábia Saudita, que não tem relações com Israel, são atores importantes no processo de estabilização de Gaza. A ideia é que, além do desarme e restauração da região, se renove o processo político e as tratativas diplomáticas para fortalecer a aliança dos moderados. Israel sempre quis a paz e a segurança, tanto para seus cidadãos quanto para seus vizinhos, árabes em geral e os palestinos em particular. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu concorda com a necessidade de integrar a autoridade palestina chefiada por Mahmoud Abbas nas operações da restauração de Gaza e dos arranjos da segurança.
Há nove anos, quando saímos completamente de Gaza, desejávamos também que os palestinos tomassem a oportunidade para construir um novo futuro. Mas, lamentavelmente, o Hamas preferiu construir túneis e depósitos subterrâneos de armas com o claro objetivo de atacar Israel.
O Hamas investiu parte importante da assistência internacional em mísseis, foguetes e atos terroristas, ao invés de proteger, melhorar a situação econômica, social e condições de vida da população palestina sob seu controle. Hoje, após mais uma retirada de nossas tropas, resta-nos saber qual caminho eles escolherão.
Se os palestinos abandonarem as armas, não haverá nenhuma necessidade de Israel utilizar seu direito de defender as vidas dos israelenses. Espero e acredito que mais e mais palestinos entenderão que Israel procura a paz e a boa vizinhança com eles, e isso não poderá ser atingido enquanto o Hamas preferir a guerra.